Adhemar Campos Filho
Adhemar Campos Filho (Prados, 17 de janeiro de 1926 - Prados, 19 de julho de 1997), também conhecido como Adhemarzinho, foi um regente, compositor, arranjador, musicólogo e professor brasileiro, atuante principalmente em Prados (MG). Foi autor de música sacra, música para banda e outras formações, tendo exercido várias funções na Lira Ceciliana de Prados e integrante dos primeiros projetos musicológicos mineiros, na década de 1970.[1]
Adhemar Campos Filho | |
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Nome completo | Adhemar Campos Filho |
Pseudônimo(s) | Adhemarzinho |
Nascimento | 17 de janeiro de 1926 Belo Horizonte |
Morte | 19 de julho de 1997 Prados |
Residência | Prados |
Nacionalidade | brasileira |
Ocupação | compositor, arranjador, regente, musicólogo, professor |
Principais trabalhos | BARBOSA, Elmer Corrêa (org.). O ciclo do ouro: o tempo e a música do barroco católico; catálogo de um arquivo de microfilmes; elementos para uma história da arte no Brasil; Pesquisa de Elmer C. Corrêa Barbosa; assessoria no trabalho de campo Adhemar Campos Filho, Aluízio José Viegas; Catalogação das músicas do séc. XVIII Cleofe Person de Mattos. Rio de Janeiro: PUC, FUNARTE, XEROX, 1978. |
Religião | católica |
Trajetória
Bisneto de Jose Estêvão Costa (fundador da Lira Ceciliana de Prados), neto e filho de músicos (sua mãe tocava violino e o pai tocava violoncelo), Adhemar Campos Filho aprendeu teoria musical e solfejo com seu avô, Antônio Américo da Costa. Foi autoditada em harmonia, contraponto e fuga, porém estudou orquestração com o compositor francês Fernand Jouteux, quando de sua residência em Tiradentes, entre 1948 e 1953.[1]
Adhemar Campos Filho compôs desde a juventude, assumindo várias funções na Lira Ceciliana de Prados, como professor, arranjador, instrumentista e regente, desde 1948 até o final da vida,[2] ao mesmo tempo em que exerceu as funções de professor de matemática e diretor do Ginásio São Jose de Prados.[1]
Em sua atividade como musicólogo, colaborou com diversos pesquisadores desde 1963 e integrou, na década de 1970, a equipe da pesquisa do projeto O ciclo do ouro: o tempo e a música no barroco católico (PUC-RJ), como membro da Comissão de Análise de Documentos (CAD), juntamente com Elmer Corrêa Barbosa, Aluízio José Viegas e Cleofe Person de Mattos,[3] e como editor da série Música Sacra Mineira - Séculos XVIII e XIX (hoje também conhecida como Coleção Música Sacra Mineira), para a qual reconstituiu e revisou várias obras sacras mineiras dos séculos XVIII e XIX.[4][5]
Os projetos O ciclo do ouro e Música Sacra Mineira foram os dois primeiros projetos musicológicos realizados em Minas Gerais (estimulados pelos trabalhos de Francisco Curt Lange a partir da década de 1940 e paralelos à constituição do Museu da Música de Mariana), que desencadearam uma série de pesquisas e projetos desenvolvidos nas décadas seguintes, como os projetos Acervo da Música Brasileira e Patrimônio Arquivístico-Musical Mineiro, além dos projetos de revitalização das orquestras da região do Campo das Vertentes (como a Orquestra Ribeiro Bastos, a Orquestra Lira Sanjoanense, a Sociedade Orquestra e Banda Ramalho e a própria Lira Ceciliana de Prados) e da criação de instituições de pesquisa, como a Fundação Centro de Referência Musicológica José Maria Neves (F-CEREM)[6] e o Departamento de Música (DMUSI) da Universidade Federal de São João del-Rei.[7]
Adhemar Campos Filho teve especial participação na pesquisa, edição, regência e divulgação de obras do compositor de São José del-Rei (atual Tiradentes) Manoel Dias de Oliveira (c.1735-1813).[8] Em função de sua atuação musicológica, a partir da década de 1970, passou a colaborar também com George Olivier Toni, com quem criou, em 1977, o Festival de Música de Prados, evento que dinamizou a atividade musical e a pesquisa musicológica no Campo das Vertentes, somando-se às ações musicológicas desencadeadas a partir dessa mesma década.[9]
Participou, em 1984, do I Encontro Nacional de Pesquisa em Música, no Museu da Música de Mariana e integrou a banca examinadora da defesa de doutorado de Silvio Augusto Crespo Filho, na Escola de Comunicações e Artes da USP, em 1990.
Foi professor de harmonia e prática na orquestra do Conservatório de Música Padre José Maria Xavier (São João del-Rei - MG) entre 1976 e 1977, ministrando curso de instrumentação na II Bienal Internacional de Música da USP, em 1978. Participou em Brasília, na década de 1970, do II, III e IV Encontro Nacional de Compositores e Ministrou o curso “Restauração de Música Mineira Colonial” no II Encontro Nacional de Música Sacra realizado pela CNBB em 1994.[1]
É o autor do Hino do Município de Prados e deixou uma grande quantidade de composições manuscritas para diversas formações, a maioria delas arquivadas em acervos musicais do Campo das Vertentes, atualmente em fase de catalogação, por seu filho, Adhemar Campos Neto.[10][1] Em suas composições utilizou tanto linguagens tradicionais, quanto linguagens contemporâneas, especialmente o dodecafonismo.
Dentre seus alunos, destaca-se o compositor paulista Sílvio Ferraz,[11] que a Adhemar Campos Filho dedicou o livro Música e repetição (São Paulo: EDUC/Fapesp, 1998).[12]
Outro compositor paulista, Rubens Russomanno Ricciardi, influenciado pelos ensinamentos do mestre Adhemar Campos Filho durante os festivais de Prados (sempre na segunda quinzena de julho, de 1979 a 1986), compôs a obra sinfônica Candelárias - uma abertura trágica (1995), premiada no México (2000), tendo como princípio sua filosofia poética da economia de recursos: "escrever com poucas notas, mas com grande efeito", a exemplo da escritura do Miserere, de Manuel Dias de Oliveira. Rubens Russomanno Ricciardi também dedicou a Adhemar Campos Filho sua obra sinfônica Viva Gramsci ou Cenas de Fellini (estreada no Festival de Música de Prados, em 1986).
Principais publicações
- 1974-1975: Música Sacra Mineira - Séculos XVIII e XIX.
- 1978: BARBOSA, Elmer Corrêa (org.). O ciclo do ouro: o tempo e a música do barroco católico; catálogo de um arquivo de microfilmes; elementos para uma história da arte no Brasil; Pesquisa de Elmer C. Corrêa Barbosa; assessoria no trabalho de campo Adhemar Campos Filho, Aluízio José Viegas; Catalogação das músicas do séc. XVIII Cleofe Person de Mattos. Rio de Janeiro: PUC, FUNARTE, XEROX.
Alunos
- José Leonel Gonçalves Dias[13]
- Paulo Castagna[14]
- Sílvio Ferraz de Mello Filho[11]
- Rubens Russomanno Ricciardi
Homenagens
Áudios
Ver também
Ligações externas
- «Partituras de Minas lutam contra traças e extravios (Folha online)»
- Music Score Library Project / Petrucci Music Library (IMSLP)
- Catálogo de Publicações de Música Sacra e Religiosa Brasileira
- Página oficial do projeto Acervo da música Brasileira / Restauração e Difusão de Partituras
- «Fundação Nacional das Artes (FUNARTE)»