Bene Israel
Os Bene Israel ("Filhos de Israel" em hebreu) são um grupo de judeus originários da região de Bombaim[2] cuja linguagem nativa é uma variação do marata.[3] Como sua ocupação tradicional era a prensagem de sementes oleaginosas e porque eles mantinham estritamente o Shabat judaico ao não trabalharem aos sábados, os Marathis não-judeus os chamavam de Shanivar Teli, que significa "prensadores de óleo de sábado".[4][5][6]
Bene Israel बेने इस्राएल בני ישראל | ||||||
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Alunas de hebreu numa escola para meninas do Bene Israel c. 1913; sentado no meio é a educadora judia-indiana Rebecca Reuben Nowgaokar (d) | ||||||
População total | ||||||
c. 85 000 | ||||||
Regiões com população significativa | ||||||
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Línguas | ||||||
hebraico, marata, inglês | ||||||
Religiões | ||||||
Judaísmo | ||||||
Etnia | ||||||
Semitas |
Até o século XVIII, quase todos habitavam uma área costeira de Concão[7] ao sul de Bombaim.[8] Na segunda metade do século XVIII, alguns migraram para Bombaim, onde inauguraram sua primeira sinagoga em 1796.[7][9][10]
Na segunda metade do século XX, após a independência da Índia em 1947 e de Israel em 1948, a maior parte dos Bene Israel migrou para Israel. No final do século XX eles e os seus descendentes eram mais que 50.000 pessoas em Israel, e cerca de 5.000 permaneceram na Índia.[4][11]
História
A sua história antes do século XVIII é obscura, e estimativas da data de sua origem variam do século VIII aEC ao século VI EC.[12] A própria tradição do Bene Israel dizia que eles vieram do norte e eram descendentes de 14 judeus, sete homens e sete mulheres, que sobreviveram a um naufrágio.[4][6][13][14] Eles podem ser descendentes de prisioneiros de guerra judeus do século VI que foram trazidos para a Índia como escravos em uma galera romana.[2]
Os Bene-Israel perderam algumas de suas tradições judaicas e o conhecimento do hebraico, mas ainda mantiveram a oração central, a Shemá, e práticas judaicas como a circuncisão, algumas leis básicas dietéticas e a observação do Shabat.[2] Mais tarde na sua história, eles entraram em contato com os judeus de Cochim,[15] que lhes ensinaram mais sobre o judaísmo, e adotaram práticas judaicas sefarditas padrão,[16][17][18] embora eles também fossem culturalmente indianos.[5][19]
O primeiro referência ao Bene Israel pode ser circa 1200 por Maimônides,[4] que escreveu que "os judeus de Índia não sabem nada da Torá, e das leis nada exceto o Shabat e a circuncisão."[20]
J. A. Sartorius, um missionário cristão dinamarquês na Índia, escreveu numa carta em 1738 que tinha ouvido falar que havia judeus em Concão que não tinham a Bíblia nem sabiam hebraico e cuja única oração era o Shemá.[20]
A primeira menção registrada do Bene Israel pelos judeus de Cochin foi em 1768, quando o comerciante Cochini Ezekiel Rahabi escreveu aos judeus em Amsterdã que alguns Cochinis haviam viajado para Conção para educar o Bene Israel nos detalhes da prática judaica, e que alguns Bene Israel viajaram para Cochin e foram treinados para ensinar sobre o Judaísmo aos Bene Israel.[13]
Comida e ritual
Kashrut
Eles expandiram a proibição kosher de consumir leite e carne na mesma refeição para incluir a mistura de leite e peixe.[21][22]
Com carne abatida de maneira kosher nem sempre disponível na Índia, às vezes era seguida uma dieta predominantemente vegetariana.[23][24]
Malida
Um ritual de ação de graças único, não encontrado em outras comunidades judaicas,[16][23] é a cerimônia malida que é realizada em Tu Bishvat (o Novo Anno para árvores em judaismo) e nos principais eventos do ciclo de vida, como os Bar Mitzvás.[25] É dedicado ao profeta judeu Elias e inclui comer um prato feito com poha (arroz achatado típico de Maharashtra), coco, e frutas.[16][23]
Origem genética
Geneticamente, os Bene Israel são uma população única cujo DNA mostra uma mistura que ocorreu no segundo milênio (~19-33 gerações atrás) com alguns genes de populações indianas locais e outros que se assemelham às populações judaicas do Médio Oriente, com ambos presentes em valores significativos. Os homens contribuíram comparativamente mais com o DNA do Médio Oriente e as mulheres com mais DNA indiano, com a análise do DNA mitocondrial mostrando que a maioria das mulheres da população fundadora eram indianas.[26][27]