Vipera

gênero de víboras venenosas

Vipera é um género de víboras venenosas. Tem ampla distribuição geográfica, podendo ser encontrado desde o Norte da África até ao Círculo Polar Ártico e desde a Grã-Bretanha até à região Ásia-Pacífico.[3] Esta designação é possivelmente derivada dos termos latinos vivus e pario, significando "vivo" e "dar à luz" ou "parir"; provavelmente uma referência ao facto de a maioria das víboras dar à luz juvenis vivos.[4] Actualmente são reconhecidas 23 espécies.[5]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaVipera
Víbora-áspide, V. aspis
Víbora-áspide, V. aspis
Classificação científica
Reino:Animalia
Filo:Chordata
Classe:Reptilia
Ordem:Squamata
Família:Viperidae
Género:Vipera
Laurenti, 1768
Sinónimos [1]
  • Vipera Laurenti, 1768
  • Pelias Merrem, 1820
  • Chersea Fleming, 1822
  • Rhinaspis Bonaparte, 1834
  • Rhinechis Fitzinger, 1843
  • Echidnoides Mauduyt, 1844
  • Mesocoronis A.F. Reuss, 1927
  • Teleovipera A.F. Reuss, 1927
  • Acridophaga A.F. Reuss, 1927
  • Mesovipera A.F. Reuss, 1927
  • Mesohoronis A.F. Reuss, 1927
  • Mesohorinis A.F. Reuss, 1927
  • Latastea A.F. Reuss, 1929
  • Tzarevcsya A.F. Reuss, 1929
  • Latasteopara A.F. Reuss, 1935
Nomes-comuns: víboras-paleárticas,[2] víboras-eurasiáticas.[3]

Descrição

Os membros deste género tendem a ser corpulentos e de tamanho pequeno, o maior deles, V. ammodytes, pode atingir um comprimento máximo de 95 cm e o menor, V. monticola, atinge um comprimento máximo de 40 cm.
As cabeças dos membros deste género são claramente separadas do corpo, de forma triangular e na maioria das espécies cobertas por pequenas escamas, embora nalgumas espécies, notavelmente V. berus, tenham pequenas placas no cimo das suas cabeças. Estas víboras do Velho Mundo tendem a ter uma única escama nasal que pode por vezes estar fundida com uma escama pré-nasal como no caso de V. albicornuta. A maioria das espécies tem grandes escamas supra-oculares que tendem a estender-se para além da margem posterior do olho. Algumas espécies têm também algum tipo de "chifre" na cabeça, atrás da escama nasal ou por detrás das escamas supra-oculares.
A cor e camuflagem dos membros deste género variam muito, desde fundo cinzento com faixas transversas castanho-escuro no caso V. albizona até cores mais acastanhadas com faixas transversas cinzentas com orlas negras como no caso de V. ammodytes.[3]

Distribuição geográfica

Podem ser encontradas por todo o Velho Mundo, daí o nome-comum deste género, "Víboras do Velho Mundo". Podem ser encontradas sobretudo na Europa, desde Portugal até à Turquia. Também podem ser encontradas em algumas ilhas do Mar Mediterrâneo (Sicília, Elba e Montecristo), no Reino Unido. Podem ser também encontradas na região africana do Magrebe com espécies que vivem em Marrocos (V. monticola) e parte do norte da Argélia e Tunísia no caso de V. latastei. Muitas espécies podem também ser encontradas nas Montanhas do Cáucaso, em partes do Iraque, Jordânia, Israel e Síria. Apenas uma espécie até ao momento encontrada (V. berus) vive na Ásia Oriental (Coreia do Norte, China setentrional, e norte da Mongólia[3].

Habitat

A maioria das espécies prefere ambientes mais frescos. Aquelas encontradas em latitudes mais baixas tendem a preferir zonas de maior altitude e habitats mais secos e rochosos, enquanto que as espécies que ocorrem em latitudes mais setentrionais preferem elevações mais baixas e ambientes mais húmidos e com mais vegetação.[3]

Comportamento

Todas as espécies são terrestres.[3]

Reprodução

Todos os membros são vivíparos, dando à luz juvenis vivos.[3]

Veneno

A maioria das espécies de Vipera produz um veneno que contém componentes neurotóxicos e hemotóxicos. A gravidade das mordeduras é muito variável.
V. ammodytes é provavelmente a que possui o veneno mais tóxico. Num estudo envolvendo somente ratos, Brown (1973) demonstra que LD50 é aproximadamente 1.2/mg/kg IV, 1.5 mg/Kg quando injetado no peritoneu (IP) e 2.0 mg/kg quando administrado subcutaneamente (SC).[6]
O veneno de V. berus é considerado o menos tóxico, (Minton, 1974) sugere que os valores de LD50 para ratos são aproximadamente 0.55 mg/kg IV, 0.80 mg/kg IP e 6.45 mg SC.[7] O volume de veneno produzido tende a ser menor nesta espécie, citando Minton 10–18 mg por mordedura em espécimes de 48–62 cm enquanto Brown sugere apenas 6 mg para espécimes do mesmo tamanho.
Contudo, as mordeduras de espécies de Vipera raramente são tão graves como as do géneros maiores Macrovipera ou Daboia.[3]

Espécies

ImagemEspécies[1]Autoridade[1]Subsp.*Nome-comumDistribuição geográfica[1]
V. albicornutaNilson & Andrén, 19850Víbora-de-montanha-iranianaVale de Zanjan e montanhas vizinhas no noroeste do Irão.
V. albizonaNilson, Andrén & Flärdh, 19900Víbora-de-montanha-da-turquia-centralTurquia Central
V. ammodytes(Linnaeus, 1758)4Víbora-cornudaNoreste da Itália, sul da Eslováquia, oeste da Hungria, Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Albânia, República da Macedónia, Grécia, Roménia, Bulgária, Turquia, Geórgia e Síria.
V. aspisT(Linnaeus, 1758)4Víbora-áspideFrança, Andorra, nordeste da Espanha, extremo sudoeste da Alemanha, Suíça, Mónaco, ilhas de Elba e Montecristo, Sicília, Itália, San Marino e noroeste da Eslovénia.
V. baraniBöhme & Joger, 19840Víbora-de-baranNoroeste da Turquia
V. berus(Linnaeus, 1758)2Víbora-europeia-comumDesde a Europa Ocidental (Grã-Bretanha, Escandinávia, França, passando pela Europa Central (Itália, Albânia, Bulgária e norte da Grécia) e Europa Oriental até a norte do Círculo Polar Ártico, Rússia e Oceano Pacífico, Ilha Sacalina, Coreia do Norte, norte da Mongólia e norte da China.
V. bornmuelleriF. Werner, 18980Víbora-de-bornmuellerMontes Golan, sul do Líbano e Síria.
V. bulgardaghicaNilson & Andrén, 19850Víbora-de-bulgardaghMontanhas Bulgar Dagh, Província de Niğde, centro-sul da Anatólia, Turquia.
V. darevskiiVedmederja, Orlov & Tuniyev, 19860Víbora-de-darevskySudeste das Montanhas Dzavachet na Arménia e áreas adjacentes na Geórgia.
V. dinnikiNikolsky, 19130Víbora-de-dinnikRússia (Montanhas do Cáucaso) e Geórgia (bacia de alta montanha do rio Inguri), para leste até ao Azerbaijão.
V. kaznakoviNikolsky, 19090Víbora-do-cáucasoNordeste da Turquia, Geórgia, e Rússia (costa oriental do Mar Negro).
V. latasteiBoscá, 18781Víbora-cornudaSudoeste da Europa (França, Portugal e Espanha) e noroeste da África (região mediterrânica de Marrocos, Argélia e Tunísia).
V. latifiiMertens, Darevsky & Klemmer, 19670Víbora-de-latifiIrão: Vale de Lar na Cordilheira Elburz
V. lotieviNilson et al., 19950Víbora-dos-prados-do-cáucasoAs montanhas mais altas do Grande Cáucaso: Rússia, Geórgia e Azerbaijão.
V. monticolaSaint-Girons, 19540Víbora-dos-montes-atlasAlto Atlas, Marrocos.
V. nikolskiiVedmederja, Grubant & Rudajewa, 19860Víbora-de-nikolskyUcrânia central.
V. orlovi[8]Tuniyev & Ostrovskikh, 20010Víbora-de-Orlov[9]Cáucaso Ocidental
V. palaestinaeF. Werner, 19380Víbora-da-palestinaSíria, Jordânia, Israel e Líbano.
V. ponticaBilling, Nilson & Sattler, 19900Víbora-pônticaConhecida somente no vale de Coruh, província de Artvin, nordeste da Turquia.
V. raddeiBoettger, 18900Víbora-das-pedrasTurquia Oriental, noroeste do Irão, Arménia, Azerbaijão, e provavelmente Iraque.
V. seoaneiLataste, 18791Víbora-de-seoaneExtremo sudoeste da França, e regiões setentrionais de Espanha e Portugal.
V. ursinii(Bonaparte, 1835)0Víbora-dos-pradosSudeste da França, Áustria oriental (extinta), Hungria, Itália central, Croácia, Bósnia e Herzegovina, norte e nordeste da Albânia, Roménia, norte da Bulgária, Grécia, Turquia, noroeste do Irão, Arménia, Azeerbaijão, Geórgia, Rússia e estepes do Cazaquistão, Quirguistão e Uzbequistão oriental até à China (Xinjiang).
V. wagneriNilson & Andrén, 19840Víbora-de-montanha-oceladaMontanhas do leste da Turquia e noroeste do Irão.
V. xanthina(Gray, 1849)0Víbora-das-pedrasExtremo nordeste da Grécia, ilhas gregas de Simi, Cós, Calímnos, Leros, Lipsos, Patmos, Samos, Quios e Lesbos, Trácia Oriental, metade ocidental da Anatólia, e ilhas da plataforma continental da Turquia (e.g. Halki, Castelorizo [Meis Adasi]).

* Sem incluir a espécie nominativa.T: espécie-tipo

Ver também

Referências

Leitura adicional

  • Arnold EN, Burton JA. 1978. A Field Guide to the Reptiles and Amphibians of Britain and Europe. London: Collins. 272 pp. ISBN 0-00-219318-3. (Genus Vipera, pp. 211, 214.)
  • Boulenger GA. 1896. Catalogue of the Snakes in the British Museum (Natural History). Volume II., Containing the...Viperidæ. London: Trustees of the British Museum (Natural History). (Taylor and Francis, printers.) xiv + 727 pp. + Plates I.- XXV. (Genus Vipera, pp. 471–472.)
  • Laurenti JN. 1768. Specimen medicum, exhibens synopsin reptilium emendatam cum experimentis circa venena et antidota reptilium austriacorum. Vienna: "Joan. Thom. Nob. de Trattern". 214 pp. + Plates I.- V. (Genus Vipera, p. 99.)

Ligações externas

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