Homossexualidade e budismo

Em geral, o Budismo não aprofunda-se na questão da sexualidade.[1][2] O Budismo, em particular, vê o ato sexual promíscuo ou "prejudicial" (independente de sua orientação), como um empecilho para a iluminação.[3] O Budismo considera toda relação sexual, heterossexual ou homossexual, como uma distração desnecessária. O Budismo Zen (popularmente conhecido como "Budismo Japonês")[4] vê com naturalidade a homossexualidade - tal naturalidade chegou a surpreender visitantes ocidentais, como jesuítas.[5] Budistas Zen foram, de acordo com historiadores[6], os primeiros a racionalizar o ato homossexual, recorrente em templos Zen na época.[7] Kitamura Kigin, importante especialista budista (Zen) do século XVII, chegou a afirmar que o Buda histórico via a relação homossexual como favorável, se comparada ao sexo heterossexual.[8][9][10] Entretanto, algumas vertentes tardias do budismo consideraram a homossexualidade como uma forma de má conduta, enquanto a heterossexualidade foi aceita entre os leigos.[11][12][13][14]

Crenças budistas

Muitas leis morais budistas surgem de contos tradicionais e lendas, e isso inclui o caso da visão budista quanto às pessoas LGBT. Por exemplo, as regras monásticas que proíbem o clero do sexo variante em algumas seitas são derivadas de interpretações do épico Mahavagga: na seção Pandakavathu dessa obra, contos sobre "pandaka" (pessoas de gênero ou sexo variante) são citados. Em uma das mais famosas, um Pandaka aborda um grupo de monges e, em seguida, um grupo de novatos, e finalmente caçadores de elefantes, pedindo a todos esses que "corrompessem" ela/ele. Embora tivesse sido rejeitado(a) e fosse expulso(a), os encontros criaram um etos de insinuação acerca dos monges, fazendo com que o Buda barrasse pandakas do clero. Subsequentemente os pandakas foram vistos de forma negativa por alguns textos.[15] Esta crítica, contudo, não se aplicava aos leigos, e existem muitas histórias budistas retratando pandakas mais positivamente. Certos textos considerem como pandakas apenas travestis e eunucos (homossexuais sendo classificados como pertencentes aos cinco tipos de "eunucos"), outros citam como pandakas qualquer pessoa compulsivamente propícia à conduta sexuais inapropriadas.(incluindo-se aí homossexuais e heterossexuais).[16][14][17]

Estátua de Kuan noMonte Koya, Japão

Segundo alguns acadêmicos, nas estórias não canônicas do Jataka (contos do folclore indiano, relatos sobre as vidas anteriores do Buda) as narrativas em que o Buda quase sempre possui um companheiro do sexo masculino; em alguns contos as almas dos dois amantes estavam reencarnadas como pares de animais, "em ruminação, juntos e aconchegados, muito felizes, com a cabeça, o fucinho e o chifre encostados no do outro".[11] Embora não se refiram a atividades sexuais, essas relações entre homens mostram seus lados afetivos e amorosos, e contrastam com as diversas narrativas sobre casamentos infelizes e dificultosos com uma esposa de má gênio. Entretanto outros estudiosos apontam as estorias do Jakata como refentes ao amor entre irmãos, não entre amantes.[11][18]

Budistas influentes como Vasubandhu e Asanga postularam pandakas como iludidos e não capazes de seguir os preceitos monásticos ou leigos ou integrar a comunidade eficazmente. Asanga entretanto considera-os capazes de seguir os ensinamentos budistas e buscar a iluminação, mas frente a natureza de sua aflição,eles devem buscar fazê-lo longe da comunidade budista monástica e leiga (sangha). Shantideva e Àsvaghosa também citaram a homossexualidade como má conduta sexual. Shantideva embasou-se em citações do Sutra Saddharma-smrtyupasthana. De forma semelhante, textos budistas como o Sutra do lótus estabelecem que os budistas devem evitar contato com os sexualmente divergentes.[16][19][20][18][14][17]

No tradicional Budismo Therevada da Tailândia, diz-se que a homossexualidade é "consequência cármica de violar proibições budistas contra a má conduta heterossexual em uma encarnação anterior".[21] Os budistas tailandêses também acreditam que o discípulo Ananda teria reencarnado várias vezes como mulher, e que, em alguma de suas vidas pretéritas, foi um ser transgênero.[11] Numa das histórias sobre uma de suas vidas anteriores, Ananda teria sido um solitário iogue que era apaixonado por uma Naga, serpente-rei do folclore indiano, que, transformando-se num belo rapaz, teve relações sexuais com ele, que teve de terminar o contato para não se desviar dos assuntos espirituais.[11]

Citando os comentarios de Asanga e Vasubandhu, budistas tibetanos historicamente influentes como Gampopa,Longchempa e Je Tsongkhapa também consideraram homossexualidade como má conduta sexual. O que também é apoiado por mestres budistas como o atual Dalai Lama.[22][20]

A grande maioria dos ensinamentos do budismo Mahayana estabelecem que a iluminação é possivel a qualquer individuo que seguir os ensinamentos budistas corretamente. Mesmo em uma única vida.[23][24]

De acordo com uma crença popular do Japão, o relacionamento entre homens e garotos teria sido introduzido nos mosteiros do país por Kukai, fundador da seita (Shingon), grupo do budismo esotérico japonês. Historiadores entretanto, consideram a lenda como historicamente inacurada e tardia, pois Kukai era entusiástico seguidor dos preceitos monásticos. O monge Tendai Genshin foi um dos poucos criticos da homossexualidade prevalente na sociedade japonesa.[25][26]

Alguns Bodisatvas mudam de sexo em diferentes encarnaçoes. Alguns associam essas mudanças à homossexualidade ou transgenerismo. Kuan Yin (Kannon),[27] Avalokitesvara,[28] e Tara mudam de sexos em algumas tradições budistas.[28]

Ver também

Referências

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