Mundo ocidental, civilização ocidental ou simplesmente Ocidente (em latim: occidens - "pôr do sol, oeste", como distinto de Oriente), é um termo que se refere a diferentes nações, dependendo do contexto. Não há consenso sobre a definição das semelhanças desses países, além de terem uma população significativa de ascendênciaeuropeia e de terem culturas e sociedades fortemente influenciadas e/ou ligadas pela Europa.[3]
Historiadores, como Carroll Quigley em A Evolução das Civilizações,[8] afirmam que a civilização ocidental nasceu no final do século V, após o colapso total do Império Romano do Ocidente, deixando um vácuo para o florescimento de novas ideias que eram impossíveis nas sociedades clássicas. Em qualquer ponto de vista, entre a queda do Império Romano do Ocidente e o Renascimento, o Ocidente passou por um período de declínio considerável, conhecido como Idade Média, as Cruzadas.[9]
O conhecimento do mundo antigo ocidental foi parcialmente preservado durante este período devido à sobrevivência do Império Romano do Oriente e das instituições da Igreja Católica, além da ampla contribuição dos árabes[10] e principalmente pela ascendência concorrente da idade de ouro islâmica.[11] A importação árabe, tanto de antigas quanto de novas tecnologias a partir do Oriente Médio e do Oriente para a Europa renascentista representou "uma das maiores transferências tecnológicas na história do mundo".[12][13]
Desde a Renascença, o Ocidente evoluiu além da influência dos antigos gregos, romanos e muçulmanos devido às revoluções Comercial,[14]Científica[15] e Industrial,[16] à expansão dos povos cristãos dos impérios da Europa Ocidental e, particularmente, à abrangência dos impérios europeus dos séculos XVIII e XIX. Muitas vezes, essa expansão foi acompanhada de missionários cristãos, que tentaram fazer proselitismo do cristianismo.
De modo geral, o consenso atual seria definir como parte do Ocidente, no mínimo, as culturas e os povos da Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e uma grande parte da América Central e do Sul, como Argentina e Brasil. Há um debate entre estudiosos sobre se a Europa Central e Leste Europeu está em uma categoria própria. Um argumento que justifica essa região europeia como parte do Ocidente é que o centro e o sudeste europeus, além dos Países Bálticos, como a República Checa, Polônia, Hungria, Estônia, Lituânia, Letônia, Eslováquia, Eslovênia, Bulgária e Romênia, são agora membros da União Europeia e da OTAN, organizações majoritariamente compostas por países ocidentais. Essas nações foram tanto fortemente influenciadas quanto influenciaram o mundo ocidental e dividem valores sociológicos e culturais com esse grupo de países. A Grécia e o Chipre não estão localizados geograficamente na Europa ocidental, mas são geralmente considerados uma parte do mundo ocidental. Isto porque a cultura ocidental tem raízes gregas e em parte devido a razões políticas, econômicas e religiosas. A Rússia muitas vezes não é considerada como parte do Ocidente. No entanto, a cultura russa (especialmente a música, a literatura e a pintura) é classificada como uma parte integrante da cultura ocidental.
O termo "cultura ocidental" é usado de forma muito ampla para se referir a uma herança de normas sociais, valores éticos, costumes tradicionais, crenças religiosas, sistemas políticos e artefatos e tecnologias específicas.
Especificamente, a cultura ocidental pode implicar:
uma influência cultural do cristianismo no pensamento, costumes e tradições éticas e morais espirituais, em torno e depois da era pós-clássica;
influências culturais europeias relativas na arte, música, ética, folclore e tradições orais, cujos temas foram desenvolvidos pelo romantismo;
O conceito de cultura ocidental é geralmente ligado à definição clássica do mundo ocidental. Nesta definição, a cultura ocidental é o conjunto de obras literárias, científicas, princípios políticos, artísticos e filosóficos que a distinguem de outras civilizações. Grande parte deste conjunto de tradições e conhecimentos é coletado no Cânone Ocidental.[17]
O termo tem sido aplicado a regiões cuja história é fortemente marcada pela imigração ou colonização europeia, como a América e Austrália, e não está restrito à Europa.
Mapa-múndi representando as quatro categorias do Índice de Desenvolvimento Humano, baseado no relatório publicado em 2020, com dados referentes a 2019.
0,800 – 1,000 (muito alto)
0,700 – 0,799 (alto)
0,555 – 0,699 (médio)
0,350 – 0,554 (baixo)
Sem dados
Originalmente, a expressão indicava as áreas da Europa tradicionalmente católicas ou protestantes. A diferença entre o Ocidente e a sua contrapartida o Oriente é mais velha: no Império Romano já havia diferença entre a parte ocidental latina e a parte oriental, dominada pelos gregos. A separação do Império Romano em uma parte Ocidental e uma parte Oriental em 395 e o cisma de 1054 também reforçaram esta diferença. Ao longo dos séculos, o Grande Cisma causou diferenças determinantes na estrutura social, nas formas dominantes, no domínio das tecnologias aplicadas e desenvolvimento econômico, na filosofia e na ética, na arquitetura, nas artes e no vestuário.
Com a expansão da religião cristã na Europa, a diferença foi levada às outras partes da Europa. Por exemplo, a Rússia e a Bulgária foram convertidas a partir de Constantinopla e fazem parte do "Oriente", enquanto os irlandeses e os neerlandeses pertencem ao Ocidente. Depois da Idade Média, o Ocidente foi caracterizado por um grande número de correntes de desenvolvimento filosófico, tais como o Renascimento, o iluminismo, o protestantismo e o humanismo.
Hoje em dia, usam-se várias definições para o Ocidente:
A definição clássica para o "Mundo Ocidental" compreende os países da Europa (por oposição a Ásia, o "mundo oriental"), e os que têm suas raízes históricas e culturais ligadas à Europa. Nesta definição se incluem, além da própria Europa, também a América e a Oceania e, em parte, também a África do Sul.
A expressão Mundo Ocidental às vezes refere-se ao grupo de países que alcançaram a hegemonia desde a segunda parte do segundo milénio. Nesta definição estão incluídos a Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá (os líderes do mundo ocidental).
Definições de governos servem um alvo legal e administrativo. Às vezes, elas têm pouca relação com definições que foram apresentados acima. Por exemplo, o governo dos Países Baixos considera os imigrantes da Indonésia (uma ex-colônia holandesa) como imigrantes ocidentais.
Ankerl, Guy (2000). Coexisting contemporary civilizations: Arabo-Muslim, Bharati, Chinese, and West. Col: INU societal research. Vol.1:. Global communication without universal civilization. Geneva: INU Press. ISBN2-88155-004-5
Bavaj, Riccardo: "The West": A Conceptual Exploration , European History Online, Mainz: Institute of European History, 2011, retrieved: 28 November 2011.