Língua inglesa

língua germânica ocidental
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Inglês

English

Pronúncia:/ˈɪŋglɪʃ/
Falado(a) em:(ver abaixo)
Total de falantes:≅ 500 milhões (língua nativa)
≅ 1,4 bilhão (segunda língua)[1][2]
Posição: 1.ª (não nativa) e 4.ª (nativa)
Família:Indo-europeia
 germânica
  germânica ocidental
   anglo-frísia[3]
    ânglica
     Inglês
Escrita: alfabeto latino
Estatuto oficial
Língua oficial de: 53 países
Nações Unidas
União Europeia
Comunidade das Nações
Conselho da Europa
OTAN
NAFTA
OEA
OCI
UKUSA
Regulado por: sem regulamentação oficial
Códigos de língua
ISO 639-1:en
ISO 639-2:eng
ISO 639-3: eng
  Países onde o inglês é a língua de facto em azul escuro
  Países onde o inglês é a língua oficial, mas não é a língua de facto

Inglês (English) é uma língua indo-europeia germânica ocidental que surgiu nos reinos anglo-saxônicos da Inglaterra e se espalhou para o que viria a tornar-se o sudeste da Escócia, sob a influência do reino anglo medieval da Nortúmbria. Após séculos de extensa influência da Grã-Bretanha e do Reino Unido desde o século XVIII, através do Império Britânico, e dos Estados Unidos desde meados do século XX,[4][5][6][7] o inglês tem sido amplamente disperso em todo o planeta, tornando-se a principal língua do discurso internacional, uma língua franca em muitas regiões e também é o segundo idioma de muitas pessoas em vários países pelo mundo.[8][9] O idioma é amplamente aprendido como uma segunda língua e usado como língua oficial da União Europeia, das Nações Unidas e de muitos países da Commonwealth, bem como de muitas outras organizações mundiais. É o terceiro idioma mais falado em todo o mundo como primeira língua, depois do mandarim e do espanhol.[10]

Historicamente, o inglês originou-se da fusão de línguas e dialetos, agora coletivamente denominados inglês antigo, que foram trazidos para a costa leste da Grã-Bretanha por povos germânicos (anglo-saxões) no século V, sendo a palavra english derivada do nome dos anglos e, finalmente, de sua região ancestral de Angeln (no que é agora Schleswig-Holstein).[11] Um número significativo de palavras em inglês é construído com base nas raízes do latim, visto que esse idioma foi, de alguma forma, a língua franca da Igreja Cristã e da vida intelectual europeia.[12] O inglês foi mais influenciado pela língua nórdica antiga, devido a invasões viquingues nos séculos VIII e IX.

A conquista normanda da Inglaterra no século XI originou fortes empréstimos do franco-normando e as convenções de vocabulário e ortografia começaram a dar a aparência superficial de uma estreita relação do inglês com as línguas românicas,[13][14] o que agora é chamado de inglês médio. A Grande Mudança Vocálica, que começou no sul da Inglaterra no século XV é um dos eventos históricos que marcam o surgimento do inglês moderno a partir do inglês médio.

Devido à assimilação das palavras de muitos outros idiomas ao longo da história moderna, o inglês contém um vocabulário muito grande. O inglês moderno não só assimilou palavras de outras línguas europeias, mas também de todo o mundo, incluindo palavras do hindi e de origens africanas. O Oxford English Dictionary lista mais de 250 000 palavras distintas no idioma, não incluindo muitos termos técnicos, científicos ou gírias.[15][16]

História

Ver artigo principal: História da língua inglesa
Primeira página do manuscrito Beowulf.

O inglês é uma língua germânica ocidental que se originou a partir dos dialetos anglo-frísio e saxão antigo trazidos para a Grã-Bretanha por colonos germânicos de várias partes do que é hoje o noroeste da Alemanha, Dinamarca e Países Baixos.[17] Até essa época, a população nativa da Bretanha Romana falava língua celta britânica junto com a influência acroletal do latim, desde a ocupação romana de 400 anos.[18]

Uma das tribos germânicas que chegaram à Grã-Bretanha foram os anglos,[19] que Beda acreditava terem mudado completamente a Bretanha.[20] Os nomes england (de Engla land[21] ou "terra dos anglos") e english (do inglês antigo englisc[22]) são derivados do nome dessa tribo; no entanto saxões, jutos e uma variedade de povos germânicos a partir das costas da Frísia, Baixa Saxônia, Suécia e Jutlândia do Sul também se mudaram para a Grã-Bretanha nesta época.[23][24][25]

Inicialmente, o inglês antigo era um grupo diverso de dialetos, o que reflete as origens variadas dos reinos anglo-saxões da Grã-Bretanha,[26] mas um desses dialetos, o saxão ocidental, por fim passou a dominar e é neste que o poema Beowulf foi escrito.

O inglês antigo mais tarde foi transformado por duas ondas de invasões. O primeiro foi por falantes do ramo linguístico germânico setentrional, quando Haldano e Ivar, o Desossado começaram a conquista e a colonização do norte das Ilhas Britânicas, nos séculos VIII e IX (ver Danelaw). A segunda foi por falantes do normando antigo, uma língua românica, no século XI com a conquista normanda da Inglaterra. O normando desenvolveu-se para anglo-normando e depois para anglo-francês, quando introduziu uma nova gama de palavras, especialmente através dos tribunais e do governo. Além do alargamento do léxico com palavras escandinavas e normandas, estes dois eventos também simplificaram a gramática e transformaram o inglês em uma linguagem de empréstimo, mais aberta para aceitar novas palavras de outras línguas.

As mudanças linguísticas no inglês após a invasão normanda produziu o que é agora conhecido como inglês médio, sendo The Canterbury Tales, de Geoffrey Chaucer, a obra mais conhecida.

Durante todo este período o latim, de alguma forma, era a língua franca da vida intelectual europeia, em primeiro lugar o latim medieval da Igreja Cristã, mas depois o latim humanista da Renascença e aqueles que escreveram ou copiaram textos em latim[12] comumente cunharam novos termos do idioma para se referir a coisas ou conceitos para os quais não havia nenhuma palavra nativa existente no inglês.

O inglês moderno, que inclui as obras de William Shakespeare[27] e a Bíblia King James, é geralmente datado de cerca de 1550, e quando o Reino Unido se tornou uma potência colonial, o idioma serviu como língua franca das colônias do Império Britânico. No período pós-colonial, algumas das nações recém-criadas que tinham várias línguas nativas optaram por continuar a empregar o inglês como língua franca para evitar as dificuldades políticas inerentes à promoção de qualquer língua própria acima das outras. Como resultado do crescimento do Império Britânico, o inglês foi adoptado na América Anglo-Saxônica, Índia, África, Austrália e em muitas outras regiões, uma tendência alargada com o surgimento dos Estados Unidos como uma superpotência em meados do século XX, nomeadamente após a Segunda Guerra Mundial.

Distribuição geográfica

Ver artigos principais: Anglofonia e América Anglo-Saxônica


  Estados Unidos (66%)
  Reino Unido (16.7%)
  Canadá (5.3%)
  Austrália (4.7%)
  África do Sul (1.3%)
  Irlanda (1.1%)
  Nova Zelândia (0.2%)
  Outro (4.7%)

Cerca de 375 milhões de pessoas falam inglês como sua primeira língua.[28] O inglês hoje é provavelmente a terceira maior língua em número de falantes nativos, depois do chinês mandarim e do espanhol.[10][29] No entanto, quando se combina nativos e não nativos é provavelmente a língua mais falada no mundo, embora eventualmente a segunda, ficando atrás de uma combinação dos idiomas chineses (dependendo ou não das distinções esses idiomas são classificados como "línguas" ou "dialetos").[30][31]

As estimativas que incluem falantes do inglês como segunda língua variam entre 470 milhões a mais de um bilhão, dependendo de como a alfabetização ou o domínio é definido e medido.[32][33] O professor de Linguística David Crystal calcula que os não-falantes já superam o número de falantes nativos em uma proporção de 3-1.[34]

Os países com maior população de falantes nativos de Inglês são, em ordem decrescente: Estados Unidos (215 milhões),[35] Reino Unido (61 milhões),[36] Canadá (18,2 milhões),[37] Austrália (15,5 milhões),[38] Nigéria (4 milhões),[39] Irlanda (3,8 milhões),[36] África do Sul (3,7 milhões),[40] e Nova Zelândia (3,6 milhões), conforme censo de 2006.[41] Entretanto, apesar de os Estados Unidos ser o país com o maior número de nativos que falam esta língua, o inglês não é o idioma oficial do país, que não têm, em sua Constituição, a designação de um idioma oficial, ao contrário do Brasil, por exemplo, que define o português como sua língua constitucional.[42] É possível, inclusive, que cada estado norte-americano adote a língua que quiser como a sua oficial, bastando para isso criar um artigo em sua legislação estadual.[43]

Países como as Filipinas, Jamaica e Nigéria também têm milhões de falantes nativos de dialetos contínuos que vão do crioulo de base inglesa à versão mais padrão do inglês. Dessas nações onde o inglês é falado como segunda língua, a Índia tem o maior número de falantes (inglês indiano). Crystal afirma que, combinando os falantes nativos e não nativos, a Índia agora tem mais pessoas que falam ou entendem o inglês do que qualquer outro país do mundo.[44][45]

Idioma global

O inglês deixou de ser uma "linguagem inglesa", no sentido de pertencer apenas às pessoas que são etnicamente inglesas.[46][47] O uso do idioma está crescendo ao redor do mundo para a comunicação internacional. A maioria das pessoas aprendem inglês por razões práticas, em vez de ideológicas.[48] Muitos falantes do inglês na África tornaram-se parte de uma comunidade linguística "afro-saxã" que une africanos de diferentes países.[49]

O inglês moderno, por vezes descrito como a primeira língua franca global,[50][51] também é considerado como a primeira língua mundial.[52][53] O idioma é o mais usado do mundo em publicações de jornais e livros, nas telecomunicações internacionais, na publicação científica, no comércio internacional, no entretenimento de massa e na diplomacia.[53] O inglês é, por um tratado internacional, a base para as línguas naturais controladas.[54] Seaspeak e Airspeak são utilizadas como línguas internacionais auxiliares de navegações marítimas[55] e da aviação.[56] O inglês substituiu o alemão como língua dominante na pesquisa científica[57] e atingiu paridade com o francês como uma língua diplomática após as negociações do Tratado de Versalhes em 1919.[58]

Na época da fundação da Organização das Nações Unidas no fim da Segunda Guerra Mundial, o inglês tornou-se proeminente[59] e é agora a principal língua em todo o mundo das relações internacionais,[60] além de ser uma das seis línguas oficiais das Nações Unidas.[61] Muitas outras organizações internacionais em todo o mundo, como o Comitê Olímpico Internacional e a União Europeia, especificam o inglês como sua língua de trabalho ou oficial. Apesar de na maioria dos países o inglês não ser uma língua oficial, é atualmente a língua mais frequentemente ensinada como língua estrangeira.[50][34]

Alfabeto inglês

Ver artigo principal: Alfabeto inglês

O inglês é escrito no alfabeto latino, sem nenhum carácter especial. Há aparentes exceções em palavras que mantém a grafia estrangeira, como naïve, Noël e fête. Os nomes das letras são os seguintes:

ABCDEFGHIJKLM
nomeabeeceedeeeefgeeaitchijaykayelem
pronúncia (IPA)/ˈeɪ//ˈbiː//ˈsiː//ˈdiː//ˈiː//ˈεf//ˈdʒiː//ˈeɪtʃ//ˈaɪ//ˈdʒeɪ//ˈkeɪ//ˈεɫ//ˈεm/
NOPQRSTUVWXYZ
nomeenopeecuearessteeuveedouble-uexwyezee (EUA) ou zed (R.U.)
pronúncia (IPA)/ˈɛn//ˈoʊ//ˈpiː//ˈkjuː//ˈɑr//ˈɛs//ˈtiː//ˈjuː//ˈviː//ˈdʌbəɫjuː//ˈɛks//ˈwaɪ//ˈziː/ ou /ˈzed/

Fonologia

Vogais

AFIDescriçãoexemplo
monotongos
i/iːalta, anterior, não-arredondadabead
ɪmédia alta, central anterior, não-arredondadabid
ɛmédia baixa, anterior, não-arredondadabed
æmédia baixa, anterior, não-arredondadabad
ɒbaixa, posterior, arredondadabox[nota 1]
ɔ/ɑmédia baixa, posterior, arredondadapawed[nota 2]
ɑ/ɑːbaixa, posterior, não-arredondadabra
ʊmédia alta, central posteriorgood
u/uːalta, posterior, arredondadabooed[nota 3]
ʌ/ɐ/ɘmédia baixa, posterior, não-arredondada; média baixa, centralbud
ɜː ou
ɝ
média baixa, central, não-arredondada ou
retroflexa
bird[nota 4]
əmédia baixa, posterior, não-arredondadaRosa's[nota 5]
ɨalta, central, não-arredondadaroses[nota 6]
Ditongos
e(ɪ)/eɪmédia alta, anterior, não-arredondada
alta, anterior não-arredondada
bayed[nota 7]
o(ʊ)/əʊmédia alta, posterior, arredondada
média alta, central posterior
bode[nota 7]
baixa, anterior, não-arredondada
média alta, central anterior, não-arredondada
cry
baixa, anterior, não-arredondada
média alta, central posterior
bough
ɔɪmédia baixa, posterior, arredondada
alta, anterior, não-arredondada
boy
ʊɚ/ʊəmédia alta, central posterior
média baixa, posterior, não arredondada
boor[nota 8]
ɛɚ/ɛə/eɚmédia baixa, anterior, não-arredondada
média baixa, posterior, não arredondada
fair[nota 9]

Consoantes

Este é o sistema de consoantes da língua inglesa, transcritos com os símbolos do Alfabeto Fonético Internacional (AFI).

 BilabiaisLabio-
dentais
DentaisAlveolaresPalato-
alveolares
PalataisVelaresLabio-
velares
Glotal
Nasaism  n  ŋ[nota 10] 
Plosivasp  b  t  d  k  ɡ 
Africadas    tʃ  dʒ[nota 11]   
Fricativas f  vθ  ð[nota 12]s  zʃ  ʒ[nota 11]ç[nota 13]x[nota 14]h
Vibrante simples   ɾ[nota 15]    
Aproximantes   ɹ[nota 11] j ʍ  w[nota 16] 
Lateral   l    

Gramática

A língua inglesa possui um sistema de inflexão muito simples, se comparado com a maioria das línguas indo-europeias. Não tem gênero gramatical, pois os adjetivos são invariáveis. Há entretanto, resquícios de flexão casual (o genitivo saxônico e pronomes oblíquos).[carece de fontes?]

Os verbos regulares têm apenas 6 formas distintas, duas das quais não se usam mais.

Ex: love (forma básica), lovest (2ª pessoa singular do presente do indicativo ativo — obsoleta), loves ou loveth (3ª pessoa singular do presente do indicativo ativo — a segunda é obsoleta), loved (particípio passado e todas as pessoas menos a segunda singular do pretérito simples ativo), lovedst (2.ª pessoa singular do pretérito simples ativo — obsoleta) e loving (particípio presente e gerúndio).[carece de fontes?]

Não há formas passivas sintéticas, mas apenas três modos: indicativo, imperativo e subjuntivo, este raramente usado.[carece de fontes?]

Influência da língua francesa

Influências no vocabulário inglês

Devido à afluência das palavras de origem francesa a partir da invasão normanda em 1066, há em inglês pares de palavras usadas em contextos específicos e que correspondem a uma só nas línguas faladas em áreas próximas da Inglaterra. Notadamente, há, em inglês, uma palavra para designar o animal vivo (normalmente de origem anglo-saxã) e uma para a carne dele (normalmente, de origem francesa). Exemplo: ox (do anglo-saxão oxa), para designar o boi, e beef (do francês boef ou buef), para a carne de boi. Um outro exemplo é para festa de casamento e a instituição. A festa tem o nome de wedding, enquanto a instituição, marriage, que vem do francês marriage.[carece de fontes?]

Outros exemplos de palavras de origem francesa:

  • résumé — curriculum vitae
  • royal — referente à realeza
  • hors d'oeuvres — aperitivos
  • arrive — do francês ariver, chegar
  • sublime — do francês sublime
  • challenge — do antigo francês chalengier, desafiar
  • toilet — do francês toilette, banheiro
  • fiancé/fiancée — noivo/noiva
  • language — do antigo francês langage
  • café — o estabelecimento, não a bebida

Ver também

Notas

Referências

Bibliografia

Ligações externas

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