Tempestade tropical Alma

 Nota: Se procura outros ciclones tropicais chamados Alma, veja Furacão Alma.

Tempestade tropical Alma
imagem ilustrativa de artigo Tempestade tropical Alma
Tempestade tropical Alma aproximando-se de Nicarágua em 29 de maio
História meteorológica
Formação29 de maio de 2008
Dissipação30 de maio de 2008
Tempestade tropical
1-minuto sustentado (SSHWS/NWS)
Ventos mais fortes65 mph (100 km/h)
Pressão mais baixa994 mbar (hPa); 29.35 inHg
Efeitos gerais
Fatalidades4 direto, 7 indiretos
Danos$35 milhão (2008 USD)
Áreas afetadasAmérica Central
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Parte da Temporada de furacões no Pacífico de 2008

A tempestade tropical Alma foi o ciclone tropical que se formou mais a leste do que qualquer outro ciclone tropical na bacia do Oceano Pacífico nordeste na história registrada. Alma também foi o primeiro ciclone tropical a atingir a Nicarágua pela sua costa Pacífica. A tempestade foi o primeiro ciclone tropical e a primeira tempestade nomeada da temporada de furacões no Pacífico de 2008. Alma formou-se de um cavado associado à zona de convergência intertropical ao largo da costa oeste da Costa Rica em 29 de Maio. Inicialmente previsto permanecer como uma fraca tempestade tropical, o ciclone fortaleceu-se rapidamente e uma estrutura semelhante a um olho formou-se antes de Alma fazer landfall perto de León, Nicarágua, durante seu pico de intensidade, com ventos máximos sustentados de 100 km/h.

Alma provocou fortes chuvas ao longo da costa Pacífica da América Central, especialmente em Nicarágua e em Honduras. A tempestade também provocou enchentes e deslizamentos de terra, além de deixar cerca de 42.000 pessoas sem o fornecimento de eletricidade. Duas pessoas morreram na Nicarágua, uma por afogamento e outra por eletrocutação, enquanto outras oito morreram indiretamente devido a um acidente de avião nas Honduras.

História meteorológica

O caminho de Alma

Durante o final do mês de Maio de 2008, modelos computadorizados de previsão de furacões previram o desenvolvimento de uma grande área de baixa pressão sobre o sudoeste da América Central.[1] Em 26 de Maio, um grande cavado estendia-se entre o sudoeste do mar do caribe, cruzando a Costa Rica e o leste do Oceano Pacífico, formando uma grande área de baixa pressão sobre a região.[2] Áreas não contínuas de convecção se formaram, parcialmente em associação com a zona de convergência intertropical.[1] Localizada numa área de fracas correntes de vento, a recém-formada perturbação tropical continuou quase estacionária e em 27 de Maio, a sua atividade de temporais aumentou em organização.[3] Inicialmente, o sistema se consistia de vários giros ciclônicos, dos quais uma, que estava mais bem estabelecida, estava localizada a cerca de 550 km a oeste-sudoeste de San José, Costa Rica.[4] O sistema gradualmente ficou mais bem definido e, com uma circulação ciclônica de baixos níveis e uma estrutura convectiva bem estruturada, o Centro Nacional de Furacões (NHC) classificou o sistema como a depressão tropical Um-E às 03:00 (UTC) de 29 de Maio. Naquele momento, o centro da depressão localizava-se a cerca de 165 km a oeste-noroeste de Cabo Blanco, Costa Rica.[5]

Com uma área de alta pressão de médios níveis localizada no Golfo do México, a depressão começou a seguir para o norte, adentrando numa área com cisalhamento do vento baixo e águas quentes. Inicialmente, suas áreas de convecção associadas era fracas e confinadas em algumas bandas de tempestade a uma distância considerável do centro da circulação. Devido a isso, não era esperado o fortalecimento do sistema e era apenas previsto que o sistema alcançasse a força de uma tempestade tropica mínima.[5] No entanto, o sistema desenvolveu rapidamente áreas de temporais perto do centro da circulação com uma grande área de convecção no semicírculo meridional da circulação e às 15:00 (UTC) de 29 de Maio, o NHC classificou a depressão como a tempestade tropical Alma. Naquele momento, o centro da tempestade estava localizada a 85 km a sudoeste de Manágua, Nicarágua. Naquele momento, o sistema apresentava ventos máximos sustentados de 75 km/h e era previsto que a tempestade iria apenas se fortalecer ligeiramente antes de tocar na costa.[6] No entanto, uma hora depois da tempestade tropical Alma ter se tornado uma tempestade tropical, o NHC reavaliou seus ventos máximos sustentados para 100 km/h, citando observações atualizadas do satélite QuikSCAT.[7] Uma estrutura semelhante a um olho formou-se no centro da circulação ciclônica, rodeada por um anel muito tênuo de convecção e[8] por volta das 19:00 (UTC) de 29 de Maio, Alma fez landfall perto de León, como uma forte tempestade tropical.[9] A tempestade enfraqueceu-se rapidamente após tocar terra, embora uma pequena área de tempestades persistiu em associação à tempestade, assim que Alma seguia pela região montanhosa do sul de Honduras.[10] Após passar perto de Tegucigalpa, Alma enfraqueceu-se numa depressão tropical[11] e por volta das 15:00 (UTC) de 30 de Maio, o ciclone degenerou-se numa área de baixa pressão remanescente perto da fronteira de Honduras com a Guatemala.[12] Em 31 de Maio, após cruzar a América Central, as áreas de convecção associadas à área de baixa pressão remanescente de Alma ajudaram na formação da primeira tempestade tropical da temporada de furacões no Atlântico de 2008, a tempestade tropical Arthur.[13] Somente na Costa Rica, os danos foram estimados em $30 milhões de dólares (valores em 2008).[14]

Preparativos e impactos

Imagem de satélite de Alma pouco antes de se tornar uma tempestade tropical

Coincidindo com o primeiro aviso sobre a recém-formada depressão, o governo de Costa Rica emitiu um aviso de tempestade tropical para toda a costa pacífica do país.[15] Cerca de quatro horas de Alma atingir a costa, por volta do momento em que o NHC classificou o sistema como uma tempestade tropical, um aviso de tempestade tropical ficou em efeito para as costas pacíficas de Nicarágua, Honduras e El Salvador.[16] Quando o NHC disse que a tempestade estava mais forte do que anteriormente, um aviso de furacão ficou em efeito para as costas pacíficas de Honduras e Nicarágua.[17] Naquele momento, o NHC previu que Alma poderia se tornar um furacão antes de atingir a costa.[7] Pouco antes de Alma fazer landfall, o NHC alertou que a tempestade poderia produzir chuvas torrenciais, cuja precipitação poderia passar de 500 mm em algumas áreas, resultando em correntes de lama e enxurrada.[16] A Comissão Nacional de Emergência da Costa Rica ativou abrigos emergênciais antes da chegada da tempestade; 250 pessoas em Parrita saíram de suas residências.[18] Na Nicarágua, as autoridades retiraram cerca de 5.000 pessoas, enquanto que 3.000 soldados foram mobilizados para assistir as pessoas após a passagem da tempestade.[19]

Após atingir a costa, a tempestade tropical Alma produziu chuvas moderadas a fortes sobre a América Central. A cidade de David, na província de Chiriquí, no oeste do Panamá relatou 141 mm de chuva em 48 horas. Além disso, a capital de Costa Rica, San José relatou 78 mm de chuva também num período de 48 horas.[20] Na Costa Rica, a precipitação deixou rios transbordados, ameaçando 17 comunidades. As fortes chuvas também causaram correntes de lama generalizadas, que fecharam no mínimo oito rodovias. A tempestade derrubou árvores e postes, deixando cerca de 42.000 pessoas em eletricidade.[18]

Em León, perto de onde o centro da tempestade tocou a costa, a passagem de Alma deixou a cidade sem o fornecimento de eletricidade. Vários prédios foram destruídos na cidade e algumas rodovias foram danificadas. Boa parte dos departamentos de León e Chinandega experimentaram interrupções no fornecimento de eletricidade devido aos fortes ventos. Uma pessoa morreu eletrocutada quando esta tocou uma linha de alta tensão caída.[18] Ao largo da costa, uma pessoa morreu afogada quando o bote onde estava virou pelas fortes ondas.[21] Em Tegucigalpa, Honduras, um avião deslizou para fora da pista quando aterrissava devido à água na pista deixada pela passagem de Alma, matando oito passageiro e deixando outras 80 feridas[22]

Recordes

Formando-se a 86,5°O,[5] Alma desenvolveu-se mais a leste do que qualquer outro ciclone tropical do Pacífico na história. Excluindo-se os sistemas que cruzaram a América Central vindos do Atlântico, apenas seis ciclones tropicais do Pacífico, Francesca em 1970, Bridget e Priscilla em 1971, Jimena em 1979, Cristina em 1996 e Rosa em 2000, formaram-se a leste da longitude 90°O.[23] Alma fez landfall mais a leste do que qualquer outro ciclone tropical do Pacífico. Alma também foi o único ciclone tropical a atingir a Nicarágua pela sua costa pacífica.[10] Quando Alma formou-se em 29 de Maio, marcou o nono ano seguido de formação de um ciclone tropical no mês de Maio no Pacífico nordeste. A sequência de nove anos marca a mais longa sequência de formação de um ciclone tropical no mês de Maio no Pacífico nordeste em toda a história.[23] A área de baixa pressão remanescente contribuiu para a formação da tempestade tropical Arthur no Oceano Atlântico; embora não fosse realmente o mesmo ciclone, pois a circulação ciclônica de baixos níveis de Alma tinha se dissipado nas regiões montanhosas de Honduras e Guatemala antes da formação de Arthur.[13] Alma também é o mais recente ciclone tropical a atravessar a América Central e ajudar na formação de outro ciclone tropical no Oceano Atlântico. A última vez que isso tinha ocorrido foi em 1989, quando as áreas de convecção remanescentes do furacão Cosme cruzaram a América e tornaram-se a tempestade tropical Allison em junho daquele ano.[24]

Ver também

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Referências