Dinastia Bahri

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A dinastia Bahri (em árabe: المماليك البحرية - al-Mamalik al-Bahariyya) foi uma dinastia mameluca de origem majoritariamente turca de etnia quipchaca que governou o Egito de 1250 até 1382, quando foi suplantada pela dinastia Burji, outro grupo de mamelucos. Seu nome significa "do mar", provavelmente uma referência à sua terra natal na ilha de al-Rodah, no delta do Nilo (Bahr al-Nil), nas vizinhanças do Cairo[1], com base no castelo de al-Rodah, que foi construído pelo sultão aiúbida Sale Aiube[2][3].

História

Mapa mostrando a extensão máxima do Sultanato Mameluco do Cairo sob a dinastia Bahri.

Os mamelucos fundaram um dos mais poderosos e ricos impérios de todos os tempos, que durou de 1250 até 1517. Em 1250, quando o sultão aiúbida Sale Aiube morreu, os mamelucos que ele detinha como seus escravos assassinaram seu filho e herdeiro, Turanshah, e a viúva de Sale, Shajar al-Durr, se tornou a sultana do Egito. Ela se casou com o atabegue (comandante-em-chefe) emir Aybak e abdicou, deixando como herança o sultanato para o marido, que reinou até 1257[4][5]. Os mamelucos consolidaram seu poder em dez anos e acabaram fundando a dinastia Bahri, no que foram auxiliados pelo saque de Bagdá pelos mongóis em 1258, que efetivamente destruiu o Califado Abássida. A importância do Cairo aumentou e a cidade permaneceu como capital mameluca daí por diante.

Os mamelucos eram cavaleiros poderosos, misturando práticas dos povos da estepe turcos, de onde eles se originavam, com a sofisticação tecnológica e organizacional, além da habilidade na montaria, dos árabes. Em 1260, os mamelucos derrotaram um exército mongol na Batalha de Ain Jalut, onde hoje está Israel, e eventualmente forçaram os invasores a recuar até a região do atual Iraque[6]. A derrota dos mongóis pelas mãos dos mamelucos reforçou a posição deles no Mediterrâneo meridional[7][8]. Baibars, um dos líderes da batalha, se tornou o novo sultão após o assassinato do sultão Qutuz quando ele voltava pra casa[9][10].

Em 1250, Baibars foi um dos comandantes mamelucos que defenderam Almançora na Batalha de Almançora contra os cavaleiros cruzados de Luís IX da França, que foi definitivamente derrotado, capturado e - após o pagamento de um resgate - libertado[11]. Baibars também participou da tomada do Egito. Em 1261, após ele ter se tornado sultão, ele fundou um califado abássida marionete no Cairo[12] e os mamelucos combateram os resquícios dos estados cruzados na Palestina até que, finalmente, eles capturaram Acre em 1291[13]. Muitos tártaros se mudaram para o Egito e lá foram empregados por Baibars[14][15]. Ele derrotou novamente os mongóis na Batalha de Elbistão[16] e enviou o califa abássida com apenas 250 homens numa tentativa de retomar Bagdá, sem sucesso. Em 1266, ele devastou a Armênia Cilícia e, dois anos depois, recapturou Antioquia dos cruzados[17][18]. Além disso, ele lutou contra os turcos seljúcidas[19] e os assassinos. Por fim, ele estendeu o domínio muçulmano até a Núbia[15] pela primeira vez. Baibars morreu em 1277.

O sultão Qalawun derrotou uma revolta na Síria liderada por Suncur Alascar em 1280[20][21] e também derrotou outra invasão mongol em 1281, liderada por Abaqa em Homs[22]. Depois de vencer a ameaça mongol, ele retomou Trípoli dos cruzados em 1289[23]. Seu filho, Axerafe Calil, capturou Acre, a última cidade cruzada, em 1291[24].

Os mongóis invadiram novamente em 1299[25], mas foram novamente derrotados em 1303[26] na Batalha de Shaqhab. Os sultões mamelucos então iniciaram conversas com a Horda Dourada, que se converteu ao Islã[27], e firmaram um tratado de paz com os mongóis[28] em 1322.

O sultão Anácer Maomé se casou com uma princesa mongol em 1319. As suas relações diplomáticas eram mais abrangentes que as dos sultões anteriores e incluíam os búlgaros, indianos e abissínios, além do papa, o rei de Aragão e os reis da França[29].Anácer Maomé organizou, em 1311, a restauração do canal que ligava Alexandria com o Nilo[28]. Em 1341, porém, ele morreu.

As constantes trocas de sultão que se seguiram levaram a uma grande desordem nas províncias. Enquanto isso, em 1349, o Egito e o Levante em geral sofreram as mazelas da Peste Negra, que, diz-se, arrebatou vida da maioria dos habitantes da região[30].

Em 1382, o último sultão bahri, Haji II, foi deposto e o sultanato foi tomado pelo emir circassiano Barcuque. Ele foi deposto em 1389, mas conseguiu retomar o poder em 1390, marcando o fim da dinastia Bahri e o início da dinastia Burji[31].

Organização militar

De maneira geral, as forças militares mamelucas durante o período bahri podem ser divididas da seguinte forma:

  1. Mamelucos: a base do poder político e militar, estes soldados escravos foram subdivididos entre os khassaki (comparáveis à uma guarda imperial), os mamelucos reais (que estavam diretamente sob o comando do sultão) e os mamelucos regulares (geralmente sob o comando dos emires).
  2. Al-Halqa: as forças profissionais livres, que não estavam sob o comando do sultão.
  3. Wafidiyya: eram os turcos e mongóis que migraram para o Sultanato após a invasão mongol, tipicamente recebendo doações de terras em troca de serviço militar, eram tropas tidas em grande estima.
  4. Recrutadas: primordialmente tribos beduínas, mas que também podiam ser, de acordo com a situação, turcomanas ou árabes.

Lista de sultões da dinastia Bahri

Referências

Bibliografia

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