Arquidiocese de Goa e Damão

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A Arquidiocese de Goa e Damão (em latim: Archidiœcesis Goanus et Damanensis) é uma arquidiocese da Igreja Católica na Índia. É a mais antiga diocese em atividade no Oriente, sendo suas origens vinculadas à chegada dos portugueses à Costa do Malabar. O arcebispo de Goa e Damão também utiliza o título de Primaz das Índias ou Primaz do Oriente e honorificamente recebe o título de Patriarca das Índias Orientais.

Arquidiocese de Goa e Damão
Archidiœcesis Goanus et Damanensis
Arquidiocese de Goa e Damão
Suma Sé Catedral de Santa Catarina
Localização
País Índia
TerritórioGoa, Dadrá e Nagar Aveli e Damão e Diu.
Dioceses sufragâneasDiocese de Sindhudurg
Estatísticas
População2 176 455
674 620 católicos[1]
Área4 194 km²
Paróquias172
Sacerdotes765
Informação
RitoRomano
Criação da diocese31 de janeiro de 1533 (491 anos)
Elevação a arquidiocese4 de fevereiro de 1558 (466 anos)
(unificação com
a Diocese de Damão em
1 de maio de 1928)
CatedralSé de Santa Catarina
PadroeiroSão Francisco Xavier
Governo da arquidiocese
ArcebispoFilipe Neri Ferrão
Bispo auxiliarSimião Purificação Fernandes
Vigário-geralJosé Remedios Fernandes
JurisdiçãoSé Metropolitana Primacial
Outras informações
Página oficialhttps://archgoadaman.com
dados em catholic-hierarchy.org

Seu atual arcebispo metropolita é o cardeal Filipe Neri Ferrão. A da arquidiocese é a Sé de Santa Catarina, em Goa Velha e sua co-catedral, em Damão, é o Santuário de Nossa Senhora dos Mares. Sua Basílica Menor é a Basílica do Bom Jesus, em Goa. Está sob sua jurisdição eclesiástica as Igrejas e Conventos de Goa.

Território

A arquidiocese compreende os seguintes territórios na Índia: o estado de Goa e o território da União de Dadrá e Nagar Aveli e Damão e Diu.

A sede arquiepiscopal é a cidade de Goa Velha, onde está a Sé Catedral de Santa Catarina.

O território é subdividido em 172 paróquias, servidas por 765 padres.[2]

História

Após a conquista de Goa, por Afonso de Albuquerque, em 1510, o rei Dom Manuel I de Portugal mandou construir uma capela em homenagem à Santa Catarina, consagrada padroeira da cidade, em 1518. Para o governo dos cristãos na região, mandou a Dom Duarte Nunes, O.P., bispo-titular de Laodiceia, que governou até 1527.[3] Sucedeu-lhe Dom Fernando Vaqueiro, O.F.M., que governou o lugar de 1529 a 1535.[3]

Dom João III de Portugal então encomendou a construção de uma catedral em Goa e, dessa forma, conseguiu do Papa Clemente VII a ereção da Diocese de Goa em 31 de janeiro de 1533, pela bula papal Romani Pontificis Circumspectio.[3][4] A jurisdição da nova diocese estendia-se então desde o Cabo da Boa Esperança até à China e Japão.[5] Em 3 de novembro de 1534 a ereção da diocese foi confirmada pela bula Aequum reputamus do Papa Paulo III, pois a morte de Clemente VII havia impedido a publicação da bula de ereção. A diocese era originalmente sufragânea da arquidiocese do Funchal.

A pedido de Dom Sebastião de Portugal, em 4 de fevereiro de 1557, o Papa Paulo IV separou a Diocese de Goa da Província Eclesiástica de Lisboa e elevou-a a Arquidiocese Metropolitana, tendo por sufragâneas as dioceses de Cochim e Malaca.[3][6] Com o decorrer do tempo outras dioceses foram incluídas na área Metropolitana de Goa: Macau, Funay no Japão, Cranganore e Meliapor na Índia, Nanquim e Pequim na China, Moçambique em África e ainda Damão.[7]

Por breve de 13 de dezembro de[8]1572 o Papa Gregório XIII concedeu ao arcebispo de Goa o título de Primaz do Oriente.[9] Em 1857, Goa havia ganho diversas dioceses sufragâneas no subcontinente indiano mas retinha apenas Macau e Moçambique fora da referida zona geográfica.[10]

Em 23 de janeiro de 1886, o Papa Leão XIII, por meio da constituição apostólica Humanae Salutis Auctor, investiu o Arcebispo de Goa com o título de Patriarca ad honorem das Índias Orientais.[11] No mesmo ano, a Arquidiocese de Cranganore, criada pelo breve Multa praeclare do Papa Gregório XVI em 24 de abril de 1838, foi dissolvida e o título anexado ao da Diocese de Damão, criada por meio da bula Humanae salutis do Papa Leão XIII e dissolvida em 1 de maio de 1928 com a bula Inter Apostolicam e anexada à Arquidiocese de Goa. Desde essa data, o arcebispo passou a ser chamado por Arcebispo de Goa e Damão, possuindo também as designações de Patriarca das Índias Orientais e Arcebispo Titular de Cranganore.[12]

Distribuição de goeses católicos pela Índia

Em 1940, Díli foi elevada a diocese e colocada como sufragânea de Goa ao passo que Moçambique foi no mesmo ano desmembrada da Arquidiocese Metropolitana. Em 1953 a Arquidiocese de Goa perdeu as dioceses sufragâneas de Cochim, Meliampor e Canara no seguimento da reorganização territorial eclesiástica do novo estado indiano.[12]

A 18 de dezembro de 1961, a União Indiana invadiu os territórios de Goa, Damão e Diu e no ano seguinte o Arcebispo Patriarca Dom José Vieira de Alvernaz abandonou o território.[12] Em 1965, o território de Diu foi confiado à Sociedade Missionária de São Francisco Xavier. A complexa questão da invasão da Índia Portuguesa, levou a que a Santa Sé apenas em 1975 tenha aceite a resignação do último Patriarca, colocando a Arquidiocese de Goa diretamente subordinada à Santa Sé. As dioceses de Macau e Díli foram também desmembradas da província eclesiástica e colocadas também diretamente subordinadas à Santa Sé.[12]

Pela bula "Quoniam Archdioecesi" de 30 de janeiro de 1978, o Papa Paulo VI nomeou o Rev. Bispo Raul Nicolau Gonçalves para arcebispo de Goa e Damão com o título "ad honorem" de Patriarca das Índias Orientais.[12] Pela bula "Inter Gravissimas" de 12 de dezembro de 2003, o Papa João Paulo II nomeou o Rev. Filipe Neri Ferrão como novo arcebispo de Goa e Damão concedendo-lhe igualmente "ad honorem" o título de Patriarca.[12][13] A atribuição do título de Patriarca não é obrigatória sendo uma prerrogativa do Santo Padre.

A Arquidiocese de Goa e Damão permaneceu até 25 de novembro de 2006 como apenas arquidiocese imediatamente submetida à Santa Sé, já que se tratava de um arcebispo que não era metropolita, uma vez que a arquidiocese não tinha dioceses sufragâneas desde 1 de janeiro de 1975, quando as dioceses de Macau e de Díli foram separadas dela. Em 25 de novembro de 2006, o Papa Bento XVI resolveu esta questão, com a bula Cum Christi Evangelii, ao tornar a Diocese de Sindhudurg uma sufragânea de Goa e Damão, que, juntos, formaram uma nova província eclesiástica.[14][15]

Prelados

Dom Filipe Neri do Rosário Ferrão, primeiro cardeal-arcebispo da história da Arquidiocese.
Dom José da Costa Nunes, arcebispo de Goa e Damão, depois cardeal.
Dom António Sebastião Valente, primeiro patriarca das Índias Orientais.
Dom Aleixo de Menezes, arcebispo de Goa, depois arcebispo de Braga e vice-rei de Portugal.
NomePeríodoNotas
Arcebispos
34ºFilipe Neri do Rosário Ferrão2004– atualatual arcebispo, cardeal
33ºRaul Nicolau Gonçalves19782004primeiro goês arcebispo
32ºJosé Vieira Alvernaz19531975último arcebispo do período português
31ºJosé da Costa Nunes19401953Depois cardeal
30ºTeotónio Emanuel Ribeira Vieira de Castro19291940
29ºMateus de Oliveira Xavier19091929
28ºAntónio Sebastião Valente1882-1908primeiro Patriarca das Índias Orientais
27ºAires de Ornelas e Vasconcelos1875-1880
26ºJoão Crisóstomo de Amorim Pessoa1862-1874depois arcebispo de Braga
25ºJosé Maria da Silva Torres1844-1851
24ºFrei Manuel de São Galdino, O.F.M.1812-1831
23ºFrei Manuel de Santa Catarina, O.C.D.1784-1812
22ºFrei Francisco da Assunção e Brito, O.S.A.1773-1783
21ºAntónio Taveira da Neiva Brum da Silveira1750-1773
20ºFrei Lourenço de Santa Maria e Melo, O.F.M.1741-1750Depois arcebispo-bispo de Faro
19ºFrei Eugénio de Trigueiros, O.S.A.1741Faleceu antes da posse.
18ºFrei Inácio de Santa Teresa, O.S.A.1721-1740
17ºSebastião de Andrade Pessanha1715-1721
16ºFrei Agostinho da Anunciação, O.C.1690-1713
15ºFrei Alberto de São Gonçalo da Silva, O.S.A.1686-1688
14ºManuel de Sousa Meneses1680-1684
13ºFrei António Brandão, O.C.1674-1678
12ºFrei Cristóvão da Silveira, O.S.A.1670-1673
11ºFrei Francisco dos Mártires, O.F.M.1635-1652
10ºFrei Manuel Teles de Brito, O.P.1631-1633
Frei Sebastião de São Pedro, O.S.A.1624-1629
Frei Cristóvão de Sá e Lisboa, O.S.H.1612-1622
Frei Aleixo de Meneses1595-1612Depois arcebispo de Braga e vice-rei de Portugal
Frei Mateus de Medina, O. Carm.1588-1593
Frei João Vicente da Fonseca, O.P.1583-1586
Frei Henrique de Távora e Brito, O.P.1578-1581
Gaspar Jorge de Leão Pereira1571-1576Reconduzido
Frei Jorge Temudo, O.P.1567-1571
Gaspar Jorge de Leão Pereira1558-1567
Arcebispos coadjutores
José Vieira Alvernaz1950-1953
Manuel de São Galdino, O.F.M.1804-1812
Bispos
-Simião Purificação Fernandes2024-Bispo auxiliar
-Filipe do Rosário Ferrão1993-2004Bispo auxiliar
-Raul Nicolau Gonçalves1967-1978Bispo auxiliar
-Francisco Xavier da Piedade Rebelo1963-1966Bispo auxiliar, administrador apostólico sede plena entre 1966 e 1972.
-Manuel Maria Ferreira da Silva1931-1940Bispo auxiliar, depois superior geral da Sociedade Portuguesa das Missões Católicas Ultramarinas
-António Joaquim de Medeiros1882-1884Bispo auxiliar, depois bispo de Macau
-Tomás Gomes de Almeida1879-1883Bispo auxiliar, depois bispo da Guarda
-Joaquim de Santa Rita Botelho1851 - ????Bispo de Cochim, vigário capitular e governador do arcebispado de Goa
-Pedro da Silva1688-1690Bispo de Cochim, como administrador apostólico
-Frei Miguel da Cruz Rangel, O.P.1634-1635Bispo de Cochim, como administrador apostólico
-Frei João da Rocha1630-1631bispo titular de Hierapolis, como administrador apostólico
-Domingos Torrado, O.E.S.A.1605-1612Bispo auxiliar, bispo-titular de Fisicula
-Diogo da Conceição de Araújo, O.E.S.A.1595-1597Bispo auxiliar, bispo titular de Calama
-André de Santa Maria, O.F.M.1593-1595Bispo de Cochim, como administrador apostólico
-Jorge de Santa Luzia, O.P.1559-1560Bispo de Malaca, como administrador apostólico
Frei João Afonso de Albuquerque, O.F.M.1539-1553
Francisco de Melo1533-1536Primeiro bispo de Goa, não chegou a tomar posse.
Padres e freis administradores
-António João de Ataíde1839-1844padre
-António Feliciano de Santa Rita Carvalho1837-1839vigário capitular e governador do arcebispado de Goa
-Paulo António Dias da Conceição1835-1837padre, administrador da Sé
-José Paulo da Costa Pereira de Almeida1831-1835padre, Deão da Sé
-Gonçalo Veloso1629 - 1630vigário capitular
-Frei Domingos da Trindade1612governador


Ver também

Referências

Bibliografia

Documentos pontifícios

Fontes

Ligações externas

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