Epidemia de MERS
Ferramentas
Geral
Imprimir/exportar
Epidemia de MERS | |
---|---|
Veterinário tira amostras de um dromedário durante primeiro caso relatado de MERS em Haramout, Iêmen em abril de 2014. | |
Doença | Síndrome respiratória do Oriente Médio |
Vírus | MERS-CoV |
Origem | Possivelmente morcegos e depois transmitidos para dromedários[1] |
Local | Arábia Saudita |
Período | 3 anos e 15 dias |
Local do primeiro caso | 24 de junho de 2012 Jidá, Arábia Saudita |
Início | 2012 |
Fim | 2015 |
Estatísticas globais | |
Casos confirmados | 2.506 |
Mortes | 862 |
Área afetada | Global |
Territórios afetados | 25 territórios:
|
Página Governamental (em inglês) | |
Atualizado em 23h02min, terça-feira, 19 de janeiro de 2021 (UTC) |
A epidemia de síndrome respiratória do Oriente Médio (português brasileiro) ou Médio Oriente (português europeu) ou epidemia de MERS (em inglês: MERS – Middle East respiratory syndrome) foi uma epidemia em 2012–2015 propensa a pandemia ocasionada pela síndrome respiratória do Oriente Médio, (MERS) causado pelo vírus MERS-CoV. O primeiro caso relatado foi em um paciente saudita que morreu de pneumonia severa e falha múltiplas nos órgãos em Jidá[2] em junho de 2012.[3] Em setembro de 2012, foi identificado que a doença foi causada por um novo coronavírus,[4] que foi nomeado nCoV e HCoV-EMC e mais tarde também ficou conhecido como MERS-CoV.[2]
Até 31 de janeiro de 2020, haviam 2.506 casos registrados de infectados em 25 países, com 862 mortes associadas à doença.[5] A taxa de mortalidade dos infectados é de aproximadamente 35%.[1]
Coronavírus são uma grande família de vírus que podem causar doenças que vão desde o resfriado comum até a síndrome respiratória aguda grave (SARS, em inglês).[1] Os sete coronavírus conhecidos por infectar humanos pertencem aos gêneros alfacoronavírus e betacoronavírus.
O vírus MERS-CoV foi isolado pela primeira vez em setembro de 2012, com amostras de um paciente que morreu de uma doença respiratória grave em 24 de junho de 2012,[3] em Jidá, Arábia Saudita.[6] Na época, foi inicialmente chamado de NCoV (inglês para Novel Coronavirus)[7] ou HCoV-EMC (inglês para Human Coronavirus – Erasmus Medical Center) e posteriormente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aceitou o nome proposto MERS-CoV, por ser um consenso entre um grande grupo de cientistas, apesar de a OMS preferir que os nomes de vírus não se refiram à região ou local onde o vírus foi detectado inicialmente.[8]
Assim como os vírus causadores da síndrome respiratória aguda grave (SARS) e da COVID-19 (respectivamente, SARS-CoV e SARS-CoV-2), o MERS-CoV é do gênero betacoronavírus.[6]Mais especificamente, análises mostraram que o MERS-CoV pertence a linhagem C do gênero betacoronavirus, junto com os coronavírus dos morcegos Tylonycteris HKU4 e HKU5.[9]
O MERS-CoV é um vírus zoonótico, o que significa que é um vírus transmitido entre animais e pessoas. As suas origens não são totalmente conhecidas, mas de acordo com a análise de diferentes genomas de vírus, acredita-se que possa ter se originado em morcegos e foi transmitido para dromedários (ou camelo árabe – Camelus dromedarius) em algum momento no passado distante.[6] Os dromedários infectados são na maioria assintomáticos ou apresentam sintomas muito leves e como consequência, são difíceis de serem diagnosticados.[9]
O MERS-CoV foi identificado em vários países do Oriente Médio, África e Sul da Ásia. Amostras sorológicas demonstraram que a grande maioria dos dromedários na península Arábica têm anticorpos para MERS-CoV pelo menos desde 1993, mas a fonte exata da infecção nos dromedários não foi identificada.[1]
A transmissão de dromedários para pessoas, por contato direto ou indireto, é a única fonte zoonótica confirmada para a infecção em humanos, apesar de não ser claro como.[6]
O vírus não passa facilmente de pessoa para pessoa, a menos que haja contato próximo, como fornecer cuidados desprotegidos a um paciente infectado.[1]
Há registros de casos em unidades de saúde, onde a transmissão de pessoa para pessoa parece ter ocorrido, especialmente quando as práticas de prevenção e controle de infecção são inadequadas ou inapropriadas. A transmissão de humano para humano é limitada e foi identificada entre familiares, pacientes e profissionais de saúde.[1]
Embora a maioria dos casos de MERS tenha ocorrido em ambientes de saúde, até agora, nenhuma transmissão sustentada de humano para humano foi documentada em qualquer lugar do mundo.[1] Portanto, seu risco para a população mundial é considerado bastante baixo.[6]
A infecciosidade do MERS-CoV depende do período médio de incubação, que é de aproximadamente cinco dias para transmissão entre humanos, variando de dois a catorze dias para aparecimento dos primeiros sintomas. O tempo aproximado desde o início da doença até a hospitalização é de quatro dias, cinco dias até internação em unidade de tratamento intensivo (UTI) e doze dias do início da infecção até a morte.[9]
A radiografia de tórax de pacientes infectados mostram fibrose no pulmão, opacidade em vidro fosco e espessamento de pleural, mas as anormalidades podem nem sempre estar presente em indivíduos infectados com MERS-CoV. Febre, calafrios, tosse, falta de ar (com provável insuficiência respiratória hipoxêmica grave) e mialgia também são sintomas relatados em casos de MERS.[9]
Os casos mais sérios da doença ocorrem com mais frequência em pacientes com comorbidades como diabetes, insuficiência renal e imunossuprimidos. Em pacientes críticos, foram observados sintomas gastrointestinais como náuseas, vômitos ou diarreia, enquanto dano renal agudo foi relatado em aproximadamente metade desses pacientes.[9] A MERS também pode causar um quadro agudo de pneumonia, síndrome do desconforto respiratório agudo, choque séptico e falha de múltiplos órgãos resultando em morte.[6]
Casos leves são mais frequentes em entre crianças e jovens. Esses incluem febre baixa, coriza, dor de garganta, dor de cabeça e dor abdominal.[9] Pacientes sem doenças subjacentes também podem ser infectados, apesar de a maioria desenvolver sintomas leves ou assintomáticos.[6]
Atualmente, não existem vacinas ou tratamento disponíveis para a MERS, no entanto, há diversos tratamentos e vacinas em desenvolvimento.[1][9][10][11][12]
A terapia depende das funções clínicas do paciente[1] e pode requerer suporte respiratório e circulatório, preservação da função renal hepática, prevenção de infecções secundárias.[9]
Como há suspeitas de dromedários serem fonte de transmissão de MERS-CoV para humanos, particularmente na Península Arábica, as autoridades de saúde recomendam práticas gerais de higiene, incluindo lavar as mãos regularmente antes e depois de tocar nos animais e se abster de contato direto com dromedários.[1]
A OMS indica que carne de camelo e leite de camelo são produtos nutritivos que podem continuar a ser consumidos após pasteurização, cozimento ou outros tratamentos térmicos, pois o consumo de produtos de origem animal crus ou mal cozidos acarretam um alto risco de infecção por uma variedade de organismos que podem causar doenças em humanos.[1][13]
Em novembro de 2012, o virologista egípcio Dr. Ali Mohamed Zaki enviou uma amostra de material do primeiro caso confirmado na Arábia Saudita para o virologista Ron Fouchier, um importante pesquisador de coronavírus do Erasmus Medical Center (EMC) em Rotterdam, nos Países Baixos, onde o testado, sequenciado e identificado como um novo vírus.[14] O segundo caso confirmado em laboratório foi em Londres, Reino Unido, relatado pela Agência de Proteção à Saúde (HPA) do país.[7]
Em 27 de maio de 2013, a então diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Dra. Margaret Chan, disse em Genebra, na Suíça que sua "maior preocupação neste momento é o novo coronavírus" e que "o novo coronavírus é uma ameaça para o mundo inteiro."[15]
Em 29 de maio de 2013, já haviam 49 pessoas infectadas em x países e destes, 27 tinham falecido.[16]
Em 2 de maio de 2014, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) relatou o primeiro caso da doença nos Estados Unidos, de um trabalhador da saúde que veio de viagem da Arábia Saudita.[17]
Em 19 de maio de 2014, já haviam 169 mortes relacionadas ao MERS na Arábia Saudita.[18]
Até maio de 2013, 22 dos 44 casos de infecção e 10 das 22 mortes registradas eram da Arábia Saudita e 80% eram homens.[19] Acredita-se que essa disparidade de gênero se deva ao fato de a maioria das mulheres na Arábia Saudita usar véus que cobrem a boca e o nariz, diminuindo suas chances de exposição ao vírus.[20]
Em junho de 2013, já haviam pelo menos 60 pessoas infectadas com o MERS-CoV em países da Europa, norte da África e Oriente Médio, com um total de 38 mortes. As autoridades sauditas expressaram preocupação de que milhões de muçulmanos de todo o mundo ficariam potencialmente expostos ao vírus durante o Haje, que é a peregrinação a Meca e Medina feita anualmente por devotos.[21]
Estima-se que o número básico de reprodução () do MERS-CoV seja menos que 0,7, substancialmente menor do que o valor 1,0 que é associado com potenciais epidêmicos, o que faz com que a transmissão do vírus não se sustente a não ser que sofra mutação. Em comparação, o do SARS-CoV durante a epidemia de SARS era maior que 1,[6] e o do vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19 está entre 3,3 e 5,7.[22][23]
Locais |
| ||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Globais | Pandemia de gripe (1510) • Pandemia de gripe (1557) • Segunda pandemia de peste (1348–século XIX) • Primeira pandemia de cólera (1816–1826) • Segunda pandemia de cólera (1829–1851) • Terceira pandemia de cólera (1852–1860) • Terceira pandemia de peste (1855–1960) • Quarta pandemia de cólera (1863–1879) • Quinta pandemia de cólera (1881–1896) • Gripe russa (1889–1890) • Sexta pandemia de cólera (1899–1923) • Gripe espanhola (1918–1920) • Gripe asiática (1957–1958) • Sétima pandemia de cólera (1961–1975) • Gripe de Hong Kong (1968–1970) • HIV/AIDS (1981–presente) • SARS (2002–2004) • Gripe aviária (2003–2005) • Surtos de caxumba no século XXI (2009) • Surtos de peste em Madagascar no século XXI (2008–2017) • Gripe suína (2009–2010) • MERS (2012–2015) • Chicungunha (2013–2014) • Zica (2015–2016) • COVID-19 (2019–presente) • Varíola dos macacos (2022–presente) | ||||||||||||||
Atuais | HIV/AIDS (1981–presente) • Cólera no Iêmen (2016–presente) • COVID-19 (2019–presente) • Varíola dos macacos (2022–presente) | ||||||||||||||