Nairóbi

capital do Quénia

Nairóbi[2][3] ou Nairobi é a capital, cidade mais populosa e principal centro financeiro, econômico, corporativo e cultural do Quénia. É a maior cidade da África Oriental e está localizada a cerca de 1 700 metros de altitude, às margens do rio Nairobi, no sul do país.[4]

Quénia Nairóbi

Nairobi

 
  Cidade  
Imagens
Imagens
Imagens
Símbolos
Bandeira de Nairóbi
Bandeira
Brasão de armas de Nairóbi
Brasão de armas
Localização
Nairóbi está localizado em: Quênia
Nairóbi
Localização de Nairóbi no Quênia
Coordenadas1° 17' S 36° 49' E
CondadoNairóbi[1]
História
Fundação1899[1]
Características geográficas
População total (2019)4 397 073[1] hab.
Altitude1 661[1] m
Sítiowww.nairobicity.go.ke

Sua população, de acordo com estimativas de 2009, era de 3 138 298 habitantes, distribuídos dentro dos limites da cidade[5] e mais de 3,5 milhões em sua região metropolitana, segundo estimativas de 2010.[5] Situa-se dentro do condado de mesmo nome, da qual também é capital.

Fundada em 1899, sendo uma das cidades mais jovens da África, substituiu Mombaça como capital do Protectorado Britânico da África Oriental em 1905, e posteriormente foi adotada como capital da República do Quénia, formada depois da independência do Reino Unido, em 1963.[6]

Figurando como o principal e mais desenvolvido centro urbano, administrativo, cultural, financeiro e comercial do Quénia, a cidade é a mais populosa da África Oriental e, consequentemente, a 12ª do continente africano.[4] Nos últimos anos, Nairóbi vem despontando como um dos mais prósperos centros africanos, ampliando sua influência regional não apenas no aspecto urbano, mas como no financeiro, politico e cultural. Os habitantes da cidade são chamados de nairobianos ou nairobienses. O nome da cidade, "Nairóbi", é derivado de Enkare Nairobi, frase que na língua massai quer dizer, literalmente, "Águas Gélidas".

História

Fundação

Em maio de 1899, os britânicos, que haviam iniciado a colonização do leste da África, construíram em Nairóbi um terminal ferroviário que fazia a ligação entre Mombaça e Quisumu. A região era apenas habitada por nómadas. No dia 16 de abril de 1900, as principais leis da cidade foram instituídas e a cidade tinha na época um raio de uma milha e meia a partir do escritório do sub-comissionário em Ucamba. Em 24 de julho um comité de cinco homens falou com o sub-comissionário para relatar os problemas da cidade, tais como excesso de bazares e lojas não planeadas, inexistência de candeeiros de rua, de ruas próprias, de dinheiro, de polícias, de recolha de lixo, de conservação. Em 1901 havia apenas uma escola e foi nesse ano que foi fundado o Nairobi Club. No final desse ano o comité ganhou ainda o poder de fazer novas leis. A cidade continuou a crescer economicamente graças ao uso da linha de comboios para exportar, e a população crescia com a chegada de novos barcos. Mais tarde a cidade melhorou em serviços públicos, e bancos como o National Bank of India e o Heubner & Company, hotéis e outros centros de comércio fixaram-se em Nairóbi. Esta foi a mesma altura em que o bazar cresceu bastante.[7]

Depois da Primeira Guerra Mundial, viria a aumentar muito o trânsito de automóvel e a cidade se tornou uma base de negócios e governo.[7]

Era contemporânea

A embaixada dos Estados Unidos, na altura localizada na baixa de Nairóbi, foi bombardeada em agosto de 1998 pela Al-Qaeda, como uma da série de bombardeamentos de embaixadas americanas. Mais de 200 pessoas morreram. É agora o lugar dum parque memorial.[8]

Em 2005 houve manifestações violentas em Nairóbi contra a nova constituição proposta, e a manifestação foi considerada anti-Mwai Kibaki.[9]

Em 21 de setembro de 2013, Nairóbi sofreu um ataque terrorista da milícia radical islâmica Al-Shabab, em represália dessa milícia contra a presença de militares do Quênia e da ONU na Somália .

Geografia

Fotografia aérea de Nairóbi
Girafa no Parque Nacional de Nairóbi

Nairóbi situa-se na região Centro-Sul do país, num planalto de 1 662 m de altitude, a 480 quilómetros de Mombaça (principal porto marítimo do Quénia).

Parques

Nairóbi possui muitos parques e espaços abertos. Grande parte da área urbana do município tem densa cobertura de árvores e muitos espaços verdes. O mais famoso parque em Nairóbi é o Parque Uhuru, situado no distrito central, no bairro Upper Hill.[10] O nome do parque, Uhuru, significa "Liberdade" na língua suaíli, sendo usado principalmente como um um centro de discursos ao ar livre, serviços públicos e comícios políticos.[11]

Clima

Seco a maior parte do ano, os únicos meses chuvosos são abril, maio e novembro. A precipitação é de aproximadamente 66 milímetros por ano. Abril é o mês mais chuvoso da cidade, enquanto julho é o mais seco. A diferença da temperatura média entre o inverno (18 °C) e o verão (20 °C) é pequena, devido a sua localização próxima a Linha do Equador e em uma altitude elevada. O mês mais quente é março, com a média de 22 °C.

Dados climatológicos para Nairóbi
MêsJanFevMarAbrMaiJunJulAgoSetOutNovDez
Temperatura máxima média (°C)24,525,625,624,122,621,520,621,423,724,723,123,4
Temperatura mínima média (°C)11,511,613,114,013,211,010,110,210,512,513,112,6
Precipitação (mm)64,156,592,8219,4176,635,017,523,528,355,3154,2101,0
Fonte: WorldWeather.org[12]

Economia

Centro financeiro de Nairóbi à noite

Em Nairóbi localiza-se o maior parque industrial do Quénia. A indústria ferroviária é a principal geradora de empregos do setor, mas há ainda fábricas de bebidas, cigarros e alimentos industrializados. O turismo tem grande importância económica para a cidade. Os produtos agrícolas produzidos na região que circunda Nairóbi são transportados para o porto de Mombaça para exportação.

Nairóbi desempenha ainda importante papel na Comunidade da África Oriental. É bem servida por rodovias e ferrovias que a ligam a Mombaça, à Tanzânia, ao lago Vitória e ao Uganda. O Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta, a 15 quilómetros da cidade, é um dos maiores da África.

Turismo

Nairóbi é uma das poucas cidades no mundo a possuir um parque nacional dentro de seus limites territoriais, tornando-se um destino turístico de excelência, bem como, conta com várias outras atrações turísticas. O mais famoso é o Parque Nacional de Nairóbi, o único parque de vida selvagem em uma grande cidade no mundo. O parque, criado em 16 de dezembro de 1946, contém muitos animais, incluindo leões, girafas e rinocerontes-negros. O parque abriga mais de 400 espécies de aves.[13]

Conta com universidades, museus de história natural, bibliotecas, teatros e galerias de arte. Alguns destaques são a Grande Mesquisa e o Parque Nacional de Nairóbi, uma reserva natural perto da cidade. Outros destaques são construções de edifícios, deixando a cidade iluminada à noite, e também pela arquitetura de suas casas.

Demografia

Quibera, a maior favela do mundo, com cerca de 2,5 milhões de habitantes.[14]

Nairóbi sofreu uma das maiores taxas de crescimento entre as cidades da África. Desde a sua fundação, em 1899, Nairóbi cresceu e tornou-se a maior cidade da África Oriental, apesar de ser a cidade mais jovem da região.[4]

A taxa de crescimento de Nairóbi é atualmente de 4,1%. Estima-se que a população de Nairóbi chegue aos 5 milhões de habitantes em 2020 e 6 milhões de habitantes em 2025.[4] A população se compõe em várias etnias negras e minorias de origem inglesa e indiana.

Habitação e condições de vida

Há uma grande variedade em relação às condições de vida em Nairóbi. A maior parte da população de Nairóbi vivem na pobreza ou extrema pobreza. Estima-se que metade da população vive em favelas que, por sua vez, cobrem apenas 5% da área urbana da cidade.[15]

O crescimento das favelas é resultado da deficiência da urbanização, planejamento urbano e a indisponibilidade de empréstimos para assalariados de baixa renda.[15]

Panorama de Nairóbi

Infraestrutura

Transportes

Há projetos que estão sendo implementados na necessidade de descongestionar o trânsito da cidade. Vários projetos foram concluídos, como a Estação Ferroviária Syokimau, enquanto outros projetos ainda estão em andamento. O Quénia assinou um acordo bilateral com o Uganda para facilitar o desenvolvimento conjunto da ferrovia que interliga Nairóbi à Mombaça e Campala. A linha de filial também será estendida para Quisumu. Da mesma forma, o Quénia assinou um Memorando de Entendimento com o Governo da Etiópia, para o desenvolvimento da ferrovia que interliga Lamu à Adis Abeba, que também beneficiará o transporte ferroviário em Nairóbi. O desenvolvimento desta ferrovia está entre os projetos prioritários na área do transporte, visto pelo governo.

O desenvolvimento desse meios de transporte é visto como alternativa para reduzir os custos de transporte, devido ao rápido movimento de bens e pessoas na região, também aumentando o comércio, o bem-estar socioeconômico do norte do Quénia e reforçando o potencial do país na atração de investimentos de todo o mundo. Nairóbi é vista como parte central deste desenvolvimento.

Aéreo

Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta

Nairóbi é servida principalmente pelo Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta. É o maior aeroporto da África Central e recebeu mais de 4,9 milhões de passageiros em 2008.[16] O aeroporto serve, além de Nairóbi, quase todas as cidades do Quénia, além de outras cidades menores da região do Leste e Centro da África.[16] O aeroporto está situado a 20 quilômetros do Distrito Empresarial Central de Nairóbi.[16] Este serve diretamente os passageiros intercontinentais da Europa e da Ásia.[16] Recentemente, o aeroporto foi atualizado pelo órgão regulador da aviação mundial, ICAO, e há planejamentos para expandir o aeroporto visando acomodar o aumento do tráfego aéreo, atendendo a voos diretos de destinos distantes, como dos Estados Unidos e Canadá. Além disso, um debate está em curso no governo para adicionar uma segunda pista no aeroporto.

Matatus

Vista do interior de um matatu

Os Matatus são a forma mais comum de transporte público em Nairóbi. Matatu, que se traduz literalmente como "três cêntimos para um passeio", são um tipo de microônibus e a forma mais popular de transporte local, geralmente com 14 ou 24 assentos. Os matatus operam dentro da área urbana de Nairóbi e em outras cidades próximas. O destino seguido pelo matatu é impresso na lateral do meio de transporte, e estes operam em rotas específicas, sendo identificados por números de rotas. Os Matatus são facilmente distinguíveis pelos seus esquemas de pintura extravagantes, com várias decorações coloridas, e enfeites. Estes também são conhecidos pela fragilidade do sistema de segurança que oferecem, resultado de uma condução com superlotação e imprudente. Muitos destes são equipados com sistemas de som potentes e telas de televisão para o entretenimento dos passageiros.

Em 2004 foi aprovada uma lei exigindo que todos os matatus incluíssem cintos de segurança e reguladores de velocidade em suas dependências, além de uma pintura obrigatória de uma faixa amarela.[17] A lei foi tida como polêmica, vista como pressão pelos proprietários de matatu por parte do governo.[17] A velocidade permitida para matatus, estabelecida por lei, é de 80 quilômetros por hora. Em dezembro de 2010, o governo iniciou uma política para eliminar progressivamente o matatu como um meio de transporte público. Consequentemente, há novos matatus licenciados para operar a partir de 2011.[17]

Ônibus

O uso do ônibus como meio de transporte na cidade também é muito comum. Existem quatro empresas de ônibus que operam as principais rotas da cidade: Kenya Bus Service (KBS), Citi Hoppa, MOA e Double M. Os ônibus que servem ao transporte público são distinguíveis pela sua cor verde, sendo que alguns ônibus da empresa MOA são duplos e possuem cor roxa. Outros ônibus da empresa Double M possuem as cores branca e azul.

Rodovias

Dentro dos projetos da Rede Rodoviária Transafricana, a cidade de Nairóbi serve como um ponto de conexão entre a Rodovia Lagos–Mombaça, de acesso à Mombaça (sudeste) e Campala (noroeste), e a Estrada Pan-Africana, de acesso à Adis Abeba (norte) e Dodoma (sul).[18]

Educação

Universidade de Nairobi

Nairóbi possui algumas instituições de ensino superior: A Universidade de Nairóbi, maior e mais antiga universidade no Quénia, criada em 1956 como parte da Universidade do Leste da África, tornando-se uma universidade independente em 1970. A universidade tem cerca de 55 mil estudantes. A Universidade Kenyatta, de caráter pública e criada em 1985. A Universidade de Strathmore, criada como um colégio de nível avançado em 1961, tendo se tornado uma universidade em 1966.

Abastecimento de água

Um dos problemas que comprometem a economia e as condições de vida do país é a escassez de água, causada pela seca e desmatamento. Três do quatro rios que abasteciam a represa Andacaini secaram. Em 2009, o problema foi acentuado pelo desvio ilegal da água que serviria a cidade para fazer a irrigação de fazendas. Por isso, toda a população, mesmo a de bairros nobres, teve de comprar água para suportar o racionamento.[19][20]

Referências

Bibliografia

Ligações externas

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