Cerco de Moçambique (1607)

O cerco de Moçambique de 1607 foi um confronto armado entre forças portuguesas e as da Companhia Holandesa das Índias Orientais ou VOC, que tentou conquistar a fortaleza de São Sebastião na Ilha de Moçambique. Os holandeses retiraram-se ao fim de um malogrado sítio de seis meses.

Cerco de Moçambique 1607
Guerra Luso-Holandesa

O cerco de Moçambique em 1607.
Data29 de Março de 1607 – 20 de Agosto de 1607.
LocalIlha de Moçambique, Moçambique.
DesfechoVitória Portuguesa
Beligerantes
 Portugal Companhia Holandesa das Índias Orientais
Comandantes
D. Estevão de Ataíde Paulus van Caerden
Forças
2 galeões, 1 galeota
60 soldados
60 milicianos portugueses
Número não registado de escravos.
8 vasos de guerra, 1 patacho.[1] 1060 homens.[2]
Baixas
13 mortos.[3]300 mortos.[3]

Contexto

A Ilha de Moçambique fora ocupada pelos portugueses para servir de escala essencial entre a Europa e a Ásia às naus que percorriam a rota do Cabo, e fortificaram-na no séc. XVI, tendo ali construído a poderosa fortaleza de São Sebastião. Desde o apresamento da nau Santa Catarina que Portugal, governado pela dinastia Habsburgo, encontrava-se em guerra com a República dos Países Baixos.

Os directores da VOC pretendiam conquistar a Ilha de Moçambique para cortar as ligações portuguesas entre a Europa e a Ásia.[1] A 20 de Abril de 1606 zarpou de Texel uma armada de 8 vasos de guerra (Banda, Walcheren, Bantam, Ceylon, Ter Veere, China, Patane and Zierikzee) e um patacho com 1060 homens comandados por Paulus van Caerden.[4] Alcançaram Moçambique a 29 de Março de 1607.[1]

Os holandeses já tinham tentado sitiar Moçambique em 1604.[5]

O cerco

A 30 de Março van Caerden forçou a barra de Moçambique e sofreu 100 baixas devido ao tiro da fortaleza de São Sebastião quando os seus navios passaram em frente às suas muralhas em direcção ao porto interior, mais seguro, entre a ilha e o continente.[1] Os holandeses passaram então para os seus bateis não só apresaram uma galeota portuguesa ancorada no porto interior como cortaram as amarras de dois galeões mal defendidos, que depois encalharam e foram incendiados.[1]

O bombardeamento da fortaleza começou a 1 de Abril.[1] O capitão português da fortaleza era D. Estevão de Ataíde e só dispunha de 60 soldados, 60 homens da milícia dos residentes e alguns auxiliares escravos, porém todos eles bem aclimatizados à região e veteranos das campanhas em África.[1]

Passados 18 dias, van Caerden ofereceu aos portugueses a hipótese de deporem as armas mas D. Estevão rejeitou a proposta.[1] Os portugueses desafiaram então 50 holandeses para um duelo contra 25 portugueses mas os holandeses rejeitaram isto.[1][3] Este episódio não foi registado pelos holandeses. Na noite de 29 de Abril porém, os portugueses levaram a cabo uma surtida contra os entricheiramentos holandeses e mataram 30 marinheiros mas acabaram repelidos.[3][1] A pedido dos portugueses, as tribos africanas da região forneceram víveres aos portugueses enquanto durou o cerco e recusaram-se a oferecê-los aos holendeses.[1] Não obstante, os portugueses padeceram de sede devido ao grande número de pessoas que procuraram refúgio na fortaleza.[2]

Ao fim de dois meses, van Caerden incendiou a cidade portuguesa que ficava contígua à fortaleza e, a 29 de Maio fez-se à vela para as ilhas Comoros para obter víveres; ao passarem diante da fortaleza para saírem do porto interior e saírem para o mar alto sofreram novas baixas devido à artilharia dos portugueses.[1]

A 22 de Junho chegaram três naus de Portugal comandadas por D. Jerónimo Coutinho. A 4 de Agosto van Caerden regressou a Moçambique mas manteve-se ao largo à espera de apresar algum navio português que passasse.[1] Partiu a 20 de Agosto.[1]

Rescaldo

D. Jerónimo Coutinho levantou âncora para Goa pouco depois de terem os holandeses partido.[1] O cerco de Moçambique de 1607 provou a viabilidade de resistir a ataques de poderosas armadas holandeses com guarnições muito limitadas instaladas nas fortalezas.[1]

Os holandeses tentariam conquistar a fortaleza de Moçambique em 1608 e 1662.

Ver também

Referências