Leon Hirszman

documentarista brasileiro (1937-1987)

Leon Hirszman (Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1937 — Rio de Janeiro, 15 de setembro de 1987) foi um cineasta brasileiro e um dos principais expoentes do movimento conhecido como Cinema Novo. Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), sua obra é marcada pela influência de teses marxistas centrais nos debates políticos da América Latina e pela representação politizada da classe trabalhadora.[1]

Leon Hirszman
Leon Hirszman
Nascimento22 de novembro de 1937
Rio de Janeiro, DF
Morte15 de setembro de 1987 (49 anos)
Rio de Janeiro, RJ
OcupaçãoCineasta

Biografia

Ainda estudante de Engenharia iniciou suas atividades em cineclubes e ligou-se a Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Oduvaldo Viana Filho. Começou suas atividades cinematográficas junto com sua vigorosa e consistente militância política, no movimento estudantil no Rio de Janeiro, tendo sido um dos fundadores do Centro Popular de Cultura (CPC), da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Foi no CPC que ele realizou sua primeira produção, o curta "Pedreira de São Diogo", um dos cinco episódios do filme "Cinco vezes favela", lançado em 1962. Seu primeiro longa de ficção foi uma adaptação de Nelson Rodrigues, A Falecida, estrelada por Fernanda Montenegro e Ivan Cândido e que já versava sobre um dos temas caros a Leon: a alienação das classes populares.

Documentarista e autor de ficção, em sua obra figuram os documentários "Nelson Cavaquinho", "Megalópolis (1972)", "Ecologia" e "Sexta-feira da Paixão, Sábado de aleluia". Em 1971, ele realiza o longa-metragem "S. Bernardo", baseado na história homônima de Graciliano Ramos, que apesar do enorme sucesso de crítica, não conseguiu se transformar em sucesso de público.

Ainda na década de 1970 filmou os importantes documentários "Cantos do trabalho no campo" em 1976, o longa-metragem "Que país é esse? em 1977, "Rio, carnaval da vida em 1978 e realizou o longa "ABC da Greve", sobre o movimento operário da região do ABC paulista.

Em 1981 recebeu a consagração de público e crítica, e três prêmios no Festival de Veneza, também indicado ao Leão de Ouro, com o filme "Eles não usam black-tie", adaptação da peça teatral de Gianfrancesco Guarnieri, que escreveu com Leon o roteiro e os diálogos do filme. Gianfrancesco Guarnieri também trabalhou como ator no filme fazendo o papel de Otávio, o pai, militante e corajoso, que entra em conflito com o filho Tião (Carlos Alberto Riccelli), dividido entre suas aspirações por uma vida pequeno-burguesa ao lado da noiva Maria (Bete Mendes) e as exigências do movimento grevista. Guarnieri compôs com Fernanda Montenegro (genial no papel de Romana, mulher de Otávio), um dos momentos de maior expressividade do cinema: a cena em que ambos, desolados por causa da ruptura com o filho e pela morte do amigo Bráulio (Milton Gonçalves) se põem a catar feijão.

"Eles não usam black-tie" recebeu outros importantes prêmios como: Grande Prêmio Coral Negro no 3º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano, em 1981; Grande Prêmio do Festival dos Três Continentes e Espiga de Ouro do Festival Internacional de Vallodolid, também em 1981, alem do Prêmio Air France de 1982.

Leon Hirszman teve um papel extremamente importante na afirmação do cinema brasileiro e deixou vários textos onde se pode ler agudas reflexões sobre as condições da produção cinematográfica no Brasil, o mercado nacional e sua respectiva legislação de proteção, a Embrafilme, as correntes de criação cinematográfica e o cinema político.

Leon morreu vítima de AIDS, depois de quase um ano de tratamento, deixando três filhos: Irma, Maria e João Pedro, e sua companheira, Cláudia Fares Menhem.

Filmografia

Key
indica ser documentário de longa-metragem indica ser documentário de curta-metragem
Lista de filmes dirigidos por Leon Hirszman
AnoTítuloObservações
1962Pedreira de São Diogoalém da direção, também assina o roteiro
1964Maioria Absoluta além da direção, também assina o roteiro
1965A Falecidaalém da direção, também assina o roteiro (com Eduardo Coutinho)
1967Garota de Ipanemaalém da direção, também assina o roteiro (com Eduardo Coutinho)
1969Nelson Cavaquinho
1969Sexta-Feira da Paixão, Sábado de Aleluia
1972S. Bernardoalém da direção, também assina o roteiro
1973Megalópolis filme institucional
1973Ecologia filme institucional
1974-1976Cantos de Trabalho trilogia com os curtas-metragem Mutirão[2], Cacau[3] e Cana-de-Açúcar[4]
1976Que País É Este? além da direção, também assina o roteiro (com Zuenir Ventura)
1978Carnaval do Povo além da direção, também assina o roteiro (com Sérgio Cabral)
1981Eles Não Usam Black-Tiealém da direção, também assina o roteiro (com Gianfrancesco Guarnieri)
1982Partido Alto além da direção, também assina o roteiro
1988Imagens do Inconsciente lançamento póstumo; além da direção, também assina o roteiro (com Nise da Silveira)
1990ABC da Greve lançamento póstumo; finalizado sob supervisão do diretor de fotografia Adrian Cooper; além da direção, também assina o roteiro
1995Cinema Brasileiro: Mercado Ocupado lançamento póstumo; além da direção, também assina o roteiro
1996Bahia de Todos os Sambas lançamento póstumo; codireção (com Paulo Cesar Saraceni)
2014Posfácio: Imagens do Inconsciente lançamento póstumo

Restauração da obra

A obra de Leon Hirszman vem sendo restaurada digitalmente e relançada em DVD pela Videofilmes. Já foram restaurados os seguintes títulos

DVDs 1 e 2 (2007)
  • Eles não usam black-tie
  • ABC da greve
  • Pedreira de São Diogo (1962) – roteiro e direção
  • Megalópolis (1972)
  • Ecologia (1972)
  • Deixa que eu falo (documentário de Eduardo Escorel sobre Hirszman)
DVD 3 (2008)
  • S. Bernardo (1972) – roteiro e direção
  • Maioria absoluta (1964) – roteiro e direção
  • Cantos do trabalho: Cacau (1976) – direção
  • Cantos do trabalho: Cana-de-açúcar (1976) – direção
  • Cantos do trabalho: Mutirão (1975) – direção

Referências

Ligações externas

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