Samuel Beckett

Samuel Barclay Beckett (Dublin, 13 de abril de 1906Paris, 22 de dezembro de 1989) foi um dramaturgo e escritor irlandês.

Samuel Beckett
Samuel Beckett
Samuel Beckett, em 1977
Nascimento13 de abril de 1906
Dublin, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda (atual República da Irlanda)
Morte22 de dezembro de 1989 (83 anos)
Paris, França
Nacionalidadeirlandês
Prêmios Nobel de Literatura (1969)
Movimento literárioNouveau roman
Magnum opusDias Felizes

Beckett é amplamente considerado como um dos escritores mais influentes do século XX.[1] Fortemente influenciado por James Joyce, é considerado um dos últimos modernistas. Como inspiração para muitos escritores posteriores, ele às vezes também é considerado um dos primeiros pós-modernistas. É um dos escritores fundamentais, no que Martin Esslin chamou de "Teatro do absurdo".[2] Seu trabalho tornou-se cada vez mais minimalista em sua carreira mais tarde.

Recebeu o Nobel de Literatura de 1969. Utiliza nas suas obras, traduzidas em mais de trinta línguas, uma riqueza metafórica imensa, privilegiando uma visão pessimista acerca do fenômeno humano. É considerado um dos principais autores do denominado teatro do absurdo. Sua obra mais famosa tanto no Brasil como em Portugal é a peça Esperando Godot.

Biografia

Beckett nasceu numa família burguesa e protestante, e em 1923 ingressa no Trinity College de Dublin, para se formar em Literatura Moderna, especializando-se em francês e italiano.[2] Em 1928, meses após sua mudança para Paris, conhece James Joyce, apresentado por um amigo em comum. Torna-se grande admirador do escritor, e sua obra posterior é fortemente influenciada por ele.

Após lecionar durante o ano de 1930 na Irlanda, Beckett volta no ano seguinte para Paris, fixando residência na cidade, e escreve sua primeira novela, “Dream of Fair to Middling Women” (publicada após a morte do autor, em 1993) Em 1933, Beckett retorna novamente a Dublin, pois, devido ao falecimento de seu pai, encarrega-se de cuidar de sua mãe. Retorna a Paris em 1938, quando é marcado por dois acontecimentos de grande importância: fica gravemente ferido ao ser agredido por um estranho, que lhe desferiu uma facada no peito, e conhece Suzanne Deschevaux-Dusmenoil, com quem viveria o resto da vida e se casaria em 1961.

Depois da eclosão da Segunda Grande Guerra, vincula-se à resistência francesa, na ocasião da invasão de Paris pelo exército nazista, em 1941, juntamente com sua esposa. Durante os dois anos que Beckett esteve hospedado em Roussillon, ele indiretamente ajudou a Maquis a sabotar o exército alemão nas montanhas Vaucluse, embora ele raramente falasse sobre seu trabalho durante a guerra na vida adulta.[3] Afasta-se da resistência em 1942, quando ambos foram obrigados a fugir da França. Morre em 1989, cinco meses depois de sua esposa, de enfisema pulmonar, contra o qual já lutava havia três anos. Foi enterrado no cemitério de Montparnasse.[2][4]

A produção beckettiana foi um dos principais ícones do Teatro do Absurdo que faz uma intensa crítica à modernidade. Recebeu o Nobel de Literatura em outubro de 1969, enquanto em férias em Tunes com Suzanne. Prevendo que seu marido, intensamente antissociável, seria marcado pela fama a partir daquele momento, Suzanne descreveu o prêmio como uma "catástrofe".[5]

Obra

Nas obras traduzidas por Beckett, indica-se o título original e traduzido separados por barra. A data de edição (ou de composição, no caso de textos publicados em colectâneas) é do original.

Peças

Teatro

  • Eleutheria (1947; publicado em 1995)
  • En attendant Godot/Waiting for Godot (Esperando Godot) (1948; publicado em 1952)
  • Act Without Words I (1956)
  • Act Without Words II (1956)
  • Fin de partie (Fim de partida) (1957; traduzida pelo autor para o inglês como Endgame)
  • Krapp's Last Tape (1958)
  • Rough for Theatre I (fins de 1950)
  • Rough for Theatre II (fins de 1950)
  • Happy Days (1960)
  • Play (1963)
  • Come and Go (1965)
  • Breath (1969)
  • Not I (1972)
  • That Time (1975)
  • Footfalls (1975)
  • A Piece of Monologue (1980)
  • Rockaby (1981)
  • Ohio Impromptu (1981)
  • Catastrophe (1982)
  • What Where (1983)

Rádio

  • All That Fall (1956)
  • Embers (1959)
  • Rough for Radio I (1961)
  • Rough for Radio II (1961)
  • Words and Music (1961)
  • Cascando (1962)
  • The Old Tune (1963)

Televisão

  • Eh Joe (1965)
  • Ghost Trio (1975)
  • … but the clouds … (1976)
  • Quad I + II (1981)
  • Nacht und Träume (1982)

Cinema

Prosa

  • Collected Shorter Prose 1945-1980 (1984)
  • As the Story Was Told: Uncollected and Late Prose (1990)

Romances e novelas

  • Dream of Fair to Middling Women (1932)
  • Murphy (1938; traduzida para francês, 1948)
  • Mercier and Camier (1946)
  • Watt (1953; escrita c. 1943; traduzida para francês, 1968)
  • Molloy (1951; original em francês; traduzida para inglês, 1955)
  • Malone Meurt (1951; traduzida para inglês como Malone Dies, 1956)
  • L'innommable (1953; traduzida para inglês como The Unnameable, 1958)
  • Comment C'est (1961; traduzida para inglês como How It Is, 1964)
  • Company (1980)
  • Ill Seen Ill Said (1982)
  • Worstward Ho (1983)
  • Ends and Odds: Plays and Sketches (1977)

Contos e textos breves

  • Assumption (1929)
  • Sedendo et Quiesciendo (1932)
  • Text (1932)
  • A Case in a Thousand (1934)
  • More Pricks than Kicks (1934)
  • Nouvelles et Textes Pour Rien/Stories and Texts for Nothing (1945-50)
  • Premier Amour/First Love (1945)
  • From an Abandoned Work (1954-55)
  • L'image/The Image (1958)
  • All Strange Away (19763-64)
  • Imagination Morte Imaginez/Imagination Dead Imagine (1965)
  • Assez/Enough (1966)
  • Bing/Ping (1966)
  • Sans/Lessness (1969)
  • Le Depeupleue/The Lost Ones (1970)
  • Fizzles (1973-75)
  • Heard in the Dark 1
  • Heard in the Dark 2
  • One Evening
  • As the Story was Told (1973)
  • La Falaise/The Cliff (1975)
  • Company (1980, adaptado para o teatro)
  • Stirrings Still (1988)
  • Nohow On (1989)

Ensaios

  • Proust (1931; publicado em 1989)
  • Disjecta: Miscellaneous Writing and a Dramatic Fragment (1983)

Poesia

  • Collected Poems in English and French/Coleção de Poemas em Inglês e Francês (1977)
  • Poèmes/Poems/Poemas (1979)
  • Collected Poems 1930-1978/Coleção de Poemas 1930-1978 (1984)

Sobre Beckett em português

Livros

  • Vasconcellos, Cláudia Maria de. Teatro Inferno - Samuel Beckett. Ed. Terracota. 2012
  • Farias Jr., Manoel. Beckett - Silêncios. Ensaios a partir da poética cênica de Samuel Beckett. Ed. Annablume. 2011.
  • Gay, Peter. Modernismo – o Fascínio da Heresia: de Baudelaire a Beckett e mais um pouco. São Paulo: Cia. das Letras, 2009.
  • Borges, Gabriela. Poetica Televisual de Samuel Beckett. Ed. Annablume, 2009.
  • Berrettini, Célia. Samuel Beckett: Escritor Plural. Ed. Perspectiva. 2004.
  • Andrade, Fabio. O Silêncio Possível. Ed. Ateliê Editorial, 2001.
  • Segre, Cesare. Estruturas e o Tempo. Ed. Perspectiva, 1986.

Artigos

Montagens de Beckett em português

Referências

Leitura adicional

  • Knowlson, James (1997). Damned to Fame: The Life of Samuel Beckett. New York: Grove Press.

Ligações externas

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Categoria no Commons

Precedido por
Yasunari Kawabata
Nobel de Literatura
1969
Sucedido por
Alexander Soljenítsin