Ramal de Alfarelos

O Ramal de Alfarelos é um caminho de ferro de via larga em Portugal, com cerca de 16,5 quilómetros de extensão, que une as Estações de Alfarelos, na Linha do Norte, e Bifurcação de Lares, na Linha do Oeste.[1] Estabelece uma importante ligação entre estas duas linhas, completando a ligação ferroviária entre Coimbra e a Figueira da Foz, e permitindo o acesso direto à Linha do Oeste de tráfego proveniente do Norte. Foi construído pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, tendo sido aberto à exploração em 8 de Junho de 1889.[2]

Automotora tipo 0450 em Bifurcação de Lares, ao PK 207,2 da Linha do Oeste, junto ao entroncamento com o Ramal de Alfarelos.
Ramal de Alfarelos
Automotora 0362 circulando perto de Reveles
Automotora 0362 circulando perto de Reveles
Automotora 0362 circulando perto de Reveles
Comprimento:16,5 km
Bitola:Bitola larga
Unknown route-map component "CONTgq"Unknown route-map component "STR+r"
000000L.ª Norte
Unknown route-map component "CONTgq"Unknown route-map component "STR+r"
000000L.ª Norte Campanhã
Station on track
221,380Alfarelos
Unknown route-map component "BHFSPLa"
221,380Alfarelos
Unknown route-map component "ABZgl"Unknown route-map component "CONTfq"
000000L.ª Norte
Unknown route-map component "vSHI1l-STRl"Unknown route-map component "CONTfq"
Stop on track
219,569Montemor
Unknown route-map component "ABZgl"Unknown route-map component "KBSTeq"
220,995Ramal Terminal TMI
Water
Unknown route-map component "RP2q" + Level crossing
Mondego
Unknown route-map component "RP2+r"Straight track
Unknown route-map component "RP2ensRP2"
Unknown route-map component "RP2q" + Level crossing
× EN347
Unknown route-map component "RP2"Stop on track
219,569Montemor
Unknown route-map component "SKRZ-G2u"
× EM341
Unknown route-map component "lCSTR" + Unknown route-map component "SKRZ-G2u"
Unknown route-map component "CSTR"
Unknown route-map component "hKRZWae"
P.te V. R. 2 × Vala Real16,0 m
Unknown route-map component "DSTR"
SRE
Unknown route-map component "hKRZWae" + Unknown route-map component "GRZq"
× Arunca120,8 m
Unknown route-map component "DSTR"
MMV
Unknown route-map component "hKRZWae"
P.te V. R. 1 × Vala Real16,4 m
Unknown route-map component "DSTRe@f"
Unknown route-map component "RP2q" + Level crossing
× R. Estr. Nacional
Stop on track
216,259Marujal
Station on track
213,835Verride
Stop on track
208,982Reveles
Stop on track + Unknown route-map component "lDSTR(r)"
208,982Reveles
Unknown route-map component "CSTR(l)"
Unknown route-map component "CSTR(l)" + Unknown route-map component "lDSTR(r)"
Unknown route-map component "DSTR"
Small bridge over water
P.te V. C.po 2 × Vala do Campo11,0 m
Unknown route-map component "DSTR"
Small bridge over water
P.te V. C.po 1 × Vala do Campo11,0 m
Unknown route-map component "DSTR"
Junction both to and from leftUnknown route-map component "CONTfq"
000000L.ª Oeste
Unknown route-map component "SHI1r" + Unknown route-map component "kSTR2"
Unknown route-map component "vSTR-" + Unknown route-map component "STRc2" + Unknown route-map component "kSTRc1"
Unknown route-map component "d" + Unknown route-map component "kSTRl+4" + Unknown route-map component "STR3+l"
Unknown route-map component "d" + Unknown route-map component "lCONTfq"
000000L.ª Oeste Cacém
Station on track
207,247Bifurcação de Lares
Unknown route-map component "lvBHF" + Unknown route-map component "vSTR-STR+1"
Unknown route-map component "STRc4"
Unknown route-map component "SPLe"
207,342
Unknown route-map component "CONTgq"One way rightward
000000L.ª Oeste
Unknown route-map component "CONTgq"One way rightward
Aspecto da estação de Alfarelos, ao PK 0,0 do Ramal de Alfarelos; as vias em primeiro plano fazem parte da Linha do Norte.
A estação de Alfarelos localiza-se junto na margem esquerda do Mondego, no extremo norte da povoação de Granja do Ulmeiro.

Caracterização

Descrição física

Este caminho de ferro estende-se entre as Estações de Bifurcação de Lares, na Linha do Oeste, e Alfarelos, na Linha do Norte, apresentando um comprimento de cerca de 16,5 quilómetros.[1] O tipo de via utilizado é de bitola larga.[1]

Entre Lares e Reveles, a linha atravessa duas pontes da vala do Campo, com uma distância de cerca de 100 metros entre elas; no troço entre Reveles e Verride, existem dois pontões.[3] A linha passa, entre Marujal e Montemor, por outras três pontes, da Vala Real 1, do Rio Soure, e da Vala Real 2.[4] No troço de Montemor a Alfarelos, a linha apenas possui um pontão, de Montemor-o-Velho.[4]

Serviços

Em 2007, o ramal era percorrido por serviços entre as Estações de Coimbra-B e Figueira da Foz, com paragens em Alfarelos, Montemor, Marujal, Verride, Reveles, e Bifurcação de Lares.[5]

Material circulante

Entre o material circulante que realizou serviços neste ramal, contam-se as automotoras da Série 0750[6], as locomotivas da Série 1200, e as locomotivas a vapor da Série 070 a 097.[7]

Estação de Alfarelos, em 2006.

História

Antecedentes

Ver artigos principais: Linha do Oeste e História da Linha do Norte

O troço entre Soure e Taveiro, no qual se insere a estação de Alfarelos, entrou ao serviço em 7 de Julho de 1864.[8]

Quando se iniciou o planeamento da Linha da Beira Alta, observou-se o preceito de tornar Coimbra num grande centro ferroviário, onde convergiriam as linhas da Figueira da Foz e da Beira Alta.[9] Considerava-se que esta organização, ao facilitar os transportes entre a região, a sua capital e o Porto de Figueira da Foz, fomentaria o desenvolvimento económico da região e da cidade de Coimbra em si, e traria grandes vantagens do ponto de vista da defesa militar.[9] Caso a Linha da Beira Alta se iniciasse em Coimbra, previa-se a construção de apenas uma linha de entre aquela cidade e a Figueira da Foz, que seguiria ao longo da margem direita do Rio Mondego, por Tentúgal e Montemor-o-Velho, numa zona de elevada produção agrícola.[9] No entanto, o ponto inicial da Linha da Beira Alta foi modificado para a Pampilhosa, obrigando igualmente à redefinição do ramal que devia continuar esta linha à Figueira da Foz.[9]

Estação de Verride, em 2013.

Planeamento e construção

Em 1880, foi apresentado no Parlamento um contrato com a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, para a construção de um caminho de ferro entre Lisboa e Pombal, passando por Torres Vedras, Caldas da Rainha, e Marinha Grande; no entanto, este plano foi abandonado devido à queda do governo, pelo que, em 1882, a Companhia Real apresentou uma nova proposta, ligando Alcântara à Figueira da Foz, com um ramal para a Estação de Alfarelos, na Linha do Norte.[2] Em 23 de Novembro de 1883, foi assinado o contrato com a Companhia Real para a concessão da linha entre Torres Novas a Figueira da Foz, com o ramal para Alfarelos[10], enquanto que a parte de Lisboa a Torres foi inicialmente entregue à casa Burnay.[2] Em 1885, a casa Burnay trespassou a sua concessão para a Companhia Real.[2]

Em 21 de Agosto de 1885, foi entregue à firma Dauderni & Bartissol a empreitada da construção da Linha de Torres Vedras à Figueira e Alfarelos.[11]

O troço entre Leiria e Figueira da Foz foi inaugurado em 17 de Julho de 1888.[2]

Gare de Bif. de Lares, em 2014.

Inauguração

O troço entre Amieira e Alfarelos entrou ao serviço em 8 de Junho de 1889[12], estabelecendo a ligação entre as Linhas do Oeste e do Norte.[13] Este ramal também permitiu a ligação directa entre a cidade de Coimbra e o Porto da Figueira da Foz.[9]

Em 25 de Maio de 1891, entrou ao serviço a Concordância de Alfarelos ou de Lares, com cerca de 627 metros de comprimento, que permitia uma ligação directa do Ramal de Alfarelos para a Figueira da Foz, deixando de serem necessárias as manobras dos comboios na Estação de Lares.[2][1] Com a abertura deste troço, o ponto de origem do Ramal deixou de ser na Amieira, e passou a ser em Lares.[3]

Em 1895, a Companhia Real criou vários serviços trenvias entre Coimbra e a Figueira da Foz, que tiveram um grande sucesso, devido à sua grande frequência e preço reduzido.[14]

Horários em 1917, incluindo os comboios da Figueira a Alfarelos e Coimbra.

Século XX

A partir de 1930, iniciou-se a renovação a nível nacional das pontes ferroviárias, incluindo no Ramal de Alfarelos.[15]

Em 1961, existiam 14 comboios de passageiros entre Caldas da Rainha e Alfarelos, 7 em cada sentido.[16]

Modernização

No âmbito do II Plano de Fomento, foi prevista a electrificação da Linha do Norte e de várias linhas e ramais anexos, como o troço de Alfarelos à Figueira da Foz.[17] Em 1968, o Ministério das Comunicações assinou um contrato com o Groupement d'Étude et d'Électrification de Chemin de Fer en Monophasé 50 Hz para electrificar, entre outros troços, o Ramal de Alfarelos.[18] Em Agosto desse ano, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses estava a preparar um contrato com um consórcio formado pelas empresas nacionais SOMAFEL e Somapre, e pelas casas francesas A. Borie e A. Dehé, para a remodelação de várias vias férreas, incluindo a renovação parcial do troço entre Alfarelos e Figueira da Foz.[19]

A electrificação de Alfarelos à Figueira da Foz foi inaugurada em 3 de agosto de 1982, numa cerimónia que contou com a presença do Ministro das Obras Públicas José Viana Baptista.[20] A eletrificação possibilitou a introdução de melhor material circulante.[1]

Em 1995, entraram ao serviço automotoras triplas eléctricas entre Coimbra e a Figueira da Foz.[21]

Fases de eletrificação da ligação Coimbra–Figueira da Foz
Entre as EstaçõesExtensãoEntrada ao serviçoLinha
Coimbra-BAlfarelos18,995 kmOutubro de 1963Linha do Norte
AlfarelosBifurcação de Lares14,133 km3 de agosto de 1982Ramal de Alfarelos
Bifurcação de LaresFigueira da Foz7,938 km3 de agosto de 1982Linha do Oeste
Comboios em Coimbra
(Serviços ferroviários pesados suburbanos e
regionais de passageiros, na região de Coimbra)

em operação • extinto em 2010
ext. anunc. 2020 • extinto em 2009


  
(ã) Lobazes  Moinhos (ã)
(ã) Miranda do Corvo  Trémoa (ã)
(ã) Padrão  Vale de Açor (ã)
(ã) Meiral  Ceira (ã)
(ã) Lousã-A  Conraria (ã)
(ã) Lousã  Carvalhosas (ã)
(ã) Prilhão-Casais  S. José (Calhabé) (ã)
(ã) Serpins  Coimbra-Parque (ã)
(ã) Coimbra  
  
(ã)(n) Coimbra-B  
(n) Souselas  
(f)(n) Pampilhosa  Bencanta (n)
(f) Mala  Espadaneira (n)
(f) Silvã-Feiteira  Casais (n)
(f) Enxofães  Taveiro (n)
(f) Murtede  V. Pouca Campo (n)
(f) Cordinhã  Ameal (n)
(f) Cantanhede  Pereira (n)
(f) Limede-Cadima  Formoselha
(f) Casal  Alfarelos (a)(n)
(f) Arazede  Montemor (a)
(f) Bebedouro  Marujal (a)
(f) Liceia  Verride (a)
(f) Santana-Ferreira  Reveles (a)
(f) Costeira  Bif. de Lares (a)(o)
(f) Alhadas  Lares (o)
(f) Carvalhal  Fontela (o)
(f) Maiorca  Fontela-A (o)
  Figueira da Foz (f)(o)

Ver também

Referências

Bibliografia

  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
  • RODRIGUES, Luís; TAVARES, Mário; SERRA, João (1993). Terra de Águas. Caldas da Rainha História e Cultura 1.ª ed. Caldas da Rainha: Câmara Municipal de Caldas da Rainha. 527 páginas 
  • SARAIVA, José; GUERRA, Maria (1998). Diário da História de Portugal. Volume 3 de 3. Lisboa: Difusão Cultural. 208 páginas. ISBN 9789727092741 
  • SILVA, Carlos; ALARCÃO, Alberto; CARDOSO, António (1961). A Região a Oeste da Serra dos Candeeiros. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 767 páginas 
  • SILVA, José; RIBEIRO, Manuel (2007). Os Comboios em Portugal. Volume 3 de 5 1.ª ed. Lisboa: Terramar - Editores, Distribuidores e Livreiros, Lda. 203 páginas. ISBN 978-972-710-408-6 
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Ligações externas


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