Miguel Payá y Rico

arcebispo de Santiago de Compostela

Miguel Antonio Domingo Payá y Rico (Beneixama, 20 de dezembro de 1811 - Toledo, 24 de dezembro de 1891) foi um cardeal espanhol da Igreja Católica. Foi arcebispo de Santiago de Compostela e Patriarca das Índias Ocidentais, e sob sua prelazia se "redescobriram" os restos mortais do apóstolo Santiago, que foram escondidos no século XVI por temor às incursões do pirata Francis Drake nas costas galegas. Ele é considerado o impulsor do Caminho de Santiago em nossos dias. Como arcebispo de Toledo e Primaz da Espanha, batizou o rei de Espanha Alfonso XIII.

Miguel Payá y Rico
Cardeal da Santa Igreja Romana
Patriarca das Índias Ocidentais
Info/Prelado da Igreja Católica
Atividade eclesiástica
DiocesePatriarcado das Índias Ocidentais
Nomeação7 de junho de 1886
PredecessorZeferino González y Díaz-Tuñón, O.P.
SucessorAntolín Monescillo
Mandato1886 - 1891
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral24 de setembro de 1836
Nomeação episcopal25 de junho de 1858
Ordenação episcopal12 de setembro de 1858
Catedral de Valência
por Pablo García y Abella, C.O.
Nomeado arcebispo16 de janeiro de 1874
Nomeado Patriarca7 de junho de 1886
Cardinalato
Criação12 de março de 1877
por Papa Pio IX
OrdemCardeal-presbítero
TítuloSantos Ciríaco e Julita
Brasão
LemaHonorificate diligite Deum timete regem fraternitatem
Dados pessoais
NascimentoBeneixama
20 de dezembro de 1811
MorteToledo
24 de dezembro de 1891 (80 anos)
Nacionalidadeespanhol
Funções exercidas- Bispo de Cuenca (1858-1874)
- Arcebispo de Santiago de Compostela (1874-1886)
SepultadoCatedral de Toledo
dados em catholic-hierarchy.org
Cardeais
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Biografia

Sua infância foi passada feliz em Beneixama, juntamente com seu irmão José Ramón, até a morte de seu pai, Miguel Payá Barcel, em 10 de maio de 1820, quando sua mãe Rosa Rico mudou-se para o município vizinho de Onil, buscando apoio familiar, e a fim de administrar sua propriedade.[1][2]

Foi membro do Real Colegio del Corpus Christi, na Universidade Literária de Valência formou-se em filosofia, direito e teologia. Em 24 de setembro de 1836 recebeu a ordenação presbiteral e, na sequência, foi nomeado professor na Universidade, onde lecionou metafísica, ética, literatura, história, lógica, gramática, matemática e astronomia.[1][3]

Sua tendência política liberal-conservadora e sua afinidade com a dinastia Bourbon foi a causa da Junta Revolucionária de Alcira privá-lo de sua cátedra universitária (1841), razão pela qual retirou-se para a paróquia de sua cidade natal, onde cuidou da construção da nova igreja, preparando o cemitério, criando a primeira banda de música, promovendo as festas dos mouros e cristãos, além de fundar a Associação de Caridade Domiciliar e instituir o patrocínio da Divina Aurora, que em grandes solenidades usa a cruz peitoral do cardeal.[1]

Em 1844 atua conjuntamente de professor da Universidade e do Seminário de Valência. Por esta época, em janeiro de 1845, funda o periódico "El Eco de la Religión", em que prega sua cristandade. Ciente de seus méritos, a rainha Isabel II o nomeou pregador-mor de Sua Majestade em 1857.[1][3]

Foi proposto como bispo de Cuenca em 5 de março de 1858, recebendo a ordenação episcopal em 12 de setembro seguinte, na Catedral de Valência, de Pablo García y Abella, C.O., arcebispo de Valência, coadjuvado por Josep Domènec Costa i Borràs, arcebispo de Tarragona e por Manuel López Santisteban, bispo emérito de Ávila.[3][4]

Em Cuenca organizou e presidiu a Associação dos Amigos do País, fundou o Asilo para Órfãos e Sem-Teto e criou a Associação de Caridade. Quando a fome grassou na cidade em 1867, ele deu sua carruagem aos pobres junto com 30 mil reais de sua fortuna pessoal, pelo que ganhou o apelido de "Amigo dos Pobres".[1]

Durante a Terceira Guerra Civil entre a Espanha liberal e tradicionalista, as tropas carlistas subjugaram Cuenca, impondo à cidade um regime de humilhações, crimes e excessos que Payá enfrentou, como na cena em que pede misericórdia aos príncipes pelos vencidos. Essa ação fez com que os espanhóis entendessem que nem todo o episcopado fazia causa comum com realismo intransigente.[1]

Em 1870 elevou sua fama como teólogo com sua intervenção no Concílio Vaticano I, onde defendeu a infabilidade do Papa como dogma de fé. Em 1871, foi eleito como membro do Senado da Espanha pela província de Guipúzcoa, cargo para o qual foi reeleito em 1877.[1][5]

Foi nomeado para a sé arquiepiscopal de Santiago de Compostela em 16 de janeiro de 1874, onde chegou em meio a uma mudança de regime, quase ao mesmo tempo em que o rei Afonso XII entrou na Espanha. Payá era totalmente identificado com a Restauração liderada por Cánovas del Castillo. Fez sua entrada solene em 25 de fevereiro de 1875.[1][3]

Foi criado cardeal pelo Papa Pio IX no Consistório de 12 de março de 1877, sendo-lhe atribuído o barrete vermelho e o titulus de cardeal-presbítero de Santos Ciríaco e Julita em 25 de junho do mesmo ano.[3][4]

Durante seu arcebispado em Santiago de Compostela foram redescobertos os restos do apóstolo São Tiago: empreendendo obras no altar maior em janeiro de 1879, encontram uma urna com ossos humanos, e parecia possível que estivessem diante dos restos do apóstolo São Tiago. Payá encarregou a Universidade de analisar os restos e, com os resultados obtidos, o papa Leão XIII en 1884 anuncia a todo o mundo católico o descobrimento dos restos do apóstolo por meio da bula Deus Omnipotens.[1][3] Como com seu cargo vinha o direito a uma vaga no Senado, em 21 de junho de 1884 fez seu juramento naquela casa.[1][5]

A rainha regente nomeou-o capelão-mor em 6 de abril de 1886, e sua primeira atuação nesta posição foi o batismo do rei Afonso XIII da Espanha, que ocorreu no Palácio Real em 2 de maio de 1886. Foi proclamado Arcebispo de Toledo e Primaz da Espanha, além de Patriarca das Índias Ocidentais pelo Papa Leão XIII em um consistório secreto realizado em 7 de junho do mesmo ano, tornando-se o 106º arcebispo de Toledo.[1][3]

Ele tomou posse em 22 de agosto e chegou de trem em 28 de agosto. Ele tinha setenta e quatro anos e tinha três jurisdições sob seu comando: o ordinário do arcebispado, o palatino e o militar. Fiel seguidor da doutrina social de Leão XIII, ordenou a leitura da encíclica Libertas em todas as paróquias e promoveu a criação de "Juntas Locais Antiescravagistas" (1889), dependentes da Junta Central com sede em Madri, que ofereceu a Payá a presidência honorária da Sociedade Antiescravista Espanhola. Promoveu a abertura da Escola Noturna Católica para Meninos (1889).[1]

Faleceu em Toledo, em 24 de dezembro de 1891, e foi sepultado em 29 de dezembro, em frente à capela da Virgem do Tabernáculo, no local onde se ajoelhou pela primeira vez ao chegar a Toledo.[1][3]

Conclaves

Referências

Ligações externas

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Precedido por
Fermín Sánchez Artesero, O.F.M. Cap.

Bispo de Cuenca

18581874
Sucedido por
Sebastián Herrero Espinosa
de los Monteros
, C.O.
Precedido por
Miguel García Cuesta

Arcebispo de Santiago de Compostela

18741886
Sucedido por
Victoriano Guisasola y Rodríguez
Precedido por
Juraj Haulík Váralyai

Cardeal-presbítero de
Santos Ciríaco e Julita

18771891
Sucedido por
Giuseppe Maria Granniello, B.
Precedido por:
Zeferino González y Díaz-Tuñón, O.P.

Arcebispo de Toledo

Sucedido por:
Antolín Monescillo y Viso

Patriarca das Índias Ocidentais

18861891