Ana Dulce Félix

atleta portuguesa de fundo

Ana Dulce Ferreira Félix ComM (Azurém, Guimarães, 23 de outubro de 1982) é uma atleta portuguesa de fundo e corta-mato. Em 2012, sagrou-se campeã da Europa na disciplina de 10 000 metros, em Helsínquia.[1] No seu currículo, conta ainda com os títulos por equipas de campeã europeia de corta-mato, em Dublin 2009 e uma medalha de bronze nos Mundiais da mesma modalidade. Individualmente, ganhou a medalha de bronze e a medalha de prata nos Europeus de corta-mato, 2010 e 2011. Recordista nacional da meia-maratona, representa actualmente o Sport Lisboa e Benfica.[2]

Ana Dulce Félix
Ana Dulce Félix
Dulce Félix no Campeonato do Mundo de Atletismo em 2011.
Atletismo
Nome completoAna Dulce Félix
Modalidade10 000 metros, Maratona e corta-mato
Nascimento23 de outubro de 1982 (41 anos)
Azurém, Guimarães
NacionalidadePortugal Portugal
CompleiçãoPeso: 52kg; • Altura: 1,63 m
ClubeACR Conde (1994 - 1999)
Vizela (1999 - 2007)
SC Braga (2007 - 2011)
Maratona CP (2013 -)
SLB
Período em atividade(1994 -)
Medalhas
Campeonatos da Europa de Atletismo
OuroHelsinquia 201210000 metros
PrataAmesterdão 201610000 metros
Campeonato da Europa de Corta-Mato
PrataVelenje 2011Corta-mato
PrataBudapeste 2012Corta-mato
BronzeAlbufeira 2010Corta-mato
BronzeBelgrado 2013Corta-mato
Campeonatos Europeu de Equipas
OuroBraunschweig 2014 (FL)5000 metros
BronzeGateshead 2013 (FL)5000 metros
BronzeCheboksary 2015 (FL)5000 metros

Carreira

Ana Dulce Félix começou a treinar atletismo com 12 anos de idade, num clube da sua terra local, o ACR Conde. Só começou a levar a sério a actividade, com a transferência para o Vizela em 1999.[3] A jovem vimaranense tinha de conciliar a prática do desporto com o seu trabalho, o que acabou por prejudicar os seus desempenhos desportivos. Na altura em que se transferiu para o SC Braga, em 2007 tinha um emprego na fábrica de confecções da J. F. Almeida, em São Martinho do Conde, o que a obrigava a acordar de madrugada para treinar, trabalhar 8 horas de pé e depois voltar aos treinos ao final da tarde.[4]

Atletismo a tempo inteiro

A falta de resultados e o cansaço acumulado com o conciliar do trabalho com o atletismo levou a jovem de 24 anos a decidir-se pela prática do desporto como exclusivo. Esta profissionalização logo daria frutos nos anos que se seguiriam. O primeiro sinal desta mudança deu-se ainda no ano de 2007, com a conquista do campeonato nacional, na disciplina de 10 000 metros. No entanto, é no ano seguinte que aparecem os primeiros resultados a nível internacional, para a atleta do SC Braga. Estreia-se nos Europeus de corta-mato, em Bruxelas com o 17º lugar. Seguem-se Mundiais de corta-mato, em Edimburgo, mas desta feita com um resultado bem mais modesto, o 72º lugar.

Um ano mais tarde, estreia-se em grandes competições de pista, nos Campeonatos do Mundo de Berlim. A fundista classificou-se no 13º lugar e bateu o seu recorde pessoal, com o tempo de 31:30.90.[5] Em 2009, venceu ainda duas medalhas por equipas, prata nos Mundiais de corta-mato de Amman e ouro nos Europeus de corta-mato de Dublin. Na capital irlandesa, classificou-se em 6º lugar a nível individual, resultado que se revelou decisivo para o triunfo colectivo de Portugal.[6] Destaque ainda para as suas vitórias na São Silvestre da Amadora e de Lisboa e para o 2º lugar na décima Meia-Maratona de Lisboa, à frente da portuguesa Marisa Barros, que ficou no último lugar do pódio.[7] Em 2012, triunfa novamente no Crosse de Amora.[8] Nos campeonatos mundiais ar livre, ficou no 13º lugar na prova de 10 000 metros.[9]

Pódio nos Europeus de corta-mato

Ao serviço do seu clube, o SC Braga, conquista os títulos nacionais de corta-mato e 5 000 metros, em 2010. Nesse ano, em Albufeira, obteve a sua primeira medalha internacional como individual, nos campeonatos da Europa de corta-mato. Garantiu a medalha de bronze, com o tempo de 26,59 minutos, numa prova que foi vencida por Jéssica Augusto. Ainda assim, ficou um sabor amargo para a atleta de Guimarães, que se deixou ultrapassar perto da meta, pela turca Binnaz Uslu.[10] A participação no Europeu de Barcelona não correu tão bem, com o 9º lugar conseguido na final dos 10 000 metros (que passou a 8º lugar três anos mais tarde, com a desclassificação da vencedora da prova).[11]

O ano de 2011 traz consigo nova medalha nos Europeus de corta-mato e o 8º lugar nos 10 000 metros dos Mundiais de Daegu. Na cidade sul-coreana, melhorou em 5 lugares a prestação dos Mundiais de Berlim, classificando-se como a melhor europeia em prova. Ficou dois lugares à frente de Jéssica Augusto, com o tempo de 31.37.03, cerca de meio minuto de avanço para a sua colega de selecção.[12] Em Velenje, medalha de prata no corta-mato. A atleta portuguesa completou a prova em 26 minutos e 2 segundos, ficando a sete segundos da nova campeã da Europa de cross, Fionnuala Britton.[13] Este ano marcou ainda a mudança de equipa da fundista, que trocou o SC Braga pelo Maratona CP, depois de 4 anos a representar a equipa minhota.

Campeã da Europa e estreia olímpica

Em ano de Jogos Olímpicos, decidiu correr apenas nos 10 000 metros dos Europeus de Helsínquia, prescindindo da participação na maratona para poder preparar com toda a atenção a sua prova. A aposta provou ser proveitosa, com a conquista da medalha de ouro, na capital finlandesa. A corredora partiu confiante para a final, e aos 6 800 metros decidiu descolar do pelotão, para fugir à ponta final mais forte das suas adversárias. A partir daí, controlou completamente o ritmo da corrida, terminando muito à frente da segunda classificada. À entrada da volta final, tinha quase 9 segundos de avanço, vantagem que geriu até terminar, com o tempo de 31.44,75, 4 segundos mais rápida que a britânica Jo Pavey. Foi a terceira medalha conquistada por Portugal, nestes campeonatos europeus, depois da prata de Patrícia Mamona (triplo salto) e do bronze de Sara Moreira (5000 metros). Tornava-se assim na 6ª atleta a vencer a medalha de ouro em europeus de pista, naquele que foi o 11º título europeu para Portugal. Sucedeu, nesta lista exclusiva de campeões, a Rosa Mota (3 títulos), Manuela Machado (2 títulos), Fernanda Ribeiro, António Pinto e Francis Obikwelu (3 títulos).[14][15][16]

À partida para Londres e respectiva estreia olímpica, as expectativas da atleta eram substancialmente diferentes. A sua participação aconteceu apenas na maratona, para ter menos desgaste acumulado e poder atingir um resultado de nível superior. Os seus objectivos passavam por um lugar nas 10 primeiras, mas a realidade foi madrasta para a corredora do Maratona CP, que foi a pior classificada das três portuguesas presentes e terminou no 21º lugar, bem atrás do lugar pretendido. Apesar de triste no final da prova, lembrou que ainda tem muitas oportunidades pela frente, para melhorar o seu registo nas Olimpíadas, deixando vincada a sua ambição para os desafios futuros.[17]

Em 2015, e depois de vários resultados de qualidade, volta a Londres, onde bate o seu recorde pessoal com 2.25.15 e obtém o 8º lugar.

A 10 de julho de 2016, foi feita Comendadora da Ordem do Mérito.[18]

Palmarés

Outros títulos

Recordes pessoais

Referências

Ligações externas

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