Conflito no Cuzistão

O conflito no Cuzistão ou separatismo árabe no Cuzistão [1] refere-se à disputa étnica na província iraniana do Cuzistão entre árabes da parte ocidental do Cuzistão e o governo iraniano. O governo iraniano nega discriminação étnica e conflito no país. [1]

Conflito no Cuzistão

Mapa do Irã com o Cuzistão em destaque
Data1922–presente
LocalCuzistão, Irã
Desfecho
  • Várias revoltas suprimidas
  • Repressão política da resistência civil no Irã
Beligerantes
Irã Estado Imperial do Irã
Irã República Islâmica do Irã
Xerifado de Mohammerah

Organização Politica e Cultural Árabe
Frente Democrática Revolucionária para a Libertação do Arabistão
Frente Popular para a Libertação do Arabistão
Frente Árabe para a Libertação de Al-Ahwaz


manifestantes árabes iranianos
Comandantes
Irã Reza Shah Pahlavi

Irã Taqi Riahi

Irã Admiral Madani
Khaz'al al-Ka'bi
Oan Ali Mohammed

Cenário

O Cuzistão é habitado por muitos grupos étnicos diferentes, [2] sua população consiste de bakhtiaris, árabes iranianos, qashqais, persas nativos e armênios. [2]

Minorities at Risk (MAR), um projeto de investigação universitária, afirma em seu website que os árabes do Cuzistão sofrem discriminação racial. [3] A maioria dos árabes do Cuzistão são muçulmanos xiitas. [3] Tanto árabes urbanos como os rurais do Cuzistão estão miscigenados com os persas, turcos e lurs que também vivem na província e, muitas vezes casam com eles. [3] No entanto, os árabes do Cuzistão se consideram um grupo étnico distinto e continuam enfrentando discriminação. [3]

História

Rebelião do Xeique Khazal

O Cuzistão tem sido uma província problemática do Irã desde a ascensão do domínio de Pahlavi em 1920. Nas duas décadas antes de 1924, embora nominalmente parte do território persa, a parte ocidental de Cuzistão atuava como um emirado autônomo conhecido como "Arabistão". A parte oriental do Cuzistão era governada por khans bakhtiari, pois essa parte era habitada principalmente pelo povo bakhtiari. Com o crescente poder de Reza Pahlavi e suas atitudes cada vez mais negativas sobre as autonomias tribais no Irã, as tensões com o xeique Khazal de Mohammera cresceram de 1922 a 1924. As tentativas de retirar mais impostos e reduzir a autoridade de Khazal esquentaram ainda mais. Em resposta Khaz'al al-Ka'bi iniciou uma rebelião. A curta rebelião por xeique Khazal, chegando ao clímax em novembro de 1924, foi rapidamente esmagada pela recém-instalada dinastia Pahlavi com baixas mínimas. O emirado foi dissolvido pelo governo Reza Shah em 1925, junto com outras regiões autônomas da Pérsia, em uma tentativa de centralizar o Estado. Um conflito de baixo nível entre o governo central iraniano e os separatistas árabes da parte ocidental da província prosseguiu desde então.

Novos distúrbios (décadas de 1920-1940)

Os motins eclodiram logo em 1925, depois em 1928 e 1940. [4] O nome Cuzistão veio a ser aplicado novamente para todo o território de 1936. [5] Em agosto de 1941, Reza Khan, que tinha sido próximo aos nazistas, foi substituído por seu filho Muhammad. [4] Novas revoltas no Cuzistão sob nova liderança iraniana ocorreram em 1943 e 1945 e foram reprimidas com sangue. [4]

Após a Segunda Guerra Mundial

Em 1946, o partido Al Saada foi fundado em Muhammar e exigia a independência do Cuzistão. [4] O exército iraniano se aproveitou de seus conflitos com o Partido Comunista, Toudeh, para cometer massacres. [4] Mais tarde, no Arabistão, partidos autonomistas novos ou independentes surgiram: a "Frente de Libertação do Arabistão" em 1956; a "Frente Nacional para a Libertação do Arabistão" e o "Golfo Árabe", em 1960; em 1967, a "Frente de Libertação do Arabistão" tornou-se a "Frente de Libertação Al Ahwaz". [4] Uma insurgência árabe esporádica no Cuzistão continuou até os anos 1950, mas reduziu no final da década do domínio Pahlavi (anos 1970).

Revolta de 1979

Com a mudança de regime, a revolta no Cuzistão em 1979 tornou-se uma das insurreições de âmbito nacional, que eclodiu na sequência da Revolução Iraniana. Os distúrbios foram alimentados por exigências de autonomia. [6] A revolta foi efetivamente reprimida pelas forças de segurança iranianas, resultando em mais de uma centena de pessoas de ambos os lados mortas. [6] O cerco a embaixada iraniana de 1980, em Londres, foi iniciado por um grupo separatista árabe como uma resposta as consequências da repressão iraniana no Cuzistão depois do levante de 1979. Inicialmente, verificou-se que os terroristas queriam autonomia para o Cuzistão; depois, exigiram a libertação de 91 de seus companheiros detidos em prisões iranianas. [7]

Agitação civil (2005 – presente)

Em 2005, distúrbios em grande escala eclodiram em Ahvaz e nas cidades circundantes. [8][9] Os distúrbios eclodiram em 15 de abril de 2005 e duraram quatro dias. Inicialmente, o Ministério do Interior iraniano afirmou que apenas uma pessoa havia sido morta, porém um funcionário em um hospital em Ahvaz relatou entre 15 e 20 vítimas mortais. [8] Por conseguinte, uma série de atentados ocorreram em Ahvaz e outras cidades do Irã, onde grupos separatistas árabes sunitas do Cuzistão foram responsabilizados.

Os protestos no Cuzistão de 2011, conhecidos entre os manifestantes como o Dia da Fúria de Ahvaz, irromperam em 15 de abril de 2011 no Cuzistão iraniano, para marcar o aniversário dos distúrbios em Ahvaz de 2005 e como uma resposta à Primavera Árabe regional. Os protestos duraram quatro dias e resultaram entre 12 a 15 manifestantes mortos e muitos feridos e presos. Um agente de segurança foi morto, bem como, outro ficou ferido. [10] A repressão à oposição política árabe na área prosseguiu com prisões e execuções. [11] Quatro homens de Ahvaz foram executados no Irã em junho de 2012, em relação aos distúrbios de 2011.[12] A repressão sobre a oposição árabe sunita foi condenada pela Human Rights Watch, [13] pela Amnesty, [12] e outros.

Direitos humanos

Embora a todos do Cuzistão sejam concedidos "respeito total" na constituição iraniana, na prática e através da exclusão social, sofrem discriminação. Os árabes enfrentam restrições pelo uso e ensino da língua árabe. [1] Enquanto o regime moderado de Khatami havia posto em prática algumas políticas reparadoras para a população árabe, estas foram removidas sob Ahmadinejad. [1] Na sequência dos protestos em massa em 2005 e 2006, os árabes têm enfrentado políticas repressivas geralmente colocadas sobre toda a população. [1]

Referências