Charles Drew

Charles Richard Drew (3 de junho de 1904 - 1 de abril de 1950) foi um médico, cirurgião e pesquisador afro-americano. Trabalhou em pesquisas na área de transfusões sanguíneas, desenvolvendo melhores técnicas de armazenamento de sangue, e aplicou seus conhecimentos especializados no desenvolvimento de grande escala de bancos de sangue no início da Segunda Guerra Mundial, o que permitiu que médicos salvassem milhares de vidas aliadas.[1] Ele protestou contra a segregação racial na doação de sangue por doadores de diferentes raças, uma vez que faltava fundamento científico e demitiu-se de seu cargo na Cruz Vermelha Americana, que manteve a segregação na doação até 1950.[2] Em 1943, obteve distinção na sua profissão quando se tornou o primeiro cirurgião afro-americano a servir como um examinador na Câmara Americana de Cirurgia.

Charles Drew
Charles Drew
Nome completoCharles Richard Drew
Conhecido(a) pordesenvolver técnicas que melhoraram o estoque de sangue e expandiu os bancos de sangue na Segunda Guerra Mundial
Nascimento3 de junho de 1904
Washington, D.C., Estados Unidos
Morte1 de abril de 1950 (45 anos)
Burlington, Carolina do Norte
NacionalidadeEstadunidense
PrémiosMedalha Spingarn (1944), National Inventors Hall of Fame (2015)
Orientador(es)(as)John Beattie
InstituiçõesFreedman's Hospital
Morgan State University
Montreal General Hospital
Howard University
Campo(s)Medicina
Tese1940: Banked Blood: A Study in Blood Preservation

Vida pessoal e educação

Charles nasceu em 1904, em uma família de classe média em Washington, D.C.. Seu pai, Richard, era aplicador de carpetes.[3] Sua mãe chamava-se Nora Burrell. Charles e seus irmãos cresceram no bairro de Foggy Bottom[4] and he graduated from Dunbar High School in 1922.[5] Charles formou-se no ensino médio na Dunbar High School, em 1922.[5]

Conseguindo uma bolsa de estudos em atletismo no Amherst College, em Massachusetts,[6] ele se formou em 1926,[7] tendo se destacado como um dos melhores na modalidade.[8] Foi membro da fraternidade Omega Psi Phi.[9]

Fez faculdade de medicina na McGill University, em Montreal, no Canadá, formando-se em 1933[7] como o segundo melhor aluno da classe de 127 alunos.[7] Poucos anos depois, formou-se na Universidade Columbia, obtendo o título de doutor em medicina, tornando-se o primeiro negro nos Estados Unidos a obtê-lo.[7]

Em 1941, por reconhecimento à sua excelência na profissão, ele se tornou o primeiro cirurgião negro a trabalhar na American Board of Surgery.[10] Também foi professor e chefe de cirurgia.

Plasma e o projeto britânico

No final dos anos 50, antes dos Estados Unidos entrarem na Segunda Guerra Mundial e pouco antes de receber seu doutorado, Charles foi recrutado para auxiliar e administrar um programa inicial de preservação e estocagem de sangue. Ele coletou, testou e transportou grandes quantidades de plasma sanguíneo para distribuir no Reino Unido.[11] Logo, ele se tornou diretor do projeto Blood for Britain, em Nova York, que visava auxiliar os soldados e civis britânicos com sangue doado nos Estados Unidos. Charles ficou logo conhecido pelos "sanguemóveis", que eram caminhões refrigerados para a estocagem de sangue. Isso permitiu uma maior mobilidade para o sangue doado.[12]

Charles criou um posto central para coleta de sangue para receber doadores, certificando-se de que todo o plasma fosse testado antes de ser embarcado. Apenas pessoal treinado e capacitado realizava o processo de coleta para impedir qualquer contaminação. O Blood for Britain operou, com sucesso, por cinco meses, com um total de quase 15 mil doações e mais de 5.500 bolsas de plasma sanguíneo.[11] Charles foi homenageado pela Blood Transfusion Betterment Association e parte de seu trabalho tornou-se o banco de sangue da Cruz Vermelha Americana.

Vida pessoal

Charles casou-se com Minie Nelore Robbins, professora de economia doméstica no Spelman College.[13] O casal teve três filhas e um filho.[4] Sua filha, Charlene Drew Jarvis, foi presidente da Universidade Southeastern, em Washington D.C. de 1996 a 2009.[14][15]

Morte

Ilustração de Charles Drew, por Charles Alston, na coleção dos National Archives

Em 1950, Charles dirigia junto de outros três colegas médicos. Por volta das 8 da manhã de 1º de abril, cansado por uma noite inteira na sala de cirurgia, ele perdeu o controle do carro e capotou três vezes. Seus colegas sofreram ferimentos leves, mas Charles ficou preso nas ferragens, com ferimentos graves. Quando as equipes de resgate chegaram, ele estava em choque e com sinais de vida fracos devido aos ferimentos na perna presa. Ele foi levado para um hospital em Burlington, na Carolina do Norte,[16][17] mas acabou falecendo meia hora depois de receber atenção médica. Seu funeral aconteceu em 5 de abril de 1950, em Washington D.C..

Um mito popular diz que Charles morreu por não ter recebido doação de sangue por ser negro, o que não é verdade. O mito chegou a ser mostrado na série de TV M*A*S*H, mas o mito se espalhou, pois muitos negros tiveram tratamento médico recusado na época por não haver "camas para negros" suficientes ou o único hospital próximo era de brancos apenas. Segundo um dos passageiros do veículo acidentado, John Ford, os ferimentos de Charles eram graves demais e nada poderia ser feito na época para salvá-lo. Ford ainda disse que uma transfusão de sangue poderia matá-lo mais rápido.[16][18][19]

Legado

  • Em 1981, o United States Postal Service criou um selo comemorativo, na série de Grandes Americanos, a 35¢ cada em homenagem a Charles Drew.
  • Uma ponte leva seu nome, a Charles R. Drew Memorial Bridge, no bairro de Brookland, em Washington D.C.[20]
  • A Marinha do Estados Unidos tem um navio chamado USNS Charles Drew.
  • Em 2002, Charles Drew elegeu Charles Drew como um dos 100 Grandes Afro-Americanos.[21]

Várias escolas e instituições de saúde possuem o nome de Charles Drew em sua homenagem.

Escolas de medicina e de ensino superior

Escolas de ensino infantil e fundamental

Referências

Leitura adicional

  • Love, Spencie (1996), One Blood: The Death and Resurrection of Charles R. Drew, Chapel Hill: University of North Carolina Press, (1997 reprint) ISBN 0-8078-4682-1
  • Organ, Claude H., editor (1987), A Century of Black Surgeons: The USA Experience, Transcript Press, ISBN 0-9617380-0-6. Vol. I, Asa G. Yancey, Sr., Chapter 2: The Life Of Charles R. Drew, MD
  • Schraff, Anne E. (2003), Dr. Charles Drew: Blood Bank Innovator, Enslow, ISBN 0-7660-2117-3
  • Wynes, Charles E. (1988), Charles Richard Drew: The Man and the Myth, University of Illinois Press, ISBN 0-252-01551-7
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