Mover Participações

Mover Participações ou Mover (previamente Grupo Camargo Corrêa)[2][3] é um conglomerado de capital fechado, administrado pela holding Mover Participações, de capital fechado e controle familiar,[1] com sede na cidade de São Paulo, que tem atuação em setores fundamentais da economia: engenharia e construção, cimento, concessões de transporte e mobilidade urbana, indústria naval e offshore e incorporação imobiliária.[1][nota 1][nota 2]

Mover Participações
Razão socialMover Participações S/A
Nome(s) anterior(es)Camargo Corrêa S/A (CCSA)
Empresa de capital fechado
Atividade
Fundação27 de março de 1939 (85 anos)
Fundador(es)
SedeSão Paulo, SP, Brasil
PresidenteWilson Nelio Brumer
Empregados65.000 (2013)
Produtos
  • Cimento
  • Obras de engenharia civil
Subsidiárias
LucroAumento R$ 7 526 milhões (2013)[1]
LAJIRAumento R$ 1 970 milhões (2013)[1]
FaturamentoAumento R$ 25 821 milhões (2013)[1]
Website oficialmoverpar.com.br

O atual Presidente do Conselho de Administração é Wilson Brumer.[4][5]

História

O início do grupo foi em 27 de março de 1939 na cidade de São Paulo, capital do estado de mesmo nome, com a fundação de uma construtora, cuja razão social era Camargo, Corrêa & Companhia Limitada – Engenheiros e Construtores.

Os sócios fundadores foram Sebastião Camargo, Sylvio Brand Corrêa e Mauro Marcondes Calasans. A sede era na rua Xavier de Toledo, centro da capital paulista e o investimento inicial aplicado foi de 200 contos de réis.[6]

Ao longo da sua trajetória, o grupo se diversificou em várias áreas de negócios, incluindo obras de infraestrutura no Brasil e no exterior: A empresa cresceu no ramo de engenharia e construção, principalmente entre 1968 e 1973, período conhecido como do "milagre econômico brasileiro", tornando-se um grupo diversificado.[carece de fontes?]

Barragem de Campos Novos

O grupo também participou do consórcio (Engevix Engenharia e GE-Andritz Hydro & Inepar do Brasil[7][8] responsável pela construção da Barragem de Campos Novos, em Santa Catarina que desmoronou em junho de 2006[9][10] causando extensos danos a região, tanto ambientalmente quanto para os moradores. O prejuízo foi estimado em aproximadamente 1 bilhão.[11]

Investigações da Operação Castelo de Areia

Ver artigo principal: Operação Castelo de Areia

Em março de 2009, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Castelo de Areia, que investigou indícios de crimes financeiros praticados pela construtora.[12][13]

As investigações da PF apontaram para doações ilegais a sete partidos: PSDB, PSD, PSB, PDT, DEM, PP e o PMDB do Pará.[14][15] O DEM, PPS e PSDB negaram ter recebido doações ilegais da construtora.

Em 1 de dezembro de 2009 o Ministério Público Federal (MPF) indiciou Fernando Botelho, vice-presidente da empresa e mais dois diretores do grupo por crime de corrupção, fraude, falsidade ideológica, sonegação, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.[16]

Em janeiro de 2010, a justiça autorizou a PF a abrir 19 inquéritos para apurar atos de corrupção ativa e passiva envolvendo o grupo, órgãos, agentes públicos e obras, dentre as quais o Rodoanel Mário Covas e a Linha 4 do Metrô de São Paulo.[17]

Em 5 de abril de 2011, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que as escutas telefônicas e apreensão de documentos não tinham validade legal, pois foram autorizadas com base em uma única denúncia anônima,[18][19] sem investigação preliminar ou indício de irregularidades, o que afrontava a garantia dos direitos individuais estabelecidos na Constituição Federal. Esta decisão na prática encerrou os atos jurídicos decorrentes da operação.

2013

Em 2013, atuava em 20 estados brasileiros e em 22 países, encerrando o ano com 65 mil funcionários.[1] Suas áreas de atuação naquele ano eram: engenharia e construção, incorporação, naval, cimento, vestuário e calçados, concessões de transporte e energia e outros (menos que 1% da receita) como o de agropecuária.[1][nota 1][nota 2]

Com a morte em 20 de abril de 2013, da viúva de Sebastião Camargo, Dirce Navarro de Camargo, que estava no controle do grupo, este passou a ser controlado pelas filhas do casal, Renata de Camargo Nascimento, Regina Camargo Pires Oliveira Dias e Rosana Camargo de Arruda Botelho, representadas pelos maridos de Renata e Regina, respectivamente Luiz Roberto Ortiz Nascimento e Carlos Pires Oliveira Dias. O marido de Rosana, Fernando de Arruda Botelho, faleceu em 13 de abril de 2012 em um acidente aéreo na cidade de Itirapina, interior do estado de São Paulo.[20] Ele já havia ocupado o cargo de vice-presidente do grupo e se afastou do cargo, indicando o americano Albrecht Curt Reuter-Domenech no seu lugar.

Investigações da Operação Lava Jato

Ver artigo principal: Operação Lava Jato

A construtora Camargo Correa também se tornou alvo da Operação Lava Jato da PF, que apura um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo a estatal Petrobras.[21] Deflagrada em 17 de março de 2014, a operação desmontou um esquema que, segundo as autoridades policiais, movimentou mais de 10 bilhões de reais (podendo passar de R$20 bi, de acordo com a força-tarefa do MPF). Em novembro de 2014, durante a 7ª fase da operação, batizada de Juízo Final, a 13ª vara da Justiça Federal de Curitiba emitiu uma série de mandados de prisão temporária e preventiva, busca e apreensão e de condução coercitiva de pessoas investigadas. Foi expedido um mandado de prisão preventiva para Eduardo Hermelino Leite, diretor vice presidente da Camargo Correa. A justiça ainda expediu um mandado de prisão temporária de cinco dias para João Ricardo Auler, presidente do conselho de administração da Construções e Comércio Camargo Correa e Dalton dos Santos Avancini, diretor presidente da Camargo Corrêa Construções e Participações. Ainda foi realizada uma condução coercitiva para Edmundo Trujillo, Diretor do Consórcio Nacional Camargo Correa.[22]

Desempenho financeiro

Evolução da receita líquida do grupo
Receita líquida (em R$ milhões)
20072008200920102011201220132014201520162017
10 48413 16716 18317 93717 30423 37225 82126 00021 5009 00010 400

Em 2013, os principais negócios do Grupo - cimentos, engenharia e construção, concessões de energia e vestuário/calçados - representaram 79% da receita líquida. O setor de cimentos foi o de melhor desempenho, representando 29,1%.[nota 1][nota 2]

Participação na receita líquida do Grupo em 2013 de cada um desses principais negócios:[1]

NegócioParticipação
Cimento29,1%
Engª e construção22,8%
Concess.de energia[nota 2]13,8%
Vest. e calçados[nota 1]13,3%

Áreas de atuação

Cimento

A InterCement estava em 2013 entre os dez maiores produtores mundiais do setor, com quarenta unidades de produção em oito países, na América do Sul, Europa e África, sendo a unidade de negócio com maior participação na receita líquida do grupo.

A capacidade instalada naquele ano era de 46 milhões de toneladas/ano, comercializando, além de cimento, concreto e argamassas especiais. Seus mercados, além do Brasil, estavam também na Argentina, Portugal, Moçambique, Cabo Verde, Paraguai, África do Sul e Egito. Os principais mercados, além do Brasil, cuja participação em 2013 era de quase 20% (marcas Cauê e Cimpor), com 16 unidades de produção, estavam na Argentina, com participação de 46% (marca Loma Negra) e nove fábricas, no Paraguai, segundo maior produtor do país, com 30% de participação (marca Yguazú Cementos) e Portugal, onde encerrou aquele ano com 55% de participação (marca Cimpor), contando com cinco unidades de produção.

Em 2013, a InterCement comercializou 28,4 milhões de toneladas de cimento, 19% a mais que em 2012, resultando em receita líquida de R$ 7,526 bilhões, evolução de 7,6%.[1]

Concessões de transportes

A Camargo Corrêa Investimentos Infraestrutura participa do bloco de controle da CCR, o maior grupo privado de operação de infraestrutura de transporte na América Latina na área de rodovias, de transportes, como o Aeroporto de Juan Santamaria, em San José, na Costa Rica, de Quito e Curaçao. No final de 2012, a CCR administrava 2.438 quilômetros de rodovias nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. A empresa também é a operadora da Linha Quatro do Metrô de São Paulo, que transportou 170 milhões de passageiros em 2012. A CCR tem 11.019 funcionários.[1]

Engenharia e construção civil

Nesse setor, o grupo é líder na construção de hidrelétricas com projetos na América do Sul e África. No Brasil, a companhia foi contratada para as obras de construção das hidrelétricas de Jirau, Belo Monte, Ituango e Batalha. Também participa da construção de linhas de metrô. refinarias, pontes, sistemas de abastecimento de água. Essa área emprega 25.134 pessoas.[1]

Incorporação

A Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI)[23] atua na incorporação de imóveis residenciais e comerciais e também no segmento da classe média emergente com a subsidiária HM Engenharia.[1]

Duas empresas são destaque nessa área de atuação do grupo. O Estaleiro Atlântico Sul localizado no município de Ipojuca, no estado de Pernambuco, que hoje é a maior empresa de construção naval do hemisfério sul; e da Quip, especializada em implantar projetos de plataformas de petróleo offshore.[1]

Participações acionárias

Antigas áreas de atuação

  • Serviços financeiros — Em 1997, o grupo vendeu o controle do Banco Geral do Comércio para o Santander.
  • Siderurgia, gestão ambiental e aeroportuário — Em 2011, o grupo vendeu suas participações nos setores de siderurgia, gestão ambiental e aeroportuário.[24]
  • Vestuário, calçados e têxtil — Em 23 de novembro de 2015 o grupo vendeu o controle da Alpargatas, dona de marcas como Havaianas, Osklen, Mizuno, Timberland e Dupé para a J&F Investimentos, dona da companhia de alimentos JBS, por 2,667 bilhões de reais, o que representa o preço de R$ 12,85 por ação.[25] Em 24 de outubro de 2018 o grupo vendeu o controle da Santista Têxtil para mexicana Siete Leguas.[26]
  • Concessões de energia — Em 2017, o grupo vendeu sua participação na CPFL Energia para a chinesa State Grid Corporation.[27]

Notas

Referências