Bacteroides
- Não confundir o gênero "Bacteríoides" com o tipo morfológico de bactérias fixadoras de N (rizóbios) chamado "bacteroide".
Bacteroides é um género de bactérias gram-negativas, com a forma de bacilo. As espécies de Bacteroides não formam esporas, são anaeróbicas, e existem espécies móveis e imóveis.[2] A composição de bases do seu ADN tem um conteúdo GC de 40-48%. Bacteroides possui esfingolípidos nas suas membranas, algo inusitado nas bactérias. Também contêm ácido meso-diaminopimélico na camada de peptidoglicano da sua parede celular.
Bacteroides | |||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||
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Espécies | |||||||||||||
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As espécies de Bacteroides são normalmente mutualistas, e constituem a parte principal da flora intestinal dos mamíferos,[3] onde desempenham um papel fundamental no processamento de moléculas complexas noutras mais simples no intestino do hóspede.[4][5][6] Nas fezes humanas foi descrita uma quantidade de 1010-1011 células por grama.[7] Embora possam utilizar açucares simples quando os têm, as principais fontes de energia para o género Bacteroides no intestino são os glicanos (polissacáridos) complexos derivados do hóspede ou de plantas.[8] Determinados estudos indicam que a dieta seguida a longo prazo está muito associado à composição da microbiota intestinal, pelo que os que comem muitas proteínas e gorduras animais têm predominantemente Bacteroides, enquanto que nos que consomem mais carboidratos predominam as Prevotella.[9]
Uma das espécies do género clinicamente mais importantes é o Bacteroides fragilis.
O Bacteroides melaninogenicus foi reclassificado recentemente e dividido em Prevotella melaninogenica e Prevotella intermedia.[10]
Patogénese
As espécies de Bacteroides também beneficiam os seus hóspedes ao impedirem que patogénicos potenciais colonizem o intestino. Algumas espécies (B. fragilis, por exemplo) são patógenos humanos oportunistas, que causam infecções na cavidade peritoneal, em casos de cirurgia gastrointestinal, e apendicite por meio da formação de abcessos, inibindo a fagocitose, e inactivando os antibióticos β-lactámicos.[11] Embora as espécies de Bacteroides sejam anaeróbicas, são aerotolerantes e assim podem sobreviver na cavidade abdominal.
Geralmente, os Bacteroides são resistentes a uma ampla gama de antibióticos β-lactámicos, aminoglicósidos, e recentemente muitas espécies adquiriam resistência à eritromicina e à tetraciclina. Este alto nível de resistência a antibióticos é uma preocupação cada vez mais acentuada, porque os Bacteroides pode converter-se num reservatório de genes resistentes para outras cepas bacterianas muito mais patogénicas.[12][13]
Aplicações microbiológicas
Foi sugerido o uso de Bacteroides como um indicador fecal alternativo aos coliformes, porque constitui uma significativa porção da povoação fecal bacteriana,[2] tem um alto grau de especificidade de hóspede, reflecte as diferenças do sistema digestivo do animal hóspede,[14] e tem um potencial de crescimento pequeno para crescer no ambiente exterior.[15] Foram utilizados os métodos da reacção em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR) para detectar a presença de vários micróbios patógenos amplificando as suas sequências de ADN específicas em amostras ambientais sem cultivar as bactérias. Um destes estudos mediu a quantidade de Bacteroides utilizando a qPCR para quantificar os marcadores genéticos de ARNr de 16S específicos do hóspede.[16] Esta técnica permite fazer quantificações de marcadores genéticos que são específicos do hóspede da bactéria e permite a detecção de contaminações recentes. Num estudo recente constatou-se que a temperatura represente um papel muito importante na quantidade de tempo que esta bactéria persiste no ambiente, e que a sua longevidade aumentava com as temperaturas frias (0-4 °C).[17]
Referências
Ver também
- Flavobacterium
- Cytophaga
- Taxonomia bacteriana