Cintas-largas

povo indígena
 Nota: Se procura pela língua da família linguística mondé, falada pelos cintas-largas, veja Língua cinta-larga.

Os cintas-largas são um povo indígena, assim chamado pelos primeiros invasores dos seus territórios, por ostentarem uma espécie de cinturão, feito de entrecasca de uma árvore - o tauari. Este nome foi posteriormente adotado pela Fundação Nacional do Índio.

Cintas-larga
(Cinta larga)
População total

1.954

Regiões com população significativa
 Brasil (MT/RO)1.954Siasi/Sesai, 2014[1]
Línguas
português
cinta-larga
Religiões

Em 2003, a população cinta-larga estimada era de 1 290 pessoas, segundo dados da Administração Regional da Fundação Nacional do Índio em Cacoal, em Rondônia. Em 2010, esse número teria passado para 1 567, segundo a Fundação Nacional de Saúde. A população distribui-se por, aproximadamente, 33 aldeamentos, a maioria deles localizados nas Terras Indígenas Serra Morena (quatro aldeias),[2] Aripuanã (nove aldeias),[3] Parque Aripuanã (sete aldeias) e Roosevelt (cinco aldeias). Essas terras, situadas no leste de Rondônia e no noroeste de Mato Grosso, constituem o Parque Indígena Aripuanã, cuja superfície total, demarcada de forma contínua, é de 2 732 567 hectares. Essas terras são tradicionalmente ocupadas pelos cinta-largas.[4]

O mito de criação cinta-larga conta como Gorá criou todos os seres das diferentes tribos. Os animais teriam sido criados a partir de seres humanos.[5]

Definição

Embora a denominação cinta-larga seja usada para designar um conjunto de grupos indígenas caçadores, habitantes das terras que se estendem do leste de Rondônia ao noroeste do Mato Grosso, trata-se, na verdade, de grupos distintos que se autodenominam Kabã, Kakin e e que têm língua e cultura semelhante.[6] Antes do contato com a Fundação Nacional do Índio, esses grupos ocupavam territórios exclusivos. Os kabã não têm subdivisões; os kakin têm algumas subdivisões e os mam ou têm várias subdivisões (Dal Poz, 1991).

Falam uma língua do tronco tupi, da família conhecida como Tupi-Mondé, a qual compartilham, com pequenas variações, com seus vizinhos gaviões, suruís-paíteres e zorós. Assim como esses povos, os grupos cinta-larga tinham na caça a sua principal atividade de subsistência, combinada com uma pequena agricultura - de tubérculos (cará, mandioca e inhame) e milho –, atividade claramente depreciada frente àquela da caça.

O território ocupado pelos cintas-largas até o final dos anos 1950 compreendia as bacias dos rios Roosevelt, a oeste; Juruena, a leste; Rio Branco, afluente da margem esquerda do Rio Negro e Guariba, afluente do Aripuanã, ao norte, até o paralelo dez e os rios Iquê, 12 de Outubro, afluente esquerdo do alto Camararé e Juína, afluente esquerdo do Juruena, ao sul. Esse território limitava-se, ao sul e a oeste, com as terras dos enauenê-nawê e dos nambiquara; a leste, com os erikbatsa e, ao norte, com os suruís e os zorós. Em tempos passados, os grupos cintas-largas viviam em guerra permanente com esses outros povos, por disputas territoriais ou por vinganças de mortes anteriores.

Massacre do Paralelo 11

Ver artigo principal: Massacre do Paralelo 11

Nos anos 1960, os cintas-largas, assim como vários outros grupos indígenas, foram vítimas da abertura da fronteira agrícola e das políticas de incentivo à exploração dos recursos naturais, que visavam principalmente a ocupação da região Norte do país. Nessa época, esses povos eram tidos como empecilhos ao desenvolvimento, o que motivou o extermínio de comunidades indígenas inteiras. Após o Massacre do Paralelo 11 (1963), como ficou conhecida a destruição de aldeias cinta-largas em Mato Grosso, a mando do seringalista Antonio Junqueira, o estado brasileiro foi, pela primeira vez, denunciado internacionalmente por genocídio.[5][7][8]

Referências

Bibliografia

  • Dal Poz, João. Dádivas e dívidas na Amazônia: parentesco, economia e ritual nos Cinta-Larga. Tese de doutorado. Campinas: UNICAMP, 2004.

Ligações externas