Reino da Albânia (Cáucaso)

Estado histórico centrado no atual Azerbaijão que existiu entre os séculos II a.C. e VIII d.C.
(Redirecionado de Albânia Caucasiana)
 Nota: Não confundir com Armênios orientais.
 Nota: Este artigo é sobre a entidade política. Para o Estado dos Bálcãs, veja Reino da Albânia. Para a província, veja Albânia (província do Império Sassânida).

Albânia (em grego: Αλβανεια, em latim: Albania) ou Albânia caucasiana (em armênio/arménio: Կովկասյան Ալբանիա, em azeri: Qafqaz Albaniyası, em russo: Кавказская Албания, em persa: آلبانیای قفقاز) foi um antigo reino formado no final do século II - meados do I a.C. na Transcaucásia oriental.[1][2] Ocupava o sul da atual República do Daguestão e grande parte do Azerbaijão.[2]

Albânia

Aguanque / Aluanque • Arrã • Albânia caucasiana / Albânia do Cáucaso

Estado histórico

Séc. I a.C. — Séc. VIII 

Reino da Albânia do Cáucaso em 370

Albânia caucasiana nos séculos V-VI
ContinenteEurásia
RegiãoCáucaso
Atualmente parte de Azerbaijão
 Rússia
 Geórgia
 Armênia

Línguas oficiaisAlbanês caucasiano
Parta
Persa médio
Armênio
ReligiõesPaganismo
Cristianismo
Zoroastrismo

Forma de governoMonarquia
Rei/
• 114-138  Arrã (primeiro)

Período históricoIdade Antiga
Idade Média
• Séc. I a.C.  Fundação
• 370  Aceitação do Cristianismo
• 387  Primeira divisão da Armênia. Expansão do território albanês.
• 468  Abolição do Reino da Albânia. Início do Marzpã albanês.
• Séc. VIII  Dissolução

Denominação

O termo Albânia do Cáucaso ou Albânia caucasiana é um exônimo moderno usado para evitar confusão com a atual Albânia balcânica, que não tem conexões geográficas ou históricas conhecidas com a Albânia caucasiana. O nome "Albânia" vem do latim e significa terras brancas, aludindo às suas montanhas cobertas de neve.[3][4]

Os endônimos modernos para a área são Aguanque e Aluanque, entre o povo Udi, que se considera descendente dos habitantes da Albânia caucasiana. No entanto, seu endônimo original é desconhecido.[2][3]

Geônimos

Aluanque / Aguanque (armênio antigo: Աղուանք, translit.: Ałuankʿ; armênio moderno: Աղվանք, translit.: Aġvank') é o nome armênio para a Albânia caucasiana. Autores armênios mencionam que o nome deriva da palavra “ału” (“աղու”), que significa amável em armênio. O termo Aguanque é polissêmico e também é usado em fontes armênias para denotar a região entre os rios Cura e Araxes como parte da Armênia (Arrã).[5] No último caso, às vezes é usado na forma “Aluanque armênio” ou “Hai-Aluanque”.[6][7][8]

O historiador armênio da região, Moisés de Calancatua, que deixou o único relato histórico mais ou menos completo sobre a região, explica o nome Aguanque como uma derivação da palavra ału (armênio para doce, macio, terno), que, segundo ele, era o apelido do primeiro governador da Albânia caucasiana, Arrã, e se referia à sua personalidade indulgente.[9] Moisés de Calancatua e outras fontes antigas explicam Arrã ou Arã como o nome do lendário fundador da Albânia caucasiana (Aguã) ou mesmo da tribo iraniana conhecida como alanos (Alani), que em algumas versões era filho do filho de Noé, Jafé.[10] James Darmesteter, tradutor do Avestá, comparou Arrã com Airyanem Vaejah, que ele também considerava estar na região de Araxes-Ararate, embora as teorias modernas tendam a colocá-la no leste do Irã.[11][12]

O nome parto para a região era Ardã / Arrã (em persa médio: Arran).[13] O árabe era Arrã (ar-Rān).[13][14] Em georgiano, era conhecido como რანი (Rani). No grego antigo, era chamada de Ἀλβανία Albanía.[3] Não se sabe como eram chamados seus habitantes.[3]

História

A história da Albânia antes do século VI a.C. é desconhecida.

Albânia na época de Estrabão

Mapa do Cáucaso em 290 a.C.

Os albaneses viviam como pastores, parecidos com tribos nômades, mas sem serem selvagens, e não eram predispostos à guerra.[15] Eles não cultivavam a terra, que produzia todo tipo de fruta.[16] Os homens se distinguiam por sua beleza e tamanho, eram simples e não fraudulentos, não usavam moedas cunhadas, não sabiam contar números maiores que cem e faziam trocas por escambo.[17] Eles eram ignorantes de pesos e medidas, e não tinham muitos conhecimentos sobre guerra, governo ou agricultura.[17] Eles lutavam a pé ou a cavalo, usando armaduras leves ou pesadas, assim como os armênios.[17]

Eles podiam levantar um exército numeroso, como o exército de 60.000 de infantaria e 22.000 de cavalaria com que se opuseram a Pompeu.[18]

Na época de Estrabão (7 d.C. ou 18 d.C.), apenas um rei governava todos os albaneses, mas antes cada tribo tinha seu rei e sua língua própria; havia vinte e seis línguas diferentes.[19]

Seus principais deuses eram o Sol, Júpiter e a Lua, sendo esta o deus supremo.[20] O culto à Lua era feito com sacrifício humano.[20]

Os anciãos eram tratados com muito respeito, mas era considerado ímpio se preocupar com a morte ou mencionar o nome dos que morreram; os mortos eram enterrados com seu dinheiro.[21]

Estrabão menciona que as amazonas viviam logo ao norte da Albânia,[22] mas depois mostra-se cético com relação às histórias sobre elas.[23]

Era Meda e Aquemênida

De acordo com uma hipótese, a Albânia caucasiana foi incorporada ao império medo, já no século VII ou VI aC.[24] No entanto, geralmente acredita-se que uma crescente influência persa na região esteja relacionada com a defesa das fronteiras do norte da Pérsia, de invasores nômades. Já no império aquemênida, medidas podem ter sido tomadas para fortalecer as passagens do Cáucaso.[24][25] Em meados do século VI a.C., a Albânia foi incorporada ao império aquemênida; mais tarde foi controlada pela satrapia aquemênida da Média.[24][26] A construção de fortificações e portões dentro e ao redor de Derbente é tradicionalmente atribuída ao Império Sassânida.[25]

Referências

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