Parque Indígena do Xingu

O Parque Indígena do Xingu, anteriormente Parque Nacional Indígena do Xingu, é uma terra indígena brasileira,[1] considerada a maior e uma das mais famosas reservas do gênero no mundo.

Parque Indígena do Xingu
Parque Indígena do Xingu
Índios tocando a flauta uruá no pátio da aldeia camaiurá, no Parque Indígena do Xingu
País Brasil
Estado Mato Grosso
Dados
Área2 642 003 ha.
GestãoFunai

Histórico

O parque foi criado em 1961 pelo então presidente brasileiro Jânio Quadros, tendo sido a primeira terra indígena homologada pelo governo federal. Seus principais idealizadores foram os irmãos Villas Bôas, mas quem redigiu o projeto foi o antropólogo e então funcionário do Serviço de Proteção ao Índio, Darcy Ribeiro.

Área

A área do parque, que conta com 2 642 003 hectares[2] está situado no norte do estado de Mato Grosso, numa zona de transição entre os biomas de cerrado e amazônico. A região, toda ela plana, onde predominam as matas altas entremeadas de cerrados e campos, é cortada pelos formadores do Rio Xingu, e pelos seus primeiros afluentes da direita e da esquerda. Os cursos formadores são os rios Kuluene, Tanguro, Kurisevo e Ronuro - o Kuluene assume o nome de Xingu a partir da desembocadura do Ronuro, no local conhecido pelos indígenas como Mÿrená (Morená). Os afluentes são os rios Suiá Miçu, Maritsauá Miçu, Auaiá Miçu, Uaiá Miçu e o Jarina, próximo da cachoeira de Von Martius.

História

Localização do Parque Indígena do Xingu no Brasil

O Parque Indígena do Xingu é considerado a maior e uma das mais famosas reservas do gênero no mundo. Criado em 1961, durante o governo de Jânio Quadros, foi resultado de vários anos de trabalho e luta política, envolvendo os irmãos Villas-Bôas, ao lado de personalidades como o Marechal Rondon, Darcy Ribeiro, Noel Nutels, Café Filho e muitos outros.

Em mais de meio século de existência, o Xingu passou por diversas mudanças que coincidem com a história da questão indígena nas últimas décadas. No início, a filosofia aplicada pelos Villas-Bôas visava a proteger o índio do contato com a cultura dos grandes centros urbanos. Na época, por exemplo, não era permitido nem usar chinelos ou andar de bicicleta, para que nada mudasse no cotidiano da comunidade.

A criação do parque foi uma das consequências da Expedição Roncador-Xingu e da chamada "Marcha para o Oeste", movimento planejado sob o governo de Getúlio Vargas para conquistar e desbravar o coração do Brasil. Iniciada em 1943, o desbravamento adentrou a região central do Brasil, desvendou o sul da Amazônia e travou contato com diversas etnias indígenas ainda desconhecidas.

A liderança dos irmãos Villas-Bôas transformou o caráter militarista da Marcha para o Oeste. Baseada na filosofia do Marechal Rondon de "morrer se preciso for, matar nunca", o que seria meramente uma missão potencialmente violenta, tornou-se uma expedição de contato, pacificação e respeito para com os diversos povos indígenas da região centro-oeste brasileira. Um trabalho reconhecido em todo mundo como um dos mais importantes para a preservação da diversidade das pessoas.

Etnias e patrimônio cultural

Ver artigo principal: Povos do Xingu
Aldeia camaiurá no Parque Indígena do Xingu

Atualmente, vivem, na área do Xingu, aproximadamente, 5 500 índios de quatorze etnias diferentes pertencentes aos quatro grandes troncos linguísticos indígenas do Brasil: caribe, aruaque, tupi e macro-jê. Centros de estudo, inclusive a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, consideram essa área como sendo o mais belo mosaico linguístico puro do país. Os povos indígenas que vivem na região são: cuicuros, calapalos, nauquás, matipus, icpengues (todos de tronco linguístico caribe), meinacos, uaurás, iaualapitis (tronco linguístico aruaque), auetis, camaiurás, jurunas, caiabis (tronco linguístico tupi), trumais (língua isolada), suiás (tronco linguístico macro-jê); já tendo ainda morado na área do parque os panarás (kreen-akarore), os menbengokrês (caiapós) e tapaiunas (beiço-de-pau). Criado o Parque Nacional do Xingu, posteriormente denominado Parque Indígena do Xingu, em 1961, Orlando Villas-Bôas foi nomeado seu administrador-geral. No exercício dessa função, pôde melhorar a assistência aos índios, garantir a preservação da fauna e da flora da região e reaparelhar os postos de assistência. Ainda como administrador do parque, Orlando Villas-Bôas favoreceu a realização de estudos de etnologia, etnografia e linguística a pesquisadores não apenas nacionais como de universidades estrangeiras. Autorizando, ainda, a filmagem documentária da vida dos índios, deu margem a um valioso acervo audiovisual.

A épica empreitada dos irmãos Villas-Bôas é um dos mais importantes e polêmicos episódios da antropologia brasileira e da história indígena. A concepção do Parque Indígena do Xingu, os custos para sua implementação e suas drásticas consequências, o constante ataque de madeireiros e latifundiários e as políticas indigenistas do estado brasileiro são temas importantes para a reflexão sobre o significado de toda esta experiência.

As populações dos povos indígenas no Parque Indígena do Xingu:[3]

EtniaPopulação
Aweti195
Ikpeng459
Kalapalo385
Kamaiurá467
Kawaiweté (Kaiabi)1.193
Kisêdje (Suiá)330
Kuikuro522
Matipu149
Mehinako254
Nafukuá126
Naruvôtu69
Tapayuna60
Trumai97
Waurá409
Yawalapiti156
Yudjá (Juruna)348

Línguas

As línguas indígenas faladas no parque:[4]

Ao sul (Alto Xingu):

Ao norte (Baixo Xingu):

Lista de aldeias

Lista das aldeias de cada povo indígena do Parque Indígena do Xingu:[3]

Postos de Vigilância

Os Postos de Vigilância (PIV) no Parque Indígena do Xingu são:[7]

  • Kurisevo
  • Kuluene
  • Tanguro
  • Rio Preto
  • Tuiuiu
  • Jarinã
  • Manito
  • Tywapé
  • Terra Nova
  • Ronuro

Os Postos de Vigilância (PIV) pertos do Parque Indígena do Xingu são:[7]

  • Batovi
  • Wawí
  • Kapot

Municípios

Lista de municípios com incidência no Parque Indígena do Xingu:[1]

MunicípioÁrea do Parque no município (%)Área do Parque no município (ha)Área do município (ha)
Gaúcha do Norte30,86815.371,651.693.429,80
Querência21,93579.426,061.778.619,50
Feliz Natal19,88525.273,211.167.899,90
Paranatinga9,34246.807,552.416.244,40
São Félix do Araguaia7,84207.240,251.671.347,50
Marcelândia5,45143.874,071.227.355,20
Canarana2,0654.312,411.088.237,90
Nova Ubiratã1,1530.273,561.250.011,40
São José do Xingu1,8548.974,45745.964,50

Referências

Ligações externas

Commons
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