Imperial Ordem da Rosa

ordem honorífica brasileira
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A Imperial Ordem da Rosa foi uma ordem honorífica brasileira, criada em 17 de outubro de 1829 pelo imperador Pedro I para perpetuar a memória de seu matrimônio, em segundas núpcias, com a princesa Amélia de Leuchtenberg.[1] Foi abolida devido à Proclamação da República em 1889.

Imperial Ordem da Rosa
Imperial Ordem da Rosa
Classificação
PaísImpério do Brasil Império do Brasil
OutorgantePedro II
DescritivoFidelidade ao soberano e serviços prestados ao Estado.
AgraciamentoBrasileiros e estrangeiros
CondiçãoAbolida
Histórico
OrigemMemória do casamento entre Pedro I e Amélia de Leuchtenberg
Criação17 de outubro de 1829
Primeira concessão1829
PremiadosVer titulares
Hierarquia
Imagem complementar

Barreta
Imperial Ordem da Rosa na categoria de Oficial.

História

O seu desenho foi idealizado por Jean-Baptiste Debret que, segundo discutido por historiadores, ter-se-ia inspirado ou nos motivos de rosas que ornavam o vestido de D. Amélia ao desembarcar no Rio de Janeiro, ou ao se casar, ou num retrato da mesma enviado da Europa ao imperador D. Pedro I.

Uma Carta Imperial que concede a ordem a um professor francês em 1889, por serviços prestados ao Liceu Literário Português.

A ordem premiava militares e civis, nacionais e estrangeiros, que se distinguissem por sua fidelidade à pessoa do Imperador e por serviços prestados ao Estado, e comportava um número de graus superior às outras ordens brasileiras e portuguesas então existentes.

O imperador era Grão-Mestre da ordem, o herdeiro presuntivo era Grande-Dignitário-Mor e todos os outros príncipes recebiam a Grã-Cruz.

De 1829 a 1831 D. Pedro I, durante o primeiro reinado, concedeu 189 insígnias. Seu filho e sucessor, D. Pedro II, ao longo do segundo reinado, chegou a agraciar 14.284 cidadãos. O monarca costumava agraciar pessoas que lhe concedessem hospedaria em viagens, titulando esses com o grau de comendador.[2] Além dos dois imperadores, apenas o Duque de Caxias foi grande-colar da ordem durante sua vigência.

Um dos primeiros agraciados recebeu a comenda em virtude de serviços prestados quando de um acidente com a família imperial: conta a pequena história da corte que, em 7 de dezembro de 1829, recém-casado, D. Pedro I regressava com a família do Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista. Como de sua predileção, conduzia pessoalmente a carruagem quando, na rua do Lavradio, se quebrou o varal da atrelagem e os cavalos se assustaram, rompendo as rédeas e fazendo tombar o veículo, arrastado perigosamente. O Imperador fraturou a sétima costela do terço posterior e a sexta do terço anterior, teve contusões na fronte e luxação no quarto direito, perdendo os sentidos. Mal os havia recobrado quando o recolheram à casa mais próxima, do Marquês de Cantagalo. Segundo o Boletim sobre o Desastre de Sua Majestade Imperial e Fidelíssima publicado no Jornal do Commercio, Dona Amélia foi a que menos cuidado exigiu: "não teve dano sensível senão o abalo e o susto que tal desastre lhe devia ocasionar". A filha primogênita, D. Maria II de Portugal, "recebeu grande contusão na face direita, compreendendo parte da cabeça do mesmo lado". Augusto de Beauharnais, Príncipe de Eichstadt, Duque de Leuchtenberg e Duque de Santa Cruz, irmão da imperatriz, "teve uma luxação no cúbito do lado direito com fratura do mesmo". A Baronesa Slorefeder, aia da Imperatriz, "deu uma queda muito perigosa sobre a cabeça". Diversos criados de libré, ao dominarem os animais, ficaram contundidos. Convergiram para a casa de Cantagalo os médicos da Imperial Câmara e outros, os doutores Azeredo, Bontempo, o Barão de Inhomirim, Vicente Navarro de Andrade, João Fernandes Tavares, Manuel Bernardes, Manuel da Silveira Rodrigues de Sá, Barão da Saúde. Ao partir, quase restabelecido, D. Pedro I condecorou Cantagalo a 1 de janeiro de 1830 com as insígnias de dignitário da Ordem e D. Amélia lhe ofereceu o seu retrato, circundado por brilhantes, e pintado por Simplício Rodrigues de Sá.

Foram ainda agraciados com a Imperial Ordem da Rosa os membros da Guarda de Honra que acompanhavam o então Príncipe Regente em sua viagem à Província de São Paulo, testemunhas do "Grito do Ipiranga", marco da Independência do Brasil.[carece de fontes?]

Características

Imperial Ordem da Rosa – Grande Dignitário.
Condecoração da Imperial Ordem da Rosa - Grau: Oficial.
Colar da Imperial Ordem da Rosa.

Insígnia

  • Anverso: Estrela branca de seis pontas maçanetadas, unidas por guirlanda de rosas. Ao centro, medalhão redondo com as letras "P" e "A" entrelaçadas, em relevo, circundado por orla azul-ferrete com a legenda "AMOR E FIDELIDADE".
  • Reverso: igual ao anverso, com alteração na inscrição para a data de 2-8-1829, e, na legenda, para "PEDRO E AMÉLIA".
  • Colar: rosas e brasões do estilo francês, com as letras "P" e "A" entrelaçadas, ligadas por um fio dourado.

Fita e banda

De cor rosa-claro, com duas orlas brancas.

Graus

Os graus em ordem decrescente são:[3]

  1. Grã-Cruz (com o tratamento de Excelência e limitado a 16 recipientes)
  2. Grande-Dignitário (com o tratamento de Senhor e limitado a 16 recipientes)
  3. Dignitário (com o tratamento de Senhor e limitado a 32 recipientes)
  4. Comendador (com o tratamento de Senhor e ilimitado em número de recipientes)
  5. Oficial (gozava das honras de Coronel e ilimitado em número de recipientes)
  6. Cavaleiro (gozava das honras de Capitão e ilimitado em número de recipientes)

Condecorados

ImagemNomeCargoGrauAnoRefs
Agostinho José da MotaPintor, desenhista e professorOficial1872[4]
Alfred NobelQuímico, engenheiro, inventor, empresárioOficial1872[5]
Annibale de GasparisAstrônomo e matemáticoCavaleiro1872[6]
Antônio Augusto de SouzaComendador
Antônio da Costa Pinto Jr., Visconde de OliveiraSucroalcooleiro, vereador e coronel da Guarda NacionalComendador[7]
Antônio Herculano de Sousa Bandeira FilhoAdvogado, professor e escritor
Antônio José Dias Carneiro, Visconde de SaltoMagistrado e comercianteComendador1877
Antonio LazzariniMédico-cirurgiãoOficial
Antônio Luís von Hoonholtz, Barão de TefféMilitar, diplomata, geógrafo, político e literatoOficial
Antônio Ribeiro de CastroFazendeiroCavaleiro1847
Antônio Rodrigues de Azevedo FerreiraPolítico e magistradoOficial
Camilo Castelo Branco, Visconde de Correia BotelhoEscritor, historiador, poeta e tradutorGrande-Dignitário[8]
Carel Joachim WylepOficial1851
Carlos Pereira NunesPolítico e FazendeiroCavaleiro
Luiz Paulino de Holanda ValençaComandante da Guarda Nacional
Antonio José NogueiraOficial1872
Cel. Alexandre Francisco de OliveiraCoronel da Guarda Nacional
Charles Adolphe PradezOficial1883
Carlos ChidloeMédico homeopataCavaleiro[9]
Carlos Emílio AdetJornalista e literatoCavaleiro e Comendador1860, 1867[10][11]
Jean Maurice FaivreMédico naturalistaCavaleiro1872[6]
Joaquim Delfino Ribeiro da LuzMagistrado e político
Daniel Makinson FoxEngenheiro civil
António Feliciano de Castilho, Visconde de CastilhoEscritor, polemista, pedagogista e inventorGrande-Dignitário[8]
Firmin François Alibert
Francisco Antônio de Barros e Silva, Barão de PirangiUsineiroCavaleiro[12]
Francisco de Assis e Oliveira Borges, Visconde de GuaratinguetáComerciante, cafeicultor e políticoGrande-dignitário
Francisco Joaquim de Noronha e Silva[13][14]
Francisco José do Canto Mello e Castro MascarenhasMédicoComendador1872[15]
Francisco Lopes de Oliveira AraújoMédicoComendador
Francisco Marcondes Homem de Melo, Visconde de PindamonhangabaFazendeiro e coronel da Guarda NacionalComendador
Georg Gottfried OettererEngenheiro e Inspetor Chefe da Estrada de Ferro SorocabanaComendador
Gustave RumbelspergerNaturalista
Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo, Barão de Homem de MeloPolítico, escritor, professor, cartógrafo e Ministro do ImpérioComendador1867
Henrique Augusto MiletEngenheiro civil e economistaCavaleiro1860
Henrique Guilherme Fernando HalfeldEngenheiro civilComendador1842[16]
Henri PradezCavaleiro1882
Horácio Fortunato UrpiaVice Cônsul de PortugalCavaleiro1860
Humberto Saraiva AntunesEngenheiro
Ildefonso Pereira Correia, Barão do Serro AzulEmpresário e políticoComendador
Inácio de Sousa RolimSacerdote e educadorComendador1860
Jacintho Ferreira de CarvalhoFazendeiroComendador1830
James NortonMilitarCavaleiro
João Pedro GaySacerdote e historiador
João Chrisostomo CalladoMilitarComendador
João Gualberto de Carvalho, Barão de CajuruFazendeiroComendador1849
Joaquim Fernandes Lopes RamosFazendeiro, usineiro e políticoOficial
Joaquim José de Sousa BrevesFazendeiro e militar
Joaquim Xavier NevesMilitar e político
Jonathas AbbottMédicoComendador
José Alves Rangel, Barão de São João da BarraMilitar e políticoOficial
José Antônio Gomes NetoMagistradoComendador
José Bernardino de Barros, Barão de Três IlhasNobreOficial
José Carlos de Carvalho JúniorEmgenheiroOficial1887
José Francisco de Mesquita, Marquês do BonfimComerciante e banqueiroGrande-Dignitário
José Francisco Nogueira Paranaguá
José Joaquim da Silva Freire, Barão de Santa Maria MadalenaCafeicultor e fazendeiro
José Pereira dos Santos, Barão de SaquaremaCafeicultor, militar e político[17]
Jules Le ChevrelPintor e desenhistaCavaleiro1850
Louis DecosterdCavaleiro1844
Luís Gonzaga de Brito Guerra, Barão do AçuMagistrado, jurista, ministro e políticoComendador1875
Luís Martins CollaçoPolíticoComendador
Machado de AssisEscritorOficial1888
Manoel José Gomes CalaçaMajor de Guarda Nacional e FazendeiroComendador1860
Manuel Pereira da SilvaEscultor
Manuel Marcondes de Oliveira Melo, Barão de PindamonhangabaMilitarComendador
Olinto José MeiraMagistrado e político
Pedro Luís TauloisEngenheiro e PolíticoCavaleiro1872
Vicente José de Carvalho
Hugh WilsonEngenheiro civilComendador1881
Simão Francisco PereiraMilitarOficial22/05/1858

Lista de grão-mestres da Imperial Ordem da Rosa

Notas

Bibliografia

  • Vasconcellos, Smith de (1918). Archivo Nobiliarchico Brasileiro. Lausana, Suíça: Imprimerie I.A. Concorde 

Ligações externas