Atos de Filipe

Atos de Filipe (Acta Philippi) é um episódico e pouco ortodoxo apócrifo do Novo Testamento grego do final do século IV d.C,[1] composto de quinze acta diferentes [2] e que dão um relato dos atos milagrosos realizados pelo Apóstolo Filipe, com tons de romance literário.

Texto

Os Atos de Filipe foram melhor representados por um texto[3] descoberto em 1974 por François Bovon e Bertrand Bouvier na biblioteca do mosteiro de Xenoponto em Monte Atos, na Grécia.[4] O manuscrito data do século XIV d.C., mas a linguagem permite identificá-lo como uma cópia do original do século IV d.C.[4] Muitas das narrativas contidas nele já eram conhecidas de outras fontes e outras, desconhecidas.[5]

O autor alega que Jesus enviou um grupo de seguidores para espalhar sua mensagem: Filipe, Bartolomeu e a protagonista da segunda metade do texto, Mariamne, que é identificada como sendo irmã de Filipe e que Bovon sugeriu ser Maria Madalena.[4] Porém, após as populares especulações do documentário do Discovery Channel em "The Lost Tomb of Jesus" ("A tumba perdida de Jesus"), Bovon se distanciou destas alegações, retirando a sua afirmação já publicada[6] de que Mariamne da Tumba de Talpiot discutida no documentário seria a mesma Mariamne dos Atos através de uma carta aberta à Sociedade de Literatura Bíblica:[7]

...a Mariamne dos Atos de Filipe é parte do time apostólico com Filipe e Bartolomeu; ela ensina e batiza: Filipe, o homens, ela, as mulheres. No começo, sua fé é mais forte que a de Filipe. Este retrato de Mariamne casa muito bem com o de Maria de Magdala nos salmos maniqueístas, no Evangelho de Maria e no gnóstico Pistis Sophia. Meu interesse não é histórico e sim no nível das tradições literárias. Eu sugeri esta identificação ainda em 1984, num artigo em "Estudos do Novo Testamento"
 
François Bovon, Carta aberta à Sociedade de Literatura Bíblica[8].

O texto descoberto por Bovon também descreve uma comunidade que praticava o vegetarianismo e o celibato.[4] As mulheres desta comunidade se vestiam como homens e tinham posições de autoridade em relação a eles, servindo como padres e diáconos.[4] Eles praticavam uma forma de Eucaristia onde vegetais e água eram consumidos ao invés do pão e vinho.[9] Entre os atos menos milagrosos do grupo estão a conversão de um leopardo e de um bode falantes,[4] assim como a morte de um dragão.[10]

O manuscrito de Bovon foi publicado apenas em francês, sendo que todas as traduções anteriores (como a de James) foram baseadas em fragmentos que já eram conhecidos antes da descoberta dele.

Referências