Estação Ferroviária de Coimbra-B

estação ferroviária em Portugal
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A estação ferroviária de Coimbra–B, originalmente denominada apenas de Coimbra, e popularmente chamada estação velha, é uma gare da Linha do Norte e do Ramal da Lousã, localizada na cidade e no município de Coimbra, em Portugal. A construção de uma gare ferroviária na Linha do Norte que servisse a cidade de Coimbra foi considerada prioritária durante o planeamento da linha,[4] tendo sido inaugurada em 10 de Abril de 1864.[5] É uma das duas estações principais na cidade, sendo a outra a estação de Coimbra ou Coimbra–A, situada no centro urbano.[6] O ramal entre estas duas estações entrou ao serviço em 18 de Outubro de 1885.[7]

Coimbra-B
Estação Ferroviária de Coimbra-B
a estação de Coimbra-B, em 2017
Identificação:36004 COB (Coimbra-B)[1]
Denominação:Estação de Coimbra-B
Administração:Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3]
Classificação:E (estação)[1]
Tipologia:A [3]
Linha(s):
Linha do Norte(PK 217+294)
Ramal da Lousã(PK 0+000)
Altitude:20 m (a.n.m)
Coordenadas:40°13′30.74″N × 8°26′26.51″W

(=+40.22521;−8.4407)

Mapa

(mais mapas: 40° 13′ 30,74″ N, 8° 26′ 26,51″ O; IGeoE)
Município:border link=CoimbraCoimbra
Serviços:
Estação anteriorComboios de Portugal Comboios de PortugalEstação seguinte
Pombal
Lis-Apolónia
 AP Aveiro
P-Campanhã
Lis-Oriente
Lis-Apolónia
  Aveiro
Braga
Lis-Oriente
Faro
  Aveiro
P-Campanhã
Alfarelos
Lis-Apolónia
 IC Terminal
  Pampilhosa
P-Campanhã
Guimarães
Braga
Pombal
Lis-Apolónia
  Mealhada
P-Campanhã
Braga
  Aveiro
P-Campanhã
Guimarães
Valença
Alfarelos
Cald.Rainha
 IR Terminal
Alfarelos
Figueira Foz
  Pampilhosa
Valença
Coimbra
terminal
 R Adémia
Aveiro
P-Campanhã
Alfarelos
Cald.Rainha
  Terminal
Bencanta
Alfarelos
Entroncam.to
  Coimbra
terminal
Alfarelos
Lis-Apolónia
  Pampilhosa
P-Campanhã
Bencanta
Figueira Foz
 UC Coimbra
terminal

Conexões:
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
2T 5 5F 5T 14 19 19A 19R 19T 20 20T 22 22F 25 25T 27 27F 28 28F 29 30 30A 30F 30T 35 36 36F 36T 39 50 50M 50S 50T 51
Ligação ao metro
Ligação ao metro
MM
Serviço de táxis
Serviço de táxis
CBR
Equipamentos:Bilheteiras e/ou máquinas de venda de bilhetes Posto de perdidos e achados Informações - Gabinete de Apoio ao Cliente Sala de espera Caixas de correio Telefones públicos Caixas Multibanco Acesso para pessoas de mobilidade reduzida Parque de estacionamento Lavabos adaptados Lavabos Aluguer de automóveis Bar ou cafetaria
Inauguração:3 de agosto de 1864 (há 159 anos)
Website:
 Nota: Este artigo é sobre a estação na Linha do Norte. Para a estação central de Coimbra, no Ramal da Lousã, veja Estação Ferroviária de Coimbra.
Alfa Pendular em Coimbra–B, em 2012.
Gare de Coimbra–B, em 2013.

Descrição

Gare de Coimbra–B, em 2013.
Sala de espera, em 2017.
Pormenor da estação, em 2013.

Localização e acessos

Situa-se junto à Rua do Padrão, na freguesia de Eiras, concelho de Coimbra.[8]

A cidade de Coimbra é um dos principais centros urbanos servidos pela Linha do Norte, sendo um dos três pólos de comboios suburbanos naquele eixo.[9]

Infraestrutura

Esta interface apresenta seis vias de circulação, identificadas como I, II, III, IV, V, VII, e VIII, com comprimentos entre 196 e 374 m de extensão e acessíveis por plataformas com comprimentos entre 145 e 295 m de comprimento e alturas entre 40 e 95 cm; existem ainda quatro vias secundárias, identificadas como VI, G1, G2, e G3, com comprimentos de 130 a 428 m; destas últimas, a G1 e a G3 estão também eletrificadas.[3]

Serviços

Esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de todas as suas tipologias (suburbano, regional, inter-regional, intercidades, e pendular), sendo ponto de paragem de todas as 342 circulações diárias que a frequentam.[carece de fontes?]

História

Ver artigo principal: História da Linha do Norte

Antecedentes

Na década de 1840, o governo de Costa Cabral iniciou o primeiro impulso para o desenvolvimento dos transportes em Portugal, tendo uma empresa britânica apresentado, em 1845, várias propostas para linhas férreas em Portugal, incluindo uma de Alhandra ao Porto, passando por Coimbra.[10]

Planeamento e inauguração

Posteriormente reiniciou-se o planeamento dos caminhos de ferro em território nacional, tendo-se novamente dado primazia às linhas que ligassem a capital ao Porto e à fronteira com Espanha.[11] No caso da Linha do Norte, que deveria ligar as duas principais cidades no país, Coimbra foi considerada como um ponto intermédio essencial, devido à sua importante posição como um centro económico, judiciário e administrativo, tendo o traçado da linha sido alterado de forma a melhor servir a cidade.[11]

Horário das Linhas do Norte e Leste em 1876, incluindo a estação de Coimbra.

Esta interface entrou ao serviço no dia 10 de Abril de 1864, com a denominação de Coimbra, como parte do lanço da Linha do Norte entre Estarreja e Taveiro.[12][5]

Após a inauguração, começaram a ser realizados serviços mistos, ligando Coimbra a Vila Nova de Gaia e Taveiro.[12]

Planeamento e construção do Ramal de Coimbra

Inicialmente, a Linha da Beira Alta foi planeada de forma a iniciar-se na estação de Coimbra, tendo os primeiros estudos, por Boaventura Vieira, feito a via férrea seguir pelo vale de Coselhas, passar a Portela de Santo António num túnel e depois continuar na direcção de Santa Comba Dão.[11] Posteriormente, o engenheiro Francisco Maria de Sousa Brandão elaborou um novo traçado, que fazia a linha sair em reversão da estação de Coimbra, e seguir depois para Miranda do Corvo.[11] Embora desta forma a construção da linha fosse mais dispendiosa, iria melhorar as ligações entre Coimbra e a Beira Alta, reforçando a sua importância como um centro regional.[11] Assim, uma lei de 26 de Janeiro de 1876 confirmou o início da Linha da Beira Alta na estação de Coimbra, mas devido a vários problemas com este traçado, o ponto de entroncamento com a Linha do Norte foi modificado para a Pampilhosa por uma lei de 23 de Março de 1878.[5] Em compensação, a empresa responsável pela construção daquela via férrea, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta, deveria instalar um ramal desde a Estação Velha até ao centro da cidade.[5]

No entanto, em 1882, esta obra ainda não tinha sido iniciada, devido a conflitos entre a Companhia da Beira Alta e o estado português.[5] Desta forma, os direitos para a construção e gestão do Ramal de Coimbra foram passados para a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses em 1883,[11] que o inaugurou no dia 18 de Outubro de 1885.[5][13]

Horário da Linha do Norte em 1933.

Décadas de 1920 e 1930

Durante a preparação do novo plano da rede ferroviária, em 1927, foi proposta a adaptação do Ramal da Lousã para bitola estreita, e a alteração do seu traçado até Coimbra–B, de forma a eliminar a sua passagem pelas ruas da cidade até à estação central.[11] Em Coimbra–B seria construída uma gare de via estreita, que serviria não só os comboios do Ramal da Lousã, mas também para as planeadas linhas de Penacova, até Santa Comba Dão, e de Cantanhede, até Aveiro, aproveitando o Ramal de Aveiro-Mar.[11] No Plano Geral da Rede Ferroviária, introduzido pelo Decreto 18:190, de 28 de Março de 1930, foram classificados os projectos para as duas linhas, mais a futura linha até Arganil pela Lousã.[14][15] No entanto, estes planos foram cancelados devido à crise dos caminhos de ferro em Portugal.[11]

Em 1934, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses realizou obras de ampliação na estação de Coimbra–B.[16]

Década de 1960

O troço entre Pombal e Coimbra–B foi adaptado à tracção eléctrica em Outubro de 1963, no âmbito de um programa de electrificação da Linha do Norte.[17] Em 17 de Outubro, o Conselho de Administração da C. P. autorizou que os comboios rebocados por locomotivas a vapor fossem substituídos por automotoras eléctricas, no lanço entre o Entroncamento e Coimbra.[18] O lanço seguinte da Linha do Norte, até à Pampilhosa, foi electrificado em 20 de Março de 1964.[18]

Comboio de mercadorias passando em Coimbra–B em 1993.

Em 7 de Dezembro de 1967, foram oficialmente terminadas as obras de instalação dos novos equipamentos de sinalização entre Coimbra e Pampilhosa, permitindo desta forma a circulação dos comboios com bloco automático até Aveiro.[18]

Década de 1980

Na década de 1980, a empresa Caminhos de Ferro Portugueses iniciou um programa para a modernização dos sistemas de sinalização e controlo de tráfego na Linha do Norte, tendo em 1989 sido lançado o primeiro concurso para a remodelação do bloco automático entre as estações de Coimbra B e Pampilhosa.[19]

Século XXI

Automotora suburbana em Coimbra–B em 2003.

Segundo o Directório da Rede 2012, publicado pela Rede Ferroviária Nacional em 6 de Janeiro de 2011, a estação de Coimbra B contava com cinco vias de circulação, com comprimentos entre os 400 e 240 m; as plataformas tinham 223 a 297 m de extensão e 45 a 95 cm de altura[20] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[3] Em 2020, previa-se a nova alteração desta configuração.[3]

Em Dezembro de 2011, o Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários criticou as obras que então estavam em curso nesta estação, nomeadamente as alterações na passagem desnivelada na zona Sul.[21]

Mural na plataforma, em 2013.

Em 18 de janeiro de 2023 é apresentado publicamente o Plano de Pormenor da Estação de Coimbra B, que vai ser "objeto de uma intervenção de profunda requalificação, no sentido de melhorar a qualidade dos serviços oferecidos e de reforçar a sua centralidade" num processo que contará com o envolvimento do arquiteto catalão Joan Busquets i Grau.[22] Coimbra vai passar, então, a dispor dos serviços de alta velocidade diretamente da Estação de Coimbra B, uma decisão tomada no âmbito dos estudos realizados pela I.P. para a construção da nova Linha de Alta Velocidade entre Porto e Lisboa.[necessário esclarecer][22]

Referências literárias

Ainda havia uma neblina fria e húmida em toda a região, mas logo que abandonámos a terra baixa e penetrámos nos montes e bosques, o sol começou a mostrar-se. Na estação de Coimbra luzia ele com quentes raios meridionais, e que estes também brilhavam no povo era aí bem visível. Tão grande era a agitação, tal o ruído e o comportamento das pessoas tão selvático, que mais parecia o da gente de uma cidade napolitana. Os cocheiros das carruagens caíram virtualmente sobre nós e sobre as nossas coisas. [...] Foi uma verdadeira luta para conseguirmos entrar juntos numa carruagem.
Hans Christian Andersen, Uma Visita a Portugal em 1866, p. 72
"Fomos a até a Estação Velha — o Carlos e eu, e os três que seguiam no Correio para o sul. O comboio vinha atrasado — sinal da guerra, as máquinas movidas a lenha pareciam lesmas em cima de vidro. […] Os corretores dos hotéis anunciavam já Hotel Astória, Coimbra Hotel, Bragança, um mercadorias, quase de surpresa, entrava de Alfarelos, ainda trazia a cauda na ponte. O chefe, de bandeira debaixo do braço, saíra agora mesmo do telégrafo, o Correio já partira de Souzelas, estava a dar entrada. Nós cosidos aos poucos com as linhas de uma operação de grande cirurgia, tremíamos cá por dentro. Um vago soluço que a alma transportava não se sabe para onde, coisas que ficam para sempre a pairar na natureza, e que de vez a vez são trovoada. E tudo aquilo fora uma trovoada. O comboio da Lousã, encostado mesmo ali na plataforma em que iríamos embarcar de novo para a Babaouo, deitava vapor, aos esguichos, buffbuffbuff, de enevoar o pessoal; criava nuvens, que víamos passar longe, no destino dos que vão para a Lousã.
Houve mais conversa. Foram palavras de plataforma, iguais a todas as conversas de boa viagem, de já tens o bilhete, não percas tempo, de chegar atrasado, de escrever logo que a vida esteja arrumada. […]
O comboio com uma luz no focinho entrava na estação. Trazia a puxá-lo, uma máquina 500, com apito bem característico, lenha empilhada, e vendas de cada lado do bojo."
Ruben A., O Mundo à minha Procura (1964)

Ver também

Comboios em Coimbra
(Serviços ferroviários pesados suburbanos e
regionais de passageiros, na região de Coimbra)

em operação • extinto em 2010
ext. anunc. 2020 • extinto em 2009


  
(ã) Lobazes  Moinhos (ã)
(ã) Miranda do Corvo  Trémoa (ã)
(ã) Padrão  Vale de Açor (ã)
(ã) Meiral  Ceira (ã)
(ã) Lousã-A  Conraria (ã)
(ã) Lousã  Carvalhosas (ã)
(ã) Prilhão-Casais  S. José (Calhabé) (ã)
(ã) Serpins  Coimbra-Parque (ã)
(ã) Coimbra  
  
(ã)(n) Coimbra-B  
(n) Souselas  
(f)(n) Pampilhosa  Bencanta (n)
(f) Mala  Espadaneira (n)
(f) Silvã-Feiteira  Casais (n)
(f) Enxofães  Taveiro (n)
(f) Murtede  V. Pouca Campo (n)
(f) Cordinhã  Ameal (n)
(f) Cantanhede  Pereira (n)
(f) Limede-Cadima  Formoselha
(f) Casal  Alfarelos (a)(n)
(f) Arazede  Montemor (a)
(f) Bebedouro  Marujal (a)
(f) Liceia  Verride (a)
(f) Santana-Ferreira  Reveles (a)
(f) Costeira  Bif. de Lares (a)(o)
(f) Alhadas  Lares (o)
(f) Carvalhal  Fontela (o)
(f) Maiorca  Fontela-A (o)
  Figueira da Foz (f)(o)

Referências

Acesso do lado nascente, em 2009.

Bibliografia

  • ANDERSEN, Hans Christian (1984). Uma Visita a Portugal em 1866 2.ª ed. Lisboa: Instituto da Cultura e Língua Portuguesa. 134 páginas 
  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público — Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 

Leitura recomendada

  • ANTUNES, J. A. Aranha; et al. (2010). 1910–2010: o caminho de ferro em Portugal. Lisboa: CP — Comboios de Portugal e REFER — Rede Ferroviária Nacional. 233 páginas. ISBN 978-989-97035-0-6 
  • CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN 989-95182-0-4 
  • VILLAS-BOAS, Alfredo Vieira Peixoto de (2010) [1905]. Caminhos de Ferro Portuguezes. Lisboa e Valladollid: Livraria Clássica Editora e Editorial Maxtor. 583 páginas. ISBN 8497618556 
  • QUEIRÓS, Amílcar (1976). Os Primeiros Caminhos de Ferro de Portugal: As Linhas Férreas do Leste e do Norte. Coimbra: Coimbra Editora. 45 páginas 
  • SALGUEIRO, Ângela (2008). A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1859–1891. Lisboa: Univ. Nova de Lisboa. 145 páginas 
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Ligações externas