Jorge Andrade (dramaturgo)
Aluísio Jorge Andrade Franco, também, grafado como Aluízio Jorge Andrade Franco,[1][2] mais conhecido como Jorge Andrade ou Jorge de Andrade[3] (Barretos, 21 de maio de 1922 — São Paulo, 13 de março de 1984), foi um dramaturgo, autor de telenovelas, jornalista, e escritor brasileiro.[4][5][6]
Jorge Andrade | |
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Nome completo | Aluísio Jorge de Andrade Franco |
Nascimento | 21 de maio de 1922 Barretos, ![]() |
Nacionalidade | brasileiro |
Morte | 13 de março de 1984 (61 anos) São Paulo, ![]() |
Ocupação | dramaturgo, escritor, autor de telenovelas, jornalista |
Atividade | 1950-1984 |
Jorge Andrade é considerado um dos dramaturgos brasileiros mais importantes do Século XX pela crítica[7][8], também teve peças teatrais adaptadas para telenovelas e atuou como jornalista em revistas como Visão e Realidade, além de escrever crônicas no jornal Folha de S. Paulo.[6] O dramaturgo começou a escrever suas primeiras peças na década de 1950.[5][6] É conhecido por utilizar de elementos da história brasileira para escrever as suas peças, como "A Moratória", "Os Ossos do Barão" e '"Vereda da Salvação", realizando um recorte temporal que vai do Século XVII ao XX da História do Brasil que estão reunidas na antologia, "Marta, a Árvore e o Relógio"[9], publicada em 1970.[5][6][7]
Biografia
Aluísio Jorge Andrade Franco nasceu na cidade de Barretos, em 21 de maio de 1922, filho de Albertina Junqueira de Andrade e Ignácio de Lima Franco.[1][2] Jorge Andrade casou-se com Helena de Almeida Prado em 1956, com quem teve quatro filhos, Gonçalo de Almeida Prado Franco, Marcelo de Almeida Prado Franco, Blandina de Almeida Prado Franco e Camila de Almeida Prado Franco.[1][2]
Infância e juventude
Em seus primeiros anos de vida viveu entre a fazenda de seu pai e a de seu avô, entre as cidades de Bebedouro, Barretos e São Paulo.[10][11] Filho de fazendeiros, Jorge Andrade, viveu boa parte de sua infância e adolescência nas propriedades de sua família.[1][5][10] Ao terminar o ensino básico, ingressou na Faculdade de Direito e mudou-se São Paulo, onde viveu por algum tempo até decidir abandonar o curso e retornar para a fazenda de seu pai, lá trabalhou para os negócios da família.[1][10][12]
Nos anos seguintes, Jorge Andrade, entra em conflito com seu pai, Ignácio, e decide afastar-se dos negócios da família e da fazenda ao final da década de 1950, assim, decide viajar para São Paulo.[10] Enquanto estava hospedado na capital paulista, sem saber o que fazer ou onde ir, retoma o hábito antigo de ir ao teatro e neste momento a peça “Anjo de Pedra” estava em cartaz com Cacilda Becker como atriz principal, este encontro de Jorge com Cacilda marcará para sempre sua trajetória.[1][10][12]
Carreira na dramaturgia, televisão e jornalismo
Jorge Andrade começou sua carreira após ser apresentado, na década de 1950, à atriz Cacilda Becker, quando tinha 28 anos.[13] Ela o incentivou para escrever teatro e o indicou para realizar inscrição no curso da Escola de Arte Dramática (EAD).[4][5][6][10]
Sua obra faz uma reconstrução da História do Brasil, sobretudo o Ciclo do café, além de ressaltar o problema da decadência dos valores patriarcais que dominavam a política na época.[5][6][14]
Estreou profissionalmente como dramaturgo em 1954, com "A Moratória" [14][15], conquistando o Prêmio Saci.[5] Seguiram-se várias peças de 5 sucesso, como "Vereda da Salvação"[16] e "Pedreira das Almas"[17].[4] Publicou, em 1970 pela Editora Perspectiva, a antologia do seu ciclo dramático, "Marta, a Árvore e o Relógio"[9], narrando a formação da sociedade paulista e brasileira num intervalo histórico do século XVII ao XX.[6]
O seu maior sucesso comercial foi a peça "Os Ossos do Barão"[18], que permanece até hoje, mais de quatro décadas depois, como a peça que mais tempo ficou em cartaz do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), uma marca de qualidade dos bons tempos do TBC. A peça esteve em cartaz no ano de 1963 e teve mais de 500 apresentações, com um público estimado de 130 mil espectadores.[19][7][10]
Sua estreia na televisão foi com a telenovela "Os Ossos do Barão", em 1973.[20] Era uma adaptação que fundia duas peças: "A Escada"[18] e "Os Ossos do Barão".[19] Tornou-se polêmico e incompreendido com "O Grito", em 1975.[21]
Em 1978 publicou a peça "Milagre na Cela"[22] e o romance autobiográfico "Labirinto"[11]. No ano seguinte, 1979, publicou a sua última peça, "O Incêndio", baseado no linchamento de Chapecó.[5][6][10][23] Também, neste mesmo ano escreveu a telenovela "Gaivotas" para a TV Tupi, trabalho que lhe valeu o prêmio de melhor escritor de televisão do ano conferido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte.[6]
Seus últimos trabalhos para a televisão foram na TV Bandeirantes, na década de 1980, com "Os Adolescentes", "Ninho da Serpente" (um de seus maiores êxitos) e "Sabor de Mel", sua última novela, estrelada por Raul Cortez e Sandra Bréa.[6]
Outras obras teatrais publicadas de Jorge Andrade são "O Telescópio",[17] "Senhora na Boca do Lixo",[24] "Rasto Atrás",[25] "As Confrarias",[9] e "O Sumidouro".[9]
Morte
Jorge Andrade morreu vítima de uma embolia pulmonar, no INCOR, na cidade de São Paulo, seis meses depois de ter realizado uma operação para a implantação de três pontes safena e de ter sofrido um infarte durante essa cirurgia.[26]
Obras
A bibliografia de Jorge Andrade é extensa, o dramaturgo teve uma produção expressiva nas décadas de 1950 e 1960 na dramaturgia e nas décadas seguintes, 1970 e inicio de 1980, dedicou-se a produção de telenovelas e especiais para a televisão. Jorge Andrade teve obras que não foram publicadas conforme as pesquisas desenvolvidas por Elizabeth Ribeiro Azevedo[5] e Catarina Sant'Anna[6], outras foram publicadas individualmente e algumas na antologia "Marta, a Árvore e o Relógio"[9], abaixo as obras que se têm conhecimento da existência.
Peças teatrais
- 1951 - O Telescópio[17] (Publicado em 1960 e incluso na antologia Marta, a Árvore e o Relógio de 1970)
- 1952 - Colunas do Templo (Não publicada)
- 1954 - O Incêndio[23] (Publicado em 1979)
- 1954 - A Moratória[15] (Publicado em 1955 e incluso na antologia Marta, a Árvore e o Relógio de 1970)
- 1957 - Pedreira das Almas[17] (Publicado em 1958 e incluso na antologia Marta, a Árvore e o Relógio de 1970)
- 1960 - A Escada[18] (Publicado em 1964 e incluso na antologia Marta, a Árvore e o Relógio de 1970)
- 1962 - Os Ossos do Barão[18] (Publicado em 1964 e incluso na antologia Marta, a Árvore e o Relógio de 1970)
- 1963 - Senhora na Boca do Lixo[24] (Publicado pela primeira vez em 1968 e incluso na antologia Marta, a Árvore e o Relógio de 1970)
- 1963 - Vereda da Salvação[16] (Publicado em 1965 e incluso na antologia Marta, a Árvore e o Relógio de 1970)
- 1966 - Rasto Atrás[25] (Publicado em 1967 e incluso na antologia Marta, a Árvore e o Relógio de 1970)
- 1968 - A Receita (Não publicada)
- 1969 - As Confrarias (Publicado em 1970 na antologia Marta, a Árvore e o Relógio)
- 1969 - O Sumidouro (Publicado em 1970 na antologia Marta, a Árvore e o Relógio)
- 1972 - Milagre na Cela[22] (Publicado em 1978)
- 1972 - O Mundo Composto (Publicado em 1972)
- 1978 - A Zebra (Publicada na coleção da Feira Brasileira de Opinião[27])
- 1978 - A Loba (Não publicada)
- 1980 - O Terceiro Elo (A Corrente) (Não publicado)
Antologia dramatúrgica
Literatura
- 1978 - Labirinto (Publicado pela Editora Paz e Terra)
Filmografia
Telenovelas
- 1973 - Os Ossos do Barão (Rede Globo)
- 1975 - O Grito (Rede Globo)
- 1979 - Gaivotas (TV Tupi)
- 1980 - Dulcinéa Vai à Guerra (Band)
- 1981 - Os Adolescentes (Band)
- 1982 - Ninho da Serpente (Band)
- 1983 - Sabor de Mel (Band)
Filmes
- 1965 - Vereda da Salvação (Direção e produção de Anselmo Duarte)
- 1983 - A Freira e a Tortura (Direção de Ozualdo Candeias)
Televisão (outros)
- 1974 - Exercício Findo (Rede Globo)
- 1982 - A Senhora na Boca do Lixo (TV Cultura)
- 1983 - Mulher Diaba (Rede Bandeirantes)