Õ Blésq Blom

Õ Blésq Blom é o quinto álbum de estúdio da banda brasileira de rock Titãs, lançado em 16 de outubro de 1989 pela WEA.[2]

Õ Blésq Blom
Õ Blésq Blom
Álbum de estúdio de Titãs
Lançamento16 de outubro de 1989
GravaçãoJulho – setembro de 1989 na unidade móvel Nas Nuvens[1]
Gênero(s)Rock alternativo, rock eletrônico, funk rock
Duração34:50
Idioma(s)Português
Formato(s)LP e CD
Gravadora(s)WEA
ProduçãoLiminha e Titãs
Cronologia de Titãs
Go Back
(1988)
Tudo ao Mesmo Tempo Agora
(1991)
Singles de Õ Blésq Blom
  1. "Flores"
    Lançamento: 1989
  2. "Miséria"
    Lançamento: 1989
  3. "Medo"
    Lançamento: 1990
  4. "Deus e o Diabo"
    Lançamento: 1990
  5. "O Pulso"
    Lançamento: 1990

Contexto

Durante a turnê do disco anterior (Go Back), na passagem por Recife, os Titãs encontraram na Praia de Boa Viagem um casal de músicos repentistas, Mauro e Quitéria. Após ouvi-los e admirar sua performance, decidiram gravá-los lá mesmo, usando um gravador que levavam consigo. A música gravada foi usada como introdução do disco e dos shows das turnês subsequentes.[3]

Mauro era um ex-estivador do Porto do Recife e, por conta do constante contato com estrangeiros, aprendeu palavras em vários idiomas. Com a ajuda da esposa (que passou a guiá-lo a partir de 1982, quando ficou cego), ele percorria diariamente a praia cantando canções escritas em vários idiomas simultâneos - embora ele não soubesse o real significado das palavras - em troca de esmolas. Por sua participação no disco, o casal recebeu o pagamento de NCzS 6 mil (com suas apresentações na praia, costumavam faturar de NCzS 40 a NCzS 100 por dia).[4]

Planejava-se convidar os músicos para se apresentarem na turnê de divulgação do disco com a banda, mas a participação não foi possível por limitações da produção dos shows.[5] Na época da turnê, o vocalista/saxofonista Paulo Miklos e o guitarrista Marcelo Fromer anunciaram que planejavam produzir um disco de Mauro e Quitéria pela WEA.[6]

Em julho de 1989, a mãe do baixista/vocalista Nando Reis morreu, e ele iniciou as gravações abalado pela morte dela,[7] mas considerou que o trabalho foi fundamental para que ele processasse o luto.[7][3]

Durante as gravações do disco, foram visitados pelo casal Tina Weymouth e Chris Frantz, respectivamente baixista e baterista do Talking Heads.[3]

Faixas

"Miséria" foi escrita por Arnaldo Antunes, a letra era maior, Sérgio Britto e Paulo Miklos encurtaram a letra. A faixa "Faculdade" veio a Nando num sonho.[3]

Várias outras faixas além das que foram lançadas foram criadas para o disco e acabaram ficando de fora. Duas delas foram aproveitadas no disco ao vivo Acústico MTV: "Nem 5 Minutos Guardados" e "A Melhor Forma".[8] Outras seis tiveram suas versões iniciais lançadas posteriormente na coletânea E-Collection, de 2001, juntamente a outras raridades da banda. São elas: "Aqui É Legal", "Estrelas", "Eu Prefiro Correr", "Minha Namorada", "Porta Principal" e "Saber Sangrar".[9]

"Eu Não Sei Fazer Música", lançada no disco Tudo ao Mesmo Tempo Agora em 1991, também foi escrita nessa época.

Lançamento e divulgação

O álbum foi lançado no dia 16 de outubro em um show no Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Como parte da campanha de divulgação do álbum, a banda contratou o grupo de grafiteiros Tupi Não Dá para escrever o título do álbum em pontos estratégicos de São Paulo. Chamaram também Caetano Veloso para escrever o comunicado de imprensa sobre o disco;[2][3] seu filho Moreno escreveu um PS.[3]

Título e capa

O título do disco (que pode ser "traduzido" como "os primeiros homens que andaram sobre a terra"[1]) vem da letra da faixa de abertura; Nando afirma ter sido o provável responsável pela ideia de adotá-lo como nome da obra e afirma ter certeza de que sugeriu a grafia da letra "o" com til ("Õ").[3]

A capa é uma colagem do vocalista Arnaldo Antunes, que produziu cinco trabalhos e a banda votou para decidir qual deles estamparia o disco.[3]

Repercussão e legado

Em duas semanas, o álbum atingiu a marca de 100 mil cópias vendidas, recebendo por consequência o certificado de Disco de Ouro.[10] Na altura do lançamento do disco seguinte, Tudo ao Mesmo Tempo Agora, estava na marca de 226 mil cópias vendidas.[11] Segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, o álbum vendeu 230 mil cópias.[12]

Em 2007, foi eleito pela revista Rolling Stone Brasil como o 74º melhor disco da música brasileira.[13] Dois anos antes, sua capa fora eleita pela então ressuscitada revista Bizz a 100ª principal capa da história do rock.[14]

Em um artigo publicado um ano antes na mesma revista, o vocalista e tecladista Sérgio Britto considerou este álbum como um dos melhores que a banda havia feito, juntamente aos antecessores Cabeça Dinossauro e Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas. Ele disse ainda que o trabalho, "se não influenciou, ao menos antecipou toda a onda do Mangue Beat e a mistura de MPB e música nordestina com elementos de rock e programações eletrônicas."[15]

O então vocalista Paulo Miklos, em entrevista à mesma revista em 2012, disse também: "Na frente do palco da gente, estreando em Recife, estava todo mundo que seria do manguebeat, na primeira fila. [Fred] Zeroquatro [do Mundo Livre S/A] e a turma toda. Isso Chico Science quem me falou. Assim, aquele momento em que a gente pegou Mauro e Quitéria na praia e fez aquele disco foi um momento de laboratório para dar essa trombada estética que gera alguma coisa, do pop rock misturado com a música nordestina, com uma carga de brasilidade violenta e tal."[16]

Recepção da crítica

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
FonteAvaliação
Allmusic link
Jornal do Brasil [17]

Escrevendo para o Jornal do Brasil, Aponean Rodrigues chamou o disco de "correto, gostoso de ouvir e de dançar e com instantes de poesia crítica". Analisou que Cabeça Dinossauro havia sido uma "demarcação de carreira", que Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas fora a evolução desta demarcação e que Õ Blésq Blom consolidava esta evolução. Disse ainda que "seguindo por este caminho, em sua resplandescente [sic] ascenção [sic] ao olimpo do rock nacional para conquistar a coroa ou a pecha de melhor banda brasileira do gênero (...) os Titãs têm realizado um trabalho coerente e de qualidade." Ele também elogiou a produção, os vocais e as faixas, entre as quais não detectou nenhum "desnível".[17]

No mesmo jornal, algumas edições depois, os críticos Fábio Rodrigues, Tárik de Souza e Aldir Blanc também teceram elogios ao disco na coluna "O disco em questão".[18]

Faixas

Faixas de Õ Blésq Blom; créditos dados por IMMuB e Discos do Brasil[19][20]
N.ºTítuloCompositor(es)Vocais principais[20]Duração
1. "Introdução por Mauro e Quitéria"  Mauro, QuitériaMauro e Quitéria 0:44
2. "Miséria"  Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Sérgio BrittoSérgio, Paulo 4:27
3. "Racio Símio"  Arnaldo, Marcelo Fromer, Nando ReisNando 3:19
4. "O Camelo e o Dromedário"  Marcelo, Nando, Paulo, Tony BellottoPaulo 5:22
5. "Palavras"  Marcelo, SérgioSérgio 2:33
6. "Medo"  Arnaldo, Marcelo, TonyArnaldo 2:06
7. "Natureza Morta (apenas na versão de CD)"  Arnaldo, Liminha, Branco Mello, Marcelo, Paulo, SérgioArnaldo e Branco 0:19
8. "Flores"  Charles Gavin, Paulo, Sérgio, TonyBranco 3:27
9. "O Pulso"  Arnaldo, Marcelo, TonyArnaldo 2:45
10. "32 Dentes"  Branco, Marcelo, SérgioBranco 2:30
11. "Faculdade"  Arnaldo, Branco, Marcelo, Nando, PauloNando 3:13
12. "Deus e o Diabo"  Nando, Paulo, SérgioSérgio, Paulo 3:28
13. "Vinheta Final por Mauro e Quitéria"  Mauro, QuitériaMauro e Quitéria 0:35

Créditos

Conforme Discos do Brasil:[20]

Titãs
Participações especiais
Pessoal técnico
  • Coordenação de produção: Ana Tranjan
  • Arranjos: Liminha e Titãs
  • Engenharia de gravação e mixagem: Brad Gilderman e Liminha
  • Engenheiros adicionais: Mauro Bianchi e Vitor Farias
  • Assistentes de estúdio: João Carlos Fragoso, Mauro Bianchi e Milton Meier
  • Assistentes técnicos: Luiz Fernando Pereira e Ricardo Garcia
  • Coordenação gráfica e arte final: Silvia Panella
  • Capa: Arnaldo Antunes
  • Fotos: Isabel Garcia

Referências

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