Marco Enríquez-Ominami

político chileno

Marco Antonio Enríquez-Ominami Gumucio (Concepción, 12 de junho de 1973) é um cineasta e político chileno. Fundador do Grupo de Puebla e do Partido Progressista.[1]

Marco Enríquez-Ominami
Marco Enríquez-Ominami
Nascimento12 de junho de 1973
Santiago
CidadaniaChile, França
Progenitores
CônjugeKaren Doggenweiler
Alma mater
Ocupaçãopolítico, diretor de cinema, filósofo

Foi deputado entre 2006 e 2010, fazia parte do Partido Socialista, mas trocou sua afiliação política para independente a fim de concorrer ao cargo de Presidente da República do Chile nas eleições de 2009, ficando em terceiro lugar na disputa, com pouco mais de 20% dos votos.[2] Concorreu ao mesmo cargo nas eleições de 2013, 2017 e 2021, mas não conseguiu superar os sufrágios de sua primeira campanha presidencial, não logrando ir para o segundo turno em nenhuma delas.[2]

Enríquez-Ominami é filho de Miguel Enríquez, líder do Movimento de Esquerda Revolucionária, e da socióloga Manuela Gumucio. Seu pai adotivo é o ex-ministro da Economia de Patricio Aylwin (1992) e ex-senador socialista (1994 - 2010) Carlos Ominami. Enríquez-Ominami é casado com a jornalista e apresentadora de televisão Karen Doggenweiler, com quem tem duas filhas. Devido a seu nome grande, é frequentemente chamado de "MEO" tanto na linguagem escrita quanto falada.[3]

Biografia

Infância

Enríquez-Ominami é filho de Miguel Enríquez Espinosa, fundador e secretário-geral do Movimento de Esquerda Revolucionária, e de Manuela Gumucio Rivas, filha de Rafael Agustín Gumucio Vives, ex-senador e fundador do partido político de direita Falange Nacional. É descendente de alemães e escoceses pela família de seu pai e de bolivianos e bascos pela família de sua mãe.

Em novembro de 1973, dois meses após o golpe militar que depôs o governo do presidente Salvador Allende, Enríquez-Ominami e sua família foram expulsos do país através de um decreto militar, sendo barrados de entrar no Chile pelos próximos dez anos. Seu pai, que permaneceu no país para organizar e liderar um grupo clandestino de resistência contra a ditadura de Augusto Pinochet, foi assassinado em outubro de 1974 por agentes da DINA que descobriram seu esconderijo em Santiago. Em 2019, o ministro da Corte Suprema do Chile, Mario Carroza, condenou três policiais pelo crime, entre eles o ex-brigadeiro do Exército Miguel Krassnoff.

Enríquez-Ominami e sua família se refugiaram na França, onde ele cresceu tendo o francês como sua língua materna. Ele cursou a educação básica no Lycée Victor Hugo em Paris entre 1981 e 1986. Em seguida, cursou a educação secundária no Colegio Alianza Francesa e no Saint George's College, ambos em Santiago, quando sua família já não estava mais banida da nação chilena.[3]

Carreira

De 1990 a 1995, Enríquez-Ominami obteve bacharelado em filosofia na Universidade do Chile, onde foi vice-presidente do conselho estudantil. Em 1996, participou de um workshop intensivo para diretores de cinema em La Fémis, em Paris.

A partir de 1998, Enríquez-Ominami começou a trabalhar como diretor executivo da produtora Rivas y Rivas. Em 2002, após produzir e dirigir vários curta-metragens, longa metragens, reportagens, comerciais de televisão e filmes televisivos, dirigiu o documentário político Chile, los héroes están fatigados (em português: Chile, os heróis estão fatigados), que foi selecionado para abrir o 16o Festival de Cinema FIPA em Biarritz. O documentário recebeu prêmios em festivais de San Diego e da Sérvia e Montenegro.

Em 2005, Enríquez-Ominami criou e presidiu a Fundação ChileMedios, através da qual desenvolveu vários estudos sobre o comportamento da audiência de televisão. Ele trabalhou como professor de cinema em universidades chilenas e peruanas e colaborou nas campanhas políticas de Ricardo Lagos e Carlos Ominami no Chile, além de outras no Peru e no México.

Em 2017, lançou o documentário "Isla de Guerreros: Rapa Ariki Matatoa". Durante várias viagens à ilha de Páscoa Enríquez-Ominami entrevistou uma dezena de líderes e habitantes de Rapa Nui para contar a história da ilha e seus desejos de maior autonomia.[4]

Entre 2018 e 2019 realizou o documentário "Hasta la victoria y más allá", que busca refletir a respeito dos acertos, erros e desafios do progressismos e das presidências de esquerda latino-americanas da última década. Para isso, recolheu os depoimentos de Dilma Rousseff do Brasil, Rafael Correa do Equador, José "Pepe" Mujica do Uruguai, Cristina Fernández Kirchner da Argentina e Nicolás Maduro da Venezuela.[3][5][6]

Carreira política

Marco Enríquez-Ominami e Luiz Inácio Lula da Silva em 2009.

Em dezembro de 2005, Enríquez-Ominami foi eleito deputado pelo décimo distrito eleitoral do Chile para o período de quatro anos. Ele obteve a maior votação na história do distrito até então. Como deputado, trabalhou nas comissões de Ciência e Tecnologia e Agricultura e presidiu a comissão de investigação em propaganda estatal e a comissão especial de estudos sobre o regime político chileno. Ele apresentou cerca de 150 projetos de lei, muitos dos quais foram aprovados.

Enríquez-Ominami concorreu à presidência do Chile como candidato independente em 2009. Apesar de ser relativamente desconhecido, Enríquez-Ominami subiu rapidamente nas pesquisas de opinião, conquistando 10% de apoio em abril de 2009, capturando o eleitorado de esquerda insatisfeito com a escolha do democrata-cristão Eduardo Frei como candidato da Concertación.[7] Contudo, obteve o terceiro lugar nas preferências com 1.405.124 votos, o equivalente a 20,14%  do total de votos. A candidatura contou com o apoio, entre outros, do Partido Humanista, do Partido Ecologista, e de outros movimentos sociais. Porém, não conseguiu ir ao segundo turno eleitoral.[2]

Em 2013, ele tentou novamente chegar ao Palácio de La Moneda. Em 17 de novembro daquele ano, obteve 723.542 votos, o que correspondeu a 10,99%  do total de votos, alcançando a terceira colocação entre 9 candidatos.[2]

Em 2017, concorreu pela terceira vez consecutiva à presidência da República.[8] Obteve 376.871 votos, o equivalente a 5,71%  do total de votos validamente expressos, ocupando o 6º lugar entre 8 candidatos.[2] No segundo turno apoiou a candidatura de Alejandro Guillier, de esquerda.[9]

Em 23 de agosto de 2021, registrou no Serviço Eleitoral do Chile sua quarta candidatura à Presidência da República.[2][10] Enríquez-Ominami terminou em sexto lugar novamente, desta vez obteve 7,61%, pouco mais de 534 mil votos. No segundo turno declarou apoio ao candidato Gabriel Boric, segundo ele o representante da "mudança", conta o direitista José Antonio Kast, sobre o qual declarou: "Se Kast vencer, enfrentaremos uma catástrofe no Chile".[11][12][13]

Atualmente é o líder do Partido Progressista (PRO), que fundou em 2010.[14] É coordenador do Grupo de Puebla, fundado em 2019, cujo principal objetivo é articular ideais, modelos produtivos, programas de desenvolvimento e políticas de Estado progressistas; além de procurar deter o avanço das ideias direitistas, neoliberais e conservadoras na América Latina.[15][16]

Referências

Bibliografia

  • Animales políticos. Dialogos filiales. Enríquez-Ominami, Marco; Ominami Pascual, Carlos. 2004. ISBN 9789562473330

Ligações externas

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