Alma de mestre

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Uma alma de mestre é, nas tradições dos pescadores e marinheiros de Portugal, a alma de um mestre ou capitão de um navio que se perdeu em naufrágio.[1]

A crença deve-se aos pios sentidos de certas aves, por antonomásia o Hydrobates pelagicus, que os marinheiros crêem serem os lamentos das almas dos mestres e capitães e que "andam naquele fadário de pios, enquanto seu corpo não chega a terra, e não obtêm sepultura cristã."[2]

Abonações literárias

As alusões a esta ave têm alguma expressividade na literatura portuguesa, enquanto símbolo da tradição marítima e como memorial simbólico da fragilidade humana às mercê dos caprichos do mar. A título de exemplo:

- Eça de Queirós, in «Prosas Bárbaras» (1903)[3]

Influências mitológicas

Júlia Tomás, no seu «Ensaio sobre o Imaginário Marítimo dos Portugueses», propõe uma ligação entre este mito português e o mito grego, exarado nas Metamorfoses de Ovídio, de Ceix e Alcíone, um casal de apaixonados, que se viu apartado pelos desmandos do mar. Ceix, marinheiro, a pospêlo dos rogos da esposa, Alcíone, parte numa viagem marítima, que termina em tragédia, vitimando-o num naufrágio, durante uma violenta tempestade. [4]

Alcíone, cumprindo o arquétipo de saudosa esposa de marinheiro, espera-o, em vão, todos os dias junto à praia, até que certo dia dá com o seu cadáver a boiar ao capricho das ondas. Galgando sobre as águas, para alcançar o corpo do marido, Alcíone dá por si convertida em ave. Os deuses, comovidos com o infortúnio dos amantes, transformaram-na em ave marinha, bem como a Ceys, a quem restituiram a vida.[4]

Referências

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