Purussaurus
Purussaurus é um gênero extinto de jacaré gigante que viveu na América do Sul de 20,4 a 5,3 milhões de anos atrás, durante o começo ao fim do período Mioceno. Purussaurus habitou a região amazônica do Brasil, Panamá, Peru, Colômbia e Venezuela. Sua dieta era composta em sua maioria de peixes e outros crocodiliformes, embora também tenha se alimentado de enormes mamíferos herbívoros que se aproximavam dos rios e atualmente é o maior jacaré conhecido da história.
Purussaurus | |
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Classificação científica ![]() | |
Domínio: | Eukaryota |
Reino: | Animalia |
Filo: | Chordata |
Classe: | Reptilia |
Ordem: | Crocodilia |
Família: | Alligatoridae |
Subfamília: | Caimaninae |
Clado: | Jacarea |
Gênero: | †Purussaurus Rodrigues, 1892 |
Espécies | |
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Sinónimos | |
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Descoberta e espécies
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/65/%E2%80%9CDinosuchus_terror%E2%80%9D_vertebra.jpg/200px-%E2%80%9CDinosuchus_terror%E2%80%9D_vertebra.jpg)
Os primeiros restos de Purussaurus foram originalmente descritos em 1876 como "Dinosuchus terror" pelo naturalista francês M. Paul Gervais com base em uma única vértebra. Alguns anos mais tarde, com a descoberta de uma mandíbula parcialmente preservada encontrada na região do Rio Purus, foi possível descrever o gênero Purussaurus e sua espécie-tipo: P. brasiliensis.[2] Futuramente, "Dinosuchus" foi atribuído a três táxons diferentes, incluindo P. brasiliensis, que foi o principal sinônimo.[3] Embora seu holótipo tenha sido destruído,[4] a espécie ainda é conhecida por diversos fósseis bem preservados, incluindo crânios completos (UFAC-1773, UFAC-1403), crânios incompletos (UFAC-4770), mandíbulas isoladas (UFAC-1118, DGM-527-R), dentre outros.[2]
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/54/Purussaurus_neivensis.png/220px-Purussaurus_neivensis.png)
Purussaurus neivensis também teve uma história complicada. Em 1921, foi descrito originalmente como a segunda espécie de "Dinosuchus", "D. neivensis", com base em uma grande mandíbula que foi descoberta na Colômbia. Mais tarde, esse material foi associado a "Caiman neivensis", tendo em vista a ideia de que Purussaurus seria um sinônimo de Caiman, até que mais recentemente Bocquentin-Villanueva et al. (1989), com a descoberta de novos materiais cranianos, reviveu a ideia de que esse material seria de P. neivensis.[4]
A terceira espécie, P. mirandai, é a mais recente das três. Descrita em 2006, é caracterizada por um crânio grande, alongado e extremamente plano; uma abertura nasal muito grande que compreende quase 60% do comprimento rostral; e um grande forame incisivo que se estende anteriormente entre as fossas até os primeiros dentes mandibulares.[4]
Descrição
P. brasiliensis é conhecido por ter crânios massivos com rostros arredondados, ornamentações notáveis, narinas externas extremamente alargadas que ocupam cerca de dois terços do rostro e que são cercadas por uma fossa bem desenvolvida, grandes fenestras supratemporais e uma margem caudal do crânio acentuadamente côncava.[2]
Tamanho
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/47/Purussaurus_brasilienses_Scale.png/440px-Purussaurus_brasilienses_Scale.png)
Em 2007, mediram o comprimento do crânio de um indivíduo de P. brasiliensis em 1,453 metros e seu tamanho corporal foi estimado em 10,3 metros de comprimento e 5,16 toneladas de massa corporal.[5] Em 2015, um artigo estimou um comprimento maior de 12,5 metros e uma massa equivalente a 8,4 toneladas com base nas proporções do jacaré-de-papo-amarelo, que é o seu parente mais próximo.[6][7] Utilizando as proporções do aligátor americano, porém, seria mais provável que o Purussauro tenha atingido cerca de 10,9 metros de comprimento e 5,6 toneladas de massa.[8] Um artigo de 2022 obteve uma estimativa de 7,6-9,2 metros de comprimento e 2-6,2 toneladas através de uma equação com abordagem filogenética. Utilizando uma equação com abordagem não filogenética, contudo, os resultados foram 9,2-10 metros de comprimento e 3,9-4,9 toneladas.[9] Uma nova descrição do espécime DGM 526-R afirma que esse indivíduo poderia ter uma mandíbula de 1,75 metro de comprimento, embora o mesmo artigo não tenha fornecido o tamanho total do espécime.[10]
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c2/Large_crocodyliformes.svg/220px-Large_crocodyliformes.svg.png)
O grande tamanho, juntamente com uma força de mordida estimada de 52,500–69,000 newtons (5,3 535–7,0 360 kgf),[6] fizeram com que esse crocodiliano tenha se alimentado de uma ampla gama de vertebrados, o tornando um superpredador do seu ecossistema.
Paleobiologia
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/76/Purussaurus_BW.jpg/220px-Purussaurus_BW.jpg)
O Purussauro era bem adaptado ao seu ambiente, possuindo características típicas de crocodilianos macro generalistas.[11] Com seu enorme tamanho, conseguia rivalizar com diversos outros crocodilianos conterrâneos e contemporâneos, mesmo não havendo competições reais, e caçar animais como roedores relativos a capivaras, golfinhos, aves, tartarugas, preguiças gigantes e muitos outros animais. No entanto, sua especialização o deixou suscetível às mudanças constantes do ambiente em grande escala, o que favoreceu espécies de jacarés menores e reduziu o tempo de vida dos crocodilianos da região.[6]
Existem evidências de que o Purussauro poderia ter predado tartarugas marinhas como Podocnemis, interpretação baseada em uma grande carapaça com uma enorme mordida de aproximadamente 60 cm. Como resultado deste ataque, a tartaruga perdeu vários ossos periféricos e pleurais do lado posterior esquerdo da carapaça, apesar dos ossos regenerados indicarem que a tartaruga sobreviveu ao ataque. Além disso, tíbias de Pseudoprepotherium com marcas de mordida reforçam a ideia de que Purussaurus poderia ter predado ou pelo menos se alimentado de mamíferos terrestres, podendo representar perigo até mesmo para espécies grandes.[11]