Catecismo na Língua Brasílica

catecismo em língua tupi e a mais extensa obra de que se tem conhecimento nesse idioma

O Catecismo na língua brasílica, no qual se contém a suma da doutrina cristã, publicado em 1618 por Antônio de Araújo, foi o primeiro dos catecismos publicados em tupi antigo e é, também, o mais longo texto de que se tem conhecimento nessa língua.[1]:104 Ele orientou, por quase dois séculos, os missionários na obra de evangelização no Brasil Colônia.[2]:6 Foi uma adaptação do catecismo publicado em 1602 pelos jesuítas Marcos Jorge e Inácio Martins. Além disso, sabe-se que José de Anchieta, já em 1595, tinha o desejo de publicar uma doutrina cristã.[3]:2

Catecismo na língua brasílica
Catecismo na Língua Brasílica
Frontispício da primeira edição
Autor(es)Antônio de Araújo
"padres doutos e bons línguas da Companhia de Jesus"
Idiomaportuguês e tupi antigo
Assuntocristianismo
Gênerocatecismo
EditorPedro Craesbeeck (primeira edição)
Miguel Deslandes (segunda edição)
Lançamento1618 (primeira edição)
1686 (segunda edição)
1898 (fac-símile da segunda edição)
1952 (fac-símile da primeira edição)
Páginas394 (primeira edição)
416 (segunda edição)

A obra é quase toda escrita em tupi antigo, por meio de diálogos e exortações. Apenas no livro VII é que se verifica predominância de outra língua, a latina.[2]:7 Em 1686, recebeu uma segunda edição feita pelo padre jesuíta Bartolomeu de Leão,[3]:3 o qual atualizou sua ortografia, bem como a língua em si, que já havia sido um pouco alterada por influência do português. Bartolomeu de Leão também fez algumas outras modificações.[2]:6

O Catecismo na língua brasílica está longe de ser um trabalho de autoria intelectual única, sendo uma obra de caráter coletivo consolidada, enfim, por Antônio de Araújo.[4]:11 São de sua autoria o Confessionário, com a Tabuada de nomes de parentesco, o Ritual e os Novíssimos (livros VI, VII, VIII e IX), além das exortações. Também escreveu o Prólogo, as Advertências para a pronunciação e o Catálogo de todos os dias santos de guarda, e de jejum.[2](10–11)

Já o padre Cristóvão Valente foi o responsável pelas Cantigas na língua, para os meninos da Santa Doutrina. Quanto à autoria do restante do livro, Serafim Leite cita pelo menos sete nomes: Azpilcueta Navarro, Pero Correia, Leonardo do Vale, José de Anchieta, Luís da Grã, Antônio de Araújo e Bartolomeu de Leão.[2](10–11)

Amostra de texto

O texto a seguir diz respeito ao dia 25 de dezembro no Catálogo de todos os dias santos de guarda, e de jejum.[3](24–25) [5]

Fac-símile de 1952 da primeira edição
Tupi antigoTradução literal por Eduardo Navarro
Onhemoarûábo mba'eîare'yma îabé,Fazendo-se humilde como um pobre,
ybyrá itá monhangymbyra kupépe,atrás de uma cerca feita de pedras,
so'o mimbaba roka ogûar gupabamo.tomou a casa dos animais de criação como sua pousada.
Semi'uru rupápe i xy i nongi.Sua mãe o pôs no lugar onde estava a manjedoura deles.
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Ver também

Referências

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