Soyuz MS-10

missão espacial russa

Soyuz MS-10 foi uma missão espacial russa e o 139° voo de uma nave Soyuz, abortada pouco depois do lançamento no dia 11 de outubro de 2018,[1][2] devido a uma falha do propulsor do foguete Soyuz-FG que a transportava.[4] Tinha o objetivo de levar dois membros da Expedição 57 à Estação Espacial Internacional. Poucos minutos após a decolagem, a nave entrou em modo de abortagem de contingência devido a uma falha no propulsor e teve de retornar à Terra. Quando da abortagem da missão, o sistema de escape no lançamento (LES) na ponta do conjunto já havia sido ejetado e a cápsula foi expelida do foguete usando os motores reservas da coifa.[5]

Soyuz MS-10
Insígnia da missão
Soyuz MS-10
Informações da missão
Sinal de chamadaBurlak
OperadoraRoscosmos
FogueteSoyuz-FG
EspaçonaveSoyuz MS (11F747)
Número de tripulantes2
Base de lançamentoBaikonur Pad 1/5
Lançamento11 de outubro de 2018, 08:40:15 UTC[1][2][3]
Cosmódromo de Baikonur, Casaquistão
Aterrissagem11 de outubro de 2018, 08:59:56 UTC [3]
Ulytau, Cazaquistão.[3]
Duração19m 40s[3]
Inclinação orbital51,6°[3]
Imagem da tripulação
Ovchinin e Hague
Ovchinin e Hague
Navegação
Soyuz MS-09
Soyuz MS-11
Começa a desintegração do foguete.

Os dois tripulantes da espaçonave, o comandante russo Aleksei Ovchinin e o engenheiro de voo norte-americano Nick Hague, foram resgatados vivos e ilesos.[4] A abortagem da MS-10 foi a segunda vez em que um foguete tripulado russo sofreu um incidente nos propulsores, 35 anos após a Soyuz T-10-1, que explodiu na base de lançamento em setembro de 1983; naquela ocasião os pilotos também foram expelidos e sobreviveram.[6][7] No dia 1 de novembro de 2018, os cientistas russos lançaram um vídeo da missão envolvendo o foguete Soyuz-FG, que resultou na destruição do mesmo.[8]

Tripulação

PosiçãoCosmo/Astronauta
Comandante Aleksei Ovchinin
Engenheiro de voo 1 Nick Hague

Nota:

  • O cosmonauta Nikolai Tikhonov foi designado para fazer seu primeiro voo na nave junto com Ovchnin e Hague e integrar a Expedição 57, mas foi removido da tripulação devido aos atrasos para lançar o módulo-laboratório russo Nauka. Essa foi a segunda vez que Tikhonov foi substituído de uma tripulação da ISS por tal razão.[9][10]

Insígnia

O desenho triangular da insígnia mostra a espaçonave em órbita terrestre. Por trás da superfície azul do planeta, os elementos das bandeiras russa e americana enfatizam o caráter internacional da missão espacial. As três estrelas, parte da bandeira dos Estados Unidos, remetem ao terceiro integrante do voo, Nicolai Tikhonov, excluído dela posteriormente à criação da marca. Ao fundo, no espaço profundo, aparece a silhueta de uma coruja, simbolizando a sapiência científica que as pesquisas a serem feitas na ISS proporcionará. A estação espacial é mostrada em amarelo à esquerda. Ao lado direito da coruja, a Lua simboliza a direção do sonho humano no futuro, via Lua para o espaço profundo. O símbolo da Roskosmos é colocado no topo direito do emblema, com o nome dos tripulantes logo abaixo. No centro da insígnia, o nome da espaçonave.[11]

Lançamento

Poucos minutos após a decolagem, que ocorreu às 08:40 UTC, a tripulação relatou sentir falta de peso e o controle da missão declarou que o propulsor havia falhado. De acordo com Sergei Krikalev da Roscosmos, a causa primária da falha foi uma colisão ocorrida durante uma separação do primeiro e segundo estágios do foguete. "Um desvio da trajetória padrão ocorreu e aparentemente a parte inferior do foguete desintegrou-se," ele disse.[12] Pouco depois, uma contingência foi declarada e a nave carregando a tripulação realizou uma separação de emergência, retornando à Terra numa trajetória balística, durante a qual a tripulação experimentou "cerca de seis a sete vezes a gravidade da Terra", seguida de um pouso bem sucedido.[13] A abortagem ocorreu a altitude de aproximadamente 50 km;[14] a nave atingiu um apogeu de 93km antes de pousar, 19 minutos e 41 segundos após o lançamento.[15]

Resgate

As 08:55 UTC (14:55 hora local), a Equipe de Busca e Resgate foi enviada para resgatar a tripulação e a nave, que havia pousado a 402 km da plataforma de lançamento, 20 km ao leste de Dzhezkazgan, no Cazaquistão.[16] Aproximadamente 25 minutos após o acionamento das equipes de resgate, a NASA anunciou estar em contato com Ovchinin e Hague. A NASA TV transmitiu imagens da tripulação passando por testes médicos e aparentemente saudáveis no Aeroporto de Dzhezkazgan às 12:04 UTC.[17] Após liberados, a tripulação retornou ao Cosmódromo de Baikonur para se encontrar com seus familiares[18] antes de irem à Moscou.[19]

Alguns dias depois, Hague e Ovchinin explicaram mais detalhes sobre o incidente. O cosmonauta russo disse que sentiu uma enorme pressão sobre seu corpo durante a reentrada, como se tivessem colocado sobre si um enorme bloco de cimento. Hague relatou que foi sacudido violentamente durante a reentrada anormal.[20]

Consequências

Em seguida ao voo espacial abortado, o governo russo anunciou que todos os futuros lançamentos da Soyuz estavam suspensos. A Agência Espacial Russa ordenou uma investigação de Estado completa sobre o incidente,[21] e a BBC relatou que uma investigação criminal também era esperada.[22] Poucas semanas antes do lançamento fracassado, outra investigação havia começado para descobrir como um buraco foi perfurado na parede da cápsula Soyuz MS-09 descoberto enquanto ela estava acoplada na Estação Espacial Internacional.[23]

Depois de coletar os destroços do foguete, a Comissão começou sua investigação no dia 15 de outubro de 2018.[24] Inicialmente, suspeitaram que um cabo defeituoso que ligava o propulsor do primeiro estágio fosse o culpado, mas dois dias depois a Comissão concentrou-se na sequência de produção do foguete Soyuz e marcou o final da investigação para o dia 21 de outubro.[25] No dia 18 de outubro, a falha em conectar corretamente o propulsor do primeiro estágio com o núcleo do foguete foi identificada como culpada provável da abortagem. O propulsor lateral provavelmente foi danificado e reconectado ao núcleo durante a separação do estágio.[26] No dia 22 de outubro, o prazo da investigação foi estendido até o dia 30, com o relatório preliminar culpando um botão de separação que falhou em ativar o motor de soltura em um dos propulsores laterais, de forma parecida com uma falha num foguete não tripulado em 1986.[27] No dia 31 de outubro de 2018, a Comissão Governamental liberou um relatório, concluindo que a articulação em formato de bola que suporta o propulsor lateral foi deformada durante a construção e evitou a separação correta do propulsor, enquanto o sensor e o motor de separação teriam sido disparados corretamente.[28]

A tripulação de então na Estação Espacial Internacional podia retornar na cápsula da Soyuz MS-09, mas devido ao tempo útil limite da cápsula da Soyuz de "cerca de 200 dias" em planos existentes, eles teriam de retornar na metade de dezembro.[29] Como a investigação identificou um erro de montagem que não requer alguma mudança material na configuração do Soyuz-FG, a missão tripulada seguinte,Soyuz MS-11, foi programada para ocorrer no dia 3 de dezembro de 2018.[30] Ovchinin e Hague voltaram ao espaço e à ISS cinco meses depois, na Soyuz MS-12, como parte das Expedições 59 e 60, com Ovchinin servindo como comandante da Expedição 60.[31] A MS-12 foi lançada de forma bem sucedida em 14 de março de 2019, realizando a missão que a MS-10 havia abortado.[32]

O módulo foi instalado no exterior do quartel general da Roscosmos. Foi revelado dia 2 de dezembro de 2019.[33]

Galeria

Referências

Ligações externas

Precedido por
STS-51-L
Abortos
Sucedido por
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