Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro

escola brasileira

O Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro é uma escola profissionalizante brasileira de grande tradição, instalada atualmente na Rua Frederico Silva, na Praça XI, Rio de Janeiro.[1]

Em 2022, por conta de problemas financeiros, anunciou a suspensão do ensino básico, o que inclui o ensino infantil e fundamental, mantendo apenas os cursos livres, o pós-ensino médio e a alfabetização no período noturno.[2][3]

Fundação

Liceu de Artes e Ofícios entre 1885 e 1905.

Foi fundado em 1856 pelo comendador Francisco Joaquim Béthencourt da Silva sob os auspícios da Sociedade Propagadora das Belas Artes, a fim de difundir o ensino das belas-artes aplicadas aos ofícios e à indústria, e voltado especialmente para homens livres da classe operária, com o intuito de desenvolver uma sociedade industrial. As mulheres só foram admitidas em 1881. Além das classes em seu estatuto de fundação já se previa a instalação de uma biblioteca, edição de uma revista e realização de exposições com os trabalhos dos alunos. O Liceu foi a primeira escola brasileira a adotar o ensino noturno.[4]

Matérias ensinadas

Com grande ênfase no desenho de figuras e de ornatos, logo o currículo oferecia aulas de arquitetura naval, português, aritmética, álgebra, geometria, francês, inglês, música, geografia, estatuária e escultura, caligrafia, história das artes e ofícios, estética, mecânica aplicada, física, química inorgânica e orgânica.

Sedes

Em 1858, com muita dificuldade para encontrar um prédio para alugar, Béthencourt da Silva conseguiu que a administração da Irmandade da Matriz do Santíssimo Sacramento da Antiga Sé, na avenida Passos, cedesse o espaço do seu consistório para o início das aulas do Liceu. Ministravam inicialmente 28 professores, todos figuras ilustres, sem remuneração, no prédio do Consistório da Irmandade do Santíssimo Sacramento da antiga , que logo requisitou o espaço, obrigando à mudança do Liceu para a Igreja São Joaquim, onde permaneceu até 1877, com uma interrupção nas atividades entre 1860 e 1863 por falta de verbas. Em 1878 passou a funcionar na antiga sede da Secretaria do Império, ainda com recursos escassos apesar das constantes doações em dinheiro e materiais, fazendo com que as oficinas só entrassem em atividade em 1899.[5]

Entrementes, em 1882 iniciaram as exposições, que só ficavam atrás em importância às da Academia Imperial de Belas Artes.

No mesmo ano foi estabelecido o Curso de Comércio, que seria o único curso regular em sua área até a fundação da Academia de Comércio do Rio de Janeiro em 1902.[6]

Falecendo seu fundador em 1911, assumiu seu filho o doutor Bethencourt Filho, que permaneceu à testa da instituição até 1928. Em sua gestão foram criadas as oficinas gráficas, de douração, encadernação e o ateliê de água-forte. Seu patrimônio cresceu com a incorporação de novos terrenos e a ampliação de seus espaços, transferindo-se para uma área de 5 mil na antiga avenida Central.[4]

Professores e alunos

O Liceu foi uma das mais importantes instituições de ensino artístico e profissionalizante no Brasil até a primeira metade do século XX. Contou com mestre ilustres e alunos que se tornaram figuras importantes no cenário nacional.

Dentre seus professores mais antigos vale lembrar Agostinho José da Mota, Luigi Stallone, o romancista Manuel Antônio de Almeida, François-René Moreaux, que foi seu primeiro diretor, Costa Miranda, Vitor Meireles, Francisco Antônio Néri,[7] José Maria de Medeiros, Pedro Peres, Oscar Pereira da Silva, Carlos Oswald e Carlos de Laet que lecionava francês.[8]

Entre os seus alunos mais ilustres, Rodolfo Amoedo, Carlos Chambelland, Sílvio Pinto, Eliseu Visconti, Guttmann Bicho, Francisco Stockinger, Cândido Portinari, Renina Katz e Rubens Gerchman.

O Liceu hoje

O Liceu continua em funcionamento e conta atualmente com cursos técnicos de publicidade e informática, e grande variedade de outros livres em artes plásticas, artes cênicas, dança, esporte e saúde.[1]

Dificuldade financeira e extinção de atividades

Em dezembro de 2022, anunciou a suspensão do ensino básico, o que inclui o ensino infantil e fundamental I (do 1º ao 5º ano), mantendo apenas os cursos livres gratuitos, o pós-ensino médio e alfabetização no período noturno.[2][3] No passado, ainda por conta das dívidas, teve que encerrar as atividades do ensino fundamental II e médio.[2]

A instituição vem passando por dificuldades financeiras, fruto de passivos trabalhistas – que somam cerca de R$ 4 milhões –, acumula dívidas e sofre com atraso na folha de pagamento.[9][2] A Secretaria de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc-RJ) informou que vem cumprindo com a decisão judicial de 2020, e deposita regularmente os pagamentos, tendo depositado R$ 3.87 milhões desde então.[2][3]

Referências

Ligações externas